O discurso das trabalhadoras domésticas em formação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Laurentino Brito Da Cruz, Joseane
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/001300000hz3f
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7306
Resumo: O presente trabalho de caráter dissertativo tem por objetivo analisar o discurso das trabalhadoras domésticas que passaram por um processo de qualificação profissional. No Brasil, atualmente, a categoria trabalhadora doméstica apesar de já ter conquistado direitos importantes, ainda é uma categoria que apresenta um elevado grau de informalidade nas relações de trabalho estabelecidas entre empregadorempregado. Além disso, essa categoria também enfrenta uma precariedade nas condições de trabalho.(MELO, 1998). Há ainda um outro fator além desses que contribui para o agravamento dessa precarização: o fato das trabalhadoras domésticas possuírem um baixo grau de escolaridade e pouca qualificação para exercer o trabalho doméstico. Diante desse contexto, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em conjunto com a FENATRADE (Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos) e o Sindicato das Domésticas elaboraram um projeto de qualificação profissional intitulado Trabalho Doméstico Cidadão (TDC), cuja finalidade é promover formação educacional e profissional visando conscientizar essa categoria profissional acerca do valor social do seu trabalho, incentivandoos a lutar por condições mais dignas de trabalho. Estudar o discurso das trabalhadoras domésticas submetidas a essa formação numa perspectiva enunciativodiscursiva pressupõe analisálo a partir de uma construção histórica, social e discursiva, como um conjunto de enunciados que não podem ser estudados fora de sua dimensão intersubjetiva (BAKHTIN, 2000). Sendo assim, interessanos analisar como essas trabalhadoras domésticas reagem a essa palavra trazida pelo discurso de formação educativa, ou seja, como se dá a construção identitária dessas trabalhadoras enquanto classe à luz dos novos conceitos introduzidos pelo TDC. Foram aqui analisadas as entrevistas de treze trabalhadoras que passaram pelo processo de qualificação profissional. Os corpora foram descritos, analisados e interpretados à luz dos pressupostos teóricometodológicos da filosofia da linguagem postulados pelo filósofo russo Mikail Bakhtin (BAKHTIN, 1997, 2000, 2004), as teorias sociológicas a respeito da identidade (HALL, 2000; CASTELLS, 2002; BERGER & LUCKMANN, 2003; e GARCIA 2005; entre outros) o Método de Análise Lexical, textual e discursivo de Camlong (1996). À luz das relações dialógicas que constituem o todo desse grande diálogo compreendido entre os discursos enunciados e entrelaçados nas quatro temáticas, descritos e interpretados nos gráficos correspondentes, chegamos à conclusão inacabada de que as trabalhadoras domésticas encontramse em um processo de construção identitária que lhes possibilita reconhecerem a si mesmas, tanto em relação aos seus próprios valores, como em relação aos valores e o olhar do outro , o patrão, o discurso da formação, o discurso da sociedade. Como diria Bakhtin (1997a) toda a vida do eu consiste em conduzirme no universo onde vivem as palavras do outro, reagindo às palavras do outro. Essas reações, segundo Bakhtin (1997a), podem variar infinitamente, e isso pode ser observado nos discursos analisados que ora se assemelhavam ao da formação, ao do sindicato, ora se opunham entre si e reproduziam o discurso da desvalorização da trabalhadora doméstica. Podemos concluir também que a palavra do projeto de formação propôs às trabalhadoras a tarefa de compreendêla, de ressignificála, de reavaliála, de reagir a ela durante todo esse processo de qualificação. Tal processo, como ato único, nesse evento social e histórico, ainda vai gerar uma série de atos ininterruptos e contínuos que se projetam num devir, numa transformação da visão dessas trabalhadoras através desse excedente de visão a partir do qual elas vêem o outro, e aos poucos, vão se apropriando das palavras do outro e concordando e discordando do que fora dito, nesse diálogo inconcluso e ininterrupto entre elas e todo esse universo vivo de palavras que se encontram nos discursos que circulam nas estruturas sociais nas quais estão inseridas
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Há ainda um outro fator além desses que contribui para o agravamento dessa precarização: o fato das trabalhadoras domésticas possuírem um baixo grau de escolaridade e pouca qualificação para exercer o trabalho doméstico. Diante desse contexto, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em conjunto com a FENATRADE (Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos) e o Sindicato das Domésticas elaboraram um projeto de qualificação profissional intitulado Trabalho Doméstico Cidadão (TDC), cuja finalidade é promover formação educacional e profissional visando conscientizar essa categoria profissional acerca do valor social do seu trabalho, incentivandoos a lutar por condições mais dignas de trabalho. 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Os corpora foram descritos, analisados e interpretados à luz dos pressupostos teóricometodológicos da filosofia da linguagem postulados pelo filósofo russo Mikail Bakhtin (BAKHTIN, 1997, 2000, 2004), as teorias sociológicas a respeito da identidade (HALL, 2000; CASTELLS, 2002; BERGER & LUCKMANN, 2003; e GARCIA 2005; entre outros) o Método de Análise Lexical, textual e discursivo de Camlong (1996). À luz das relações dialógicas que constituem o todo desse grande diálogo compreendido entre os discursos enunciados e entrelaçados nas quatro temáticas, descritos e interpretados nos gráficos correspondentes, chegamos à conclusão inacabada de que as trabalhadoras domésticas encontramse em um processo de construção identitária que lhes possibilita reconhecerem a si mesmas, tanto em relação aos seus próprios valores, como em relação aos valores e o olhar do outro , o patrão, o discurso da formação, o discurso da sociedade. Como diria Bakhtin (1997a) toda a vida do eu consiste em conduzirme no universo onde vivem as palavras do outro, reagindo às palavras do outro. Essas reações, segundo Bakhtin (1997a), podem variar infinitamente, e isso pode ser observado nos discursos analisados que ora se assemelhavam ao da formação, ao do sindicato, ora se opunham entre si e reproduziam o discurso da desvalorização da trabalhadora doméstica. Podemos concluir também que a palavra do projeto de formação propôs às trabalhadoras a tarefa de compreendêla, de ressignificála, de reavaliála, de reagir a ela durante todo esse processo de qualificação. 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