Mercúrio na torre do mercado: percurso e significado de um símbolo grego na memória e no patrimônio cultural de Pelotas, RS
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Data de Publicação: | 2017 |
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Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPel - Guaiaca |
Texto Completo: | http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4294 https://doi.org/10.15210/4294 |
Resumo: | Em Pelotas, houve uma época em que a escultura de um deus grego vigiava a cidade do alto da torre do Mercado Central. Não se sabe quando esse deus chegou, nem por quanto tempo ficou lá, mas dizem que ele era de metal e que girava iluminado pelas luzes de um farol, indicando a direção dos ventos. Dizem também que um dia ele caiu lá do alto durante um forte vendaval que castigou Pelotas; outros, contam que a sua queda teria sido por causa de um incêndio que destruiu parte do mercado público em 1969. O fato é que ele passou muito tempo desaparecido. Tanto tempo, que algumas pessoas apagaram da memória a sua existência, enquanto outras chegam a afirmar que ele nunca existiu. Dizem, até hoje na cidade, muitas coisas a respeito dessa escultura. Da sua história, sobraram mais lembranças do que propriamente fatos. Os relatos orais e raríssimas fotografias são, até então, os únicos “documentos” que ela possui, afora a sua própria materialidade. Sim, o deus que ficava no alto da tor- re do mercado existia e ainda existe: tanto no simbolismo e no UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS SÉRIE PÓS-GRADUAÇÃO - VOLUME 9 11 imaginário de alguns pelotenses, quanto na matéria. Trata-se de Hermes, divindade grega, que para os romanos foi assimilado como Mercúrio. E é assim – como o deus Mercúrio – que ele é chamado em Pelotas. Quando esta pesquisa teve início, em maio de 2013, o Mercúrio encontrava-se guardado em uma sala do prédio da Secretaria Municipal de Cultura (SECULT), mas antes disso ele havia permanecido, por tempo indeterminado, em outros locais. Sabia-se da sua existência por meio de comentários em programas de rádio e em jornais, a maioria deles cobrando a sua localização atual. A motivação deste estudo, inicialmente, foi a de entender questões de ordem prática, como as de descobrir se realmente ele havia estado no alto da torre e por quanto tempo teria por lá permanecido, além dos motivos de seu desaparecimento. Essa motivação, fortemente instigada por uma aptidão detetivesca até então desconhecida, revelou-se naquele momento pela intenção de desvendar todos os mistérios que cercavam aquela escultura. Aguçada, também, pelo fascínio das questões relacionadas à mitologia greco-romana e à Antiguidade Clássica, aos poucos outros questionamentos, agora de ordem mais subjetiva, foram tomando lugar e se sobrepondo aos anteriores. Não que aquelas questões devessem ser ignoradas, mas o importante, daquele momento em diante, era decifrar por que essa escultura havia sido colocada na torre do Mercado Central; qual o seu significado e como a população a percebia; por que ela havia sumido por tanto tempo e, sobretudo, depois de encontrada, por que permanecia, ainda, tão distante do seu lugar inicial? A partir de então, e encarando esses questionamentos como um desafio, buscou-se entender, nesse processo de descontextualização sofrido por essa escultura, a tessitura de relações nela envolvidas. |
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Tanto tempo, que algumas pessoas apagaram da memória a sua existência, enquanto outras chegam a afirmar que ele nunca existiu. Dizem, até hoje na cidade, muitas coisas a respeito dessa escultura. Da sua história, sobraram mais lembranças do que propriamente fatos. Os relatos orais e raríssimas fotografias são, até então, os únicos “documentos” que ela possui, afora a sua própria materialidade. Sim, o deus que ficava no alto da tor- re do mercado existia e ainda existe: tanto no simbolismo e no UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS SÉRIE PÓS-GRADUAÇÃO - VOLUME 9 11 imaginário de alguns pelotenses, quanto na matéria. Trata-se de Hermes, divindade grega, que para os romanos foi assimilado como Mercúrio. E é assim – como o deus Mercúrio – que ele é chamado em Pelotas. Quando esta pesquisa teve início, em maio de 2013, o Mercúrio encontrava-se guardado em uma sala do prédio da Secretaria Municipal de Cultura (SECULT), mas antes disso ele havia permanecido, por tempo indeterminado, em outros locais. Sabia-se da sua existência por meio de comentários em programas de rádio e em jornais, a maioria deles cobrando a sua localização atual. A motivação deste estudo, inicialmente, foi a de entender questões de ordem prática, como as de descobrir se realmente ele havia estado no alto da torre e por quanto tempo teria por lá permanecido, além dos motivos de seu desaparecimento. Essa motivação, fortemente instigada por uma aptidão detetivesca até então desconhecida, revelou-se naquele momento pela intenção de desvendar todos os mistérios que cercavam aquela escultura. Aguçada, também, pelo fascínio das questões relacionadas à mitologia greco-romana e à Antiguidade Clássica, aos poucos outros questionamentos, agora de ordem mais subjetiva, foram tomando lugar e se sobrepondo aos anteriores. Não que aquelas questões devessem ser ignoradas, mas o importante, daquele momento em diante, era decifrar por que essa escultura havia sido colocada na torre do Mercado Central; qual o seu significado e como a população a percebia; por que ela havia sumido por tanto tempo e, sobretudo, depois de encontrada, por que permanecia, ainda, tão distante do seu lugar inicial? A partir de então, e encarando esses questionamentos como um desafio, buscou-se entender, nesse processo de descontextualização sofrido por essa escultura, a tessitura de relações nela envolvidas.porUniversidade Federal de PelotasEscultura de MercúrioMitologia greco-romanaMercado PúblicoPelotasPatrimônio cultural IMercúrio na torre do mercado: percurso e significado de um símbolo grego na memória e no patrimônio cultural de Pelotas, RSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bookTorino, Isabel Halfen da Costainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFPel - Guaiacainstname:Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)instacron:UFPELTEXTVolume 9_ isabel final.pdf.txtVolume 9_ isabel final.pdf.txtExtracted texttext/plain285842http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/4294/3/Volume%209_%20isabel%20final.pdf.txt27b9361b496a56767c7220415c7de2f0MD53open accessTHUMBNAILVolume 9_ isabel final.pdf.jpgVolume 9_ isabel final.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1840http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/4294/4/Volume%209_%20isabel%20final.pdf.jpgdc5f3011de52a09cdd9f6b73dfe0f3e2MD54open accessORIGINALVolume 9_ isabel final.pdfVolume 9_ isabel final.pdfapplication/pdf17586847http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/4294/1/Volume%209_%20isabel%20final.pdf07f4f2f9479e9639afc4016a564bfc3bMD51open accessLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/4294/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52open accessprefix/42942023-11-21 15:24:06.352open accessoai:guaiaca.ufpel.edu.br:prefix/4294TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.ufpel.edu.br/oai/requestrippel@ufpel.edu.br || repositorio@ufpel.edu.br || aline.batista@ufpel.edu.bropendoar:2023-11-21T18:24:06Repositório Institucional da UFPel - Guaiaca - Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)false |
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