Os nós da cana: a linguagem dos riscos no cotidiano do cortador de cana em usina de açúcar de Pernambuco
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8729 |
Resumo: | Vivemos numa sociedade globalizada de risco, numa sociedade que parece pairar sobre nós uma ameaça passível de ser efetivada a qualquer instante. Considerando que nos diversos de campos de saber existem formas de falar sobre os riscos, que são específicas a certas tradições discursivas e se vinculam a determinadas maneiras de gerenciar os riscos, este trabalho se propõe abordar a questão dos riscos no corte de cana, a partir da linguagem dos riscos. A presente pesquisa se apóia em idéias construcionistas, as quais enfatizam a linguagem e o discurso na vida social, compartilhando da posição teórico-metodológica das práticas discursivas, em que a linguagem é entendida como prática social produtora de sentidos. Desse modo, nossa pesquisa tem como objetivo analisar a linguagem dos riscos no cotidiano do cortador de cana e seus efeitos de governamentalidade. Buscou-se compreender as formas de falar sobre riscos que permitem criar, manter, reproduzir e transformar certos modos de relações sociais, assim, problematizando os efeitos de governamentalidade e as formas de resistências criadas pelos cortadores de cana. Este é um trabalho de natureza qualitativa que teve como participantes nove cortadores de cana da usina. Na pesquisa, utilizamos a observação no cotidiano, registradas em diário de campo e entrevistas semi-estruturadas com os cortadores de cana. Em seguida, foi feita a análise do discurso considerando a função, a construção e a variabilidade discursivas, baseado dos estudos de Potter e Wetherrell. A partir do material, observou-se que a noção de risco para o cortador de cana é fortemente marcada e organizada pelo discurso da Saúde e da Segurança do Trabalho, que ancorados no poder-saber determinam quais as condutas saudáveis, seguras e corretas que os cortadores devem seguir. Na usina, a educação tem sido utilizada como a principal estratégia de controle e disciplinamento dos cortadores de cana na gestão dos riscos, dando ênfase à responsabilidade e à obrigação que cada indivíduo possui na conquista permanente de sua segurança e do seu bem-estar. Partindo dessa análise, consideramos que a noção de indivíduo como gestor de si pode produzir efeitos perigosos à vida do cortador de cana. Nesse contexto, o saber médico adota modelos de vida ideais e considerados corretos sem sequer considerar se aqueles indivíduos dispõem de condições ou de recursos necessários para assumir esses padrões, ou mesmo, se esses modos de viver são condizentes com a sua vida. Reconhecemos o efeito disciplinarizador e normalizador do discurso da saúde no corte de cana, e entendemos que as ações dos cortadores em não seguir às normas de segurança não podem ser consideradas teimosia ou ignorância, mas uma tentativa de afirmação da própria vida, da própria saúde |
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A presente pesquisa se apóia em idéias construcionistas, as quais enfatizam a linguagem e o discurso na vida social, compartilhando da posição teórico-metodológica das práticas discursivas, em que a linguagem é entendida como prática social produtora de sentidos. Desse modo, nossa pesquisa tem como objetivo analisar a linguagem dos riscos no cotidiano do cortador de cana e seus efeitos de governamentalidade. Buscou-se compreender as formas de falar sobre riscos que permitem criar, manter, reproduzir e transformar certos modos de relações sociais, assim, problematizando os efeitos de governamentalidade e as formas de resistências criadas pelos cortadores de cana. Este é um trabalho de natureza qualitativa que teve como participantes nove cortadores de cana da usina. Na pesquisa, utilizamos a observação no cotidiano, registradas em diário de campo e entrevistas semi-estruturadas com os cortadores de cana. Em seguida, foi feita a análise do discurso considerando a função, a construção e a variabilidade discursivas, baseado dos estudos de Potter e Wetherrell. A partir do material, observou-se que a noção de risco para o cortador de cana é fortemente marcada e organizada pelo discurso da Saúde e da Segurança do Trabalho, que ancorados no poder-saber determinam quais as condutas saudáveis, seguras e corretas que os cortadores devem seguir. Na usina, a educação tem sido utilizada como a principal estratégia de controle e disciplinamento dos cortadores de cana na gestão dos riscos, dando ênfase à responsabilidade e à obrigação que cada indivíduo possui na conquista permanente de sua segurança e do seu bem-estar. Partindo dessa análise, consideramos que a noção de indivíduo como gestor de si pode produzir efeitos perigosos à vida do cortador de cana. Nesse contexto, o saber médico adota modelos de vida ideais e considerados corretos sem sequer considerar se aqueles indivíduos dispõem de condições ou de recursos necessários para assumir esses padrões, ou mesmo, se esses modos de viver são condizentes com a sua vida. Reconhecemos o efeito disciplinarizador e normalizador do discurso da saúde no corte de cana, e entendemos que as ações dos cortadores em não seguir às normas de segurança não podem ser consideradas teimosia ou ignorância, mas uma tentativa de afirmação da própria vida, da própria saúdeporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccesslinguagem dos riscocorte de canapráticas discursivasgovernamentalidadeOs nós da cana: a linguagem dos riscos no cotidiano do cortador de cana em usina de açúcar de Pernambucoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILarquivo9647_1.pdf.jpgarquivo9647_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1411https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8729/4/arquivo9647_1.pdf.jpg3c415645fa3d9780c00cd3681ab59819MD54ORIGINALarquivo9647_1.pdfapplication/pdf3508277https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8729/1/arquivo9647_1.pdfc8323e10c2d7e1109dbb63bce6942aa8MD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8729/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo9647_1.pdf.txtarquivo9647_1.pdf.txtExtracted texttext/plain345288https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8729/3/arquivo9647_1.pdf.txte7cc1043a7c2d3e3b1b8e449ce4017fcMD53123456789/87292019-10-25 14:20:16.97oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8729Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T17:20:16Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false |
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