“Jesus vai voltar e eu não aprendo a ler”: práticas de leitura e escrita de mulheres em condição de analfabetismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: FERREIRA, Josemar Guedes
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/13077
Resumo: A presente pesquisa buscou analisar as práticas de leitura e escrita de mulheres analfabetas no contexto da escola e da igreja. A metodologia utilizada teve como fundamento teórico e prático uma abordagem de natureza qualitativa. Os sujeitos da pesquisa corresponderam a 6 (seis) mulheres alunas do Programa Brasil Alfabetizado e a professora da turma que elas frequentavam, em uma comunidade de Jaboatão dos Guararapes-PE. Como procedimentos metodológicos, realizaram-se observações de aulas e observações das práticas de leitura e escrita de três dessas mulheres no âmbito da igreja; entrevistas com as alunas sujeitos da pesquisa e com a professora; aplicação de uma atividade diagnóstica de escrita de palavras no início e no final do período de escolarização e análise de documentos (das atividades no caderno e no livro didático adotado). Os dados da pesquisa revelaram que as alunas, ao ingressarem no Programa, já tinham conhecimentos sobre a escrita e se encontravam na hipótese silábico-alfabética de acordo com a abordagem da Psicogênese da língua escrita. Além disso, observou-se que as mulheres lidavam com a leitura, muito mais que a escrita, no seu dia-a-dia, em diversos eventos de letramento. Na escola elas se depararam com atividades pedagógicas que não as ajudaram a avançar em seus conhecimentos, uma vez que a maioria delas concluiu o ano na mesma hipótese de escrita que possuíam ao ingressar no Programa. As atividades de alfabetização se baseavam no trabalho com uma palavra geradora extraída de um texto ou de uma situação de conversa e, com base nessa palavra, eram realizadas principalmente atividades de escrita no quadro pela professora de outras palavras que começavam com a mesma letra para que as alunas copiassem e a separação silábica de algumas das palavras. Assim, as atividades envolviam basicamente a memorização e cópia de palavras. Em relação à leitura de textos, ela não era realizada diariamente. Em apenas 12 (doze) aulas, das 31 (trinta e uma) observadas, houve leitura de textos, retirados, muitos deles, do livro didático que os alunos receberam. No geral, a professora lia o texto, fazia uma discussão da temática e depois trabalhava alguma palavra chave do texto. A alfabetizadora não proporcionou às alunas a leitura de textos que faziam parte de suas experiências fora da escola, no caso, na igreja, ou leitura de textos que poderiam ser interessantes para ampliar as experiências de letramento das alunas, como os literários. Atividades de produção de textos não foram vivenciadas ao longo das observações. Enfim, a análise dos dados da pesquisa apontou que as mulheres analfabetas possuíam conhecimentos de mundo, que envolviam também aqueles relacionados com o sistema de escrita e seus usos, mas ao concluírem o Programa Brasil Alfabetizado, suas expectativas de aprender a ler e escrever não foram atendidas e elas continuavam se achando analfabetas ou, no caso de duas delas, tomaram consciência desse estado. Nessa perspectiva, propostas de formação de professores que contemplem a construção de práticas de alfabetização, na Educação de Jovens e Adultos, que priorizem tanto as atividades de leitura e produção de textos, como aquelas relacionadas com a apropriação da escrita alfabética, precisam ser efetivamente desenvolvidas.
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Como procedimentos metodológicos, realizaram-se observações de aulas e observações das práticas de leitura e escrita de três dessas mulheres no âmbito da igreja; entrevistas com as alunas sujeitos da pesquisa e com a professora; aplicação de uma atividade diagnóstica de escrita de palavras no início e no final do período de escolarização e análise de documentos (das atividades no caderno e no livro didático adotado). Os dados da pesquisa revelaram que as alunas, ao ingressarem no Programa, já tinham conhecimentos sobre a escrita e se encontravam na hipótese silábico-alfabética de acordo com a abordagem da Psicogênese da língua escrita. Além disso, observou-se que as mulheres lidavam com a leitura, muito mais que a escrita, no seu dia-a-dia, em diversos eventos de letramento. Na escola elas se depararam com atividades pedagógicas que não as ajudaram a avançar em seus conhecimentos, uma vez que a maioria delas concluiu o ano na mesma hipótese de escrita que possuíam ao ingressar no Programa. As atividades de alfabetização se baseavam no trabalho com uma palavra geradora extraída de um texto ou de uma situação de conversa e, com base nessa palavra, eram realizadas principalmente atividades de escrita no quadro pela professora de outras palavras que começavam com a mesma letra para que as alunas copiassem e a separação silábica de algumas das palavras. Assim, as atividades envolviam basicamente a memorização e cópia de palavras. Em relação à leitura de textos, ela não era realizada diariamente. Em apenas 12 (doze) aulas, das 31 (trinta e uma) observadas, houve leitura de textos, retirados, muitos deles, do livro didático que os alunos receberam. 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Nessa perspectiva, propostas de formação de professores que contemplem a construção de práticas de alfabetização, na Educação de Jovens e Adultos, que priorizem tanto as atividades de leitura e produção de textos, como aquelas relacionadas com a apropriação da escrita alfabética, precisam ser efetivamente desenvolvidas.CNPqporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAlfabetizaçãoLetramentoPráticas de leitura e escritaEJA“Jesus vai voltar e eu não aprendo a ler”: práticas de leitura e escrita de mulheres em condição de analfabetismoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILDISSERTAÇÃO Josemar Guedes Ferreira.pdf.jpgDISSERTAÇÃO Josemar Guedes Ferreira.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1198https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/13077/5/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20Josemar%20Guedes%20Ferreira.pdf.jpg01efc9abdef9fd409dd149abffc495dfMD55ORIGINALDISSERTAÇÃO Josemar Guedes Ferreira.pdfDISSERTAÇÃO Josemar Guedes Ferreira.pdfapplication/pdf4696322https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/13077/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20Josemar%20Guedes%20Ferreira.pdf8e05b8e31492e8bdbd261d922944c5b6MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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