Direitos humanos para bandidos: representações sociais dos direitos humanos por reeducandos do sistema penitenciário do Estado de Pernambuco
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Data de Publicação: | 2016 |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18457 |
Resumo: | Investigar as representações sociais dos direitos humanos por reeducandos do sistema penitenciário do estado de Pernambuco constitui o objetivo desta pesquisa. Reflete-se sobre a representação social dos direitos humanos como “privilégio de bandidos”, disseminada por diversos segmentos da sociedade como mote de discussão para analisar como os reeducandos se posicionam na condição de sujeitos dessa representação social. Do mesmo modo, apresentam-se a concepção dos reeducandos sobre direitos humanos e a percepção deles sobre os direitos que lhes foram garantidos, negados ou violados durante o período de reclusão. Para conduzir a investigação proposta, constituiu-se um aporte teórico de caráter interdisciplinar aliando conhecimentos da psicologia, de direitos humanos e da ciência política: a teoria das representações sociais, com base em Doise (2002a), Jodelet (2005), Moscovici (2003), Santos e Almeida (2005); a concepção atual dos direitos humanos, com base em Herrera-Flores (2009) e Alves (2005); a construção social da concepção de direitos humanos na perspectiva do privilégio e a percepção de tais direitos como “direitos de bandidos” por meio de Caldeira (1991, 2000), Peralva (2000), Pinheiro (1991). A pesquisa de campo realizou-se no Patronato Penitenciário do estado de Pernambuco, responsável pelo acompanhamento jurídico e psicossocial dos reeducandos em cumprimento de pena no sistema penitenciário. Para alcançar o objetivo proposto por esta pesquisa qualitativa, adota-se uma abordagem plurimetodológica cujas técnicas de pesquisa foram as livres associações e entrevistas semiestruturadas, utilizadas para acessar a percepção e a opinião dos entrevistados sobre direitos humanos. Os resultados demonstram que os reeducandos participantes da pesquisa compreendem os direitos humanos como universais, e não como privilégios. Para eles, os direitos humanos devem ser para todas as pessoas, e se há algum privilégio, este consiste em poderem acessar os direitos humanos pela simples condição de ser humano, e não por serem exclusivamente beneficiados em detrimento de outros grupos sociais. Por outro lado, os reeducandos entrevistados defendem a relativização dos direitos humanos em situações de crimes julgados por eles como inaceitáveis, a exemplo do crime de estupro. Segundo eles, os “estupradores” merecem ser violentados e até morrer. Outra questão importante levantada pelos reeducandos é que, na opinião deles, os direitos humanos são acessados de acordo com a condição socioeconômica das pessoas. Um fato relevante verificado na pesquisa foi que os reeducandos entrevistados não identificaram defensores de direitos humanos, tampouco organizações que atuam na defesa, proteção ou promoção dos direitos humanos em unidades prisionais do estado, o que, por conseguinte, pode sugerir a fragilidade da noção dos direitos humanos como privilégio da população carcerária. Conclui-se, assim, que a representação social dos direitos humanos como “privilégio de bandido” não encontra consonância no discurso dos reeducandos, e eles, na condição de sujeitos dessa representação social, deslegitimam essa concepção não apenas por suas percepções e opiniões, mas pelo fato de presenciarem e vivenciarem graves violações de direitos humanos cometidas nas unidades prisionais. |
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SILVA, Angélica Alves dahttp://lattes.cnpq.br/5666218559377572http://lattes.cnpq.br/5180296783215797SILVA, Celma Fernanda Tavares de Almeida e2017-03-30T12:32:56Z2017-03-30T12:32:56Z2016-08-22https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18457ark:/64986/0013000011d8zInvestigar as representações sociais dos direitos humanos por reeducandos do sistema penitenciário do estado de Pernambuco constitui o objetivo desta pesquisa. Reflete-se sobre a representação social dos direitos humanos como “privilégio de bandidos”, disseminada por diversos segmentos da sociedade como mote de discussão para analisar como os reeducandos se posicionam na condição de sujeitos dessa representação social. Do mesmo modo, apresentam-se a concepção dos reeducandos sobre direitos humanos e a percepção deles sobre os direitos que lhes foram garantidos, negados ou violados durante o período de reclusão. Para conduzir a investigação proposta, constituiu-se um aporte teórico de caráter interdisciplinar aliando conhecimentos da psicologia, de direitos humanos e da ciência política: a teoria das representações sociais, com base em Doise (2002a), Jodelet (2005), Moscovici (2003), Santos e Almeida (2005); a concepção atual dos direitos humanos, com base em Herrera-Flores (2009) e Alves (2005); a construção social da concepção de direitos humanos na perspectiva do privilégio e a percepção de tais direitos como “direitos de bandidos” por meio de Caldeira (1991, 2000), Peralva (2000), Pinheiro (1991). A pesquisa de campo realizou-se no Patronato Penitenciário do estado de Pernambuco, responsável pelo acompanhamento jurídico e psicossocial dos reeducandos em cumprimento de pena no sistema penitenciário. Para alcançar o objetivo proposto por esta pesquisa qualitativa, adota-se uma abordagem plurimetodológica cujas técnicas de pesquisa foram as livres associações e entrevistas semiestruturadas, utilizadas para acessar a percepção e a opinião dos entrevistados sobre direitos humanos. Os resultados demonstram que os reeducandos participantes da pesquisa compreendem os direitos humanos como universais, e não como privilégios. Para eles, os direitos humanos devem ser para todas as pessoas, e se há algum privilégio, este consiste em poderem acessar os direitos humanos pela simples condição de ser humano, e não por serem exclusivamente beneficiados em detrimento de outros grupos sociais. Por outro lado, os reeducandos entrevistados defendem a relativização dos direitos humanos em situações de crimes julgados por eles como inaceitáveis, a exemplo do crime de estupro. Segundo eles, os “estupradores” merecem ser violentados e até morrer. Outra questão importante levantada pelos reeducandos é que, na opinião deles, os direitos humanos são acessados de acordo com a condição socioeconômica das pessoas. Um fato relevante verificado na pesquisa foi que os reeducandos entrevistados não identificaram defensores de direitos humanos, tampouco organizações que atuam na defesa, proteção ou promoção dos direitos humanos em unidades prisionais do estado, o que, por conseguinte, pode sugerir a fragilidade da noção dos direitos humanos como privilégio da população carcerária. Conclui-se, assim, que a representação social dos direitos humanos como “privilégio de bandido” não encontra consonância no discurso dos reeducandos, e eles, na condição de sujeitos dessa representação social, deslegitimam essa concepção não apenas por suas percepções e opiniões, mas pelo fato de presenciarem e vivenciarem graves violações de direitos humanos cometidas nas unidades prisionais.CAPESThis research aims to investigate the social representations of human rights by offenders of the penitentiary system of the state of Pernambuco. This investigation reflects on the social representation of human rights as an "offenders privilege" that was disseminate by different segments of society as a fashionable argument to analyse how offenders stand as part of this social representation. Similarly, the research intents to present the offender´s concept of the human rights and their perception of the rights that have been granted, denied or violated during the detention period. The research was conducted using theoretical aspects of interdisciplinary sciences such as psychology, human rights and political science: the theory of social representations, based on Moscovici (2003), Doise (2002a), Jodelet (2005 ) and Santos and Almeida (2005); the current concept of human rights, based on Herrera-Flores (2009) and Alves (2005); the social construction of the concept of human rights under the privilege of perspective and perception of such rights as "rights of offenders" through Caldeira (1991, 2000), Peralva (2000), Pinheiro (1991). The qualitative field research was carried out in the Patronage Prison of the state of Pernambuco, who are responsible for legal and psychosocial support of re-education of those serving a sentence in the penitentiary system. As a way of achieving the goal proposed by this qualitative research, a plural methodology approach was adopted, using techniques such as free associations and semi structured interviews. The proposal was to access the perception and opinion of the offenders about the Human Rights. The results show that the survey participants understand human rights as a universal principle, not a privilege. The participants believe that human rights must be for all and if there is any privilege, the human right should be accessed by the virtue of being human and not for being part of an exclusive group to the detriment of other social groups. On the other hand, the offenders defend the review of human rights in crimes judged by them as unacceptable, such as rape. According to them, "rapists" deserve to be raped and even die. Another important issue raised by the offenders, is that in their view, the human rights are accessed according to the socio-economic condition of the people. A significant event that occurred in the investigation was that the offenders were unable to identify human rights defenders and organisations working in the defence, protection and promotion of human rights in prisons. This may therefore suggest the fragility of the concept of human rights as a privilege of the prison population. It is therefore concluded that the social representation of human rights as "offenders' privileges" does not find a line in the offenders' speech. Furthermore, as individuals of this social condition, they delegitimize this view not only by their perceptions and opinions, but because of witnessing and experiencing serious human rights violations committed within the prisons.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em Direitos HumanosUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessDireitos humanosRepresentação socialSistema prisionalHuman RightsSocial representationPrison systemDireitos humanos para bandidos: representações sociais dos direitos humanos por reeducandos do sistema penitenciário do Estado de Pernambucoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesismestradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILDissertação_ANGÉLICA ALVES.pdf.jpgDissertação_ANGÉLICA ALVES.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1215https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/18457/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o_ANG%c3%89LICA%20ALVES.pdf.jpge7252b16a9ee9c2fecd3bd257c48fc6dMD55ORIGINALDissertação_ANGÉLICA ALVES.pdfDissertação_ANGÉLICA ALVES.pdfapplication/pdf3294769https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/18457/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o_ANG%c3%89LICA%20ALVES.pdffc80a696758a336bcd3ce71486b6eacaMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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