Desmistificando o DNA: análise dos argumentos difundidos na arena jurídica sobre perfis genéticos no Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista da Faculdade de Direito UFPR (Online) |
Texto Completo: | https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/74361 |
Resumo: | Os bancos de perfis genéticos são apresentados à sociedade como uma ferramenta infalível, eficiente no combate à criminalidade e inofensiva por ser incapaz de revelar informações sensíveis. Esses argumentos são utilizados para a implementação dessa tecnologia pelo mundo, inclusive no Brasil. Diante disso, o objetivo deste artigo é apresentar contrapontos técnico-científicos aos discursos difundidos na arena jurídica brasileira sobre o uso de perfis genéticos para fins de persecução penal, com foco em três aspectos: (in)falibilidade da tecnologia genética, (in)eficiência dos bancos e (im)possibilidade de revelar informações sensíveis. Trata-se de pesquisa qualitativa, de natureza descritiva, com técnica bibliográfica e documental, que busca incorporar a literatura interdisciplinar e crítica como pressuposto do debate jurídico. Quanto aos resultados, a literatura extrajurídica indica que o uso de perfis genéticos para fins de persecução penal não configura, em si, uma solução para a criminalidade, e que a eficiência de seus bancos é controversa. O uso de perfis genético está sujeito a erros, pois seu processamento pode sofrer interferências externas e o resultado pode depender da subjetividade interpretativa de peritos. Por fim, a tecnologia não é inofensiva, pois se trata de informação pessoal sensível que pode revelar características fenotípicas, familiares e ser cruzada com outras informações. Diante desses achados, conclui-se que a crítica ao uso amplo do DNA também existe na literatura não jurídica, explicitando suas limitações tecnológicas em termos de falibilidade, eficiência e afetação de informações sensíveis. Isso impacta diretamente na regulação do tema e deve ser tomado como pressuposto ao debate jurídico. |
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Desmistificando o DNA: análise dos argumentos difundidos na arena jurídica sobre perfis genéticos no BrasilDemystifying the DNA: analysis of the arguments about DNA databases disseminated in the legal arena in BrazilForensic genetics. Criminal prosecution. DNA infallibility. Efficiency of DNA databases. Sensitive personal data.Direito; Direito Constitucional; Direito Processual PenalGenética forense. Persecução penal. Infalibilidade do DNA. Eficiência dos bancos de perfis genéticos. Dados pessoais sensíveis.Os bancos de perfis genéticos são apresentados à sociedade como uma ferramenta infalível, eficiente no combate à criminalidade e inofensiva por ser incapaz de revelar informações sensíveis. Esses argumentos são utilizados para a implementação dessa tecnologia pelo mundo, inclusive no Brasil. Diante disso, o objetivo deste artigo é apresentar contrapontos técnico-científicos aos discursos difundidos na arena jurídica brasileira sobre o uso de perfis genéticos para fins de persecução penal, com foco em três aspectos: (in)falibilidade da tecnologia genética, (in)eficiência dos bancos e (im)possibilidade de revelar informações sensíveis. Trata-se de pesquisa qualitativa, de natureza descritiva, com técnica bibliográfica e documental, que busca incorporar a literatura interdisciplinar e crítica como pressuposto do debate jurídico. Quanto aos resultados, a literatura extrajurídica indica que o uso de perfis genéticos para fins de persecução penal não configura, em si, uma solução para a criminalidade, e que a eficiência de seus bancos é controversa. O uso de perfis genético está sujeito a erros, pois seu processamento pode sofrer interferências externas e o resultado pode depender da subjetividade interpretativa de peritos. Por fim, a tecnologia não é inofensiva, pois se trata de informação pessoal sensível que pode revelar características fenotípicas, familiares e ser cruzada com outras informações. Diante desses achados, conclui-se que a crítica ao uso amplo do DNA também existe na literatura não jurídica, explicitando suas limitações tecnológicas em termos de falibilidade, eficiência e afetação de informações sensíveis. Isso impacta diretamente na regulação do tema e deve ser tomado como pressuposto ao debate jurídico.DNA databases are presented to society as an infallible tool, efficient in fighting crime, and harmless because it is incapable of revealing sensitive information. These arguments are used to implement this technology around the world, including in Brazil. Therefore, this article aims to present technical-scientific counterpoints to speeches disseminated in the Brazilian legal arena about the use of genetic profiles for criminal prosecution, focusing on three aspects: (in)fallibility of genetic technology, (in)efficiency of the banks, and (im)possibility of revealing sensitive information of individuals. This is a qualitative research of descriptive nature, with bibliographic and documental techniques, that seeks to incorporate the interdisciplinary and critical literature as a premise for the legal debate. Regarding the results, the extra-legal literature indicates that the use of genetic profiles for criminal prosecution does not provide a solution to criminality and that the efficiency of its databases is controversial. Genetic profiling is subject to errors, because its processing may suffer external interferences and is dependent on subjective interpretation of experts. Finally, the technology is not harmless, since it involves sensitive personal information, which may reveal phenotypic and family characteristics and may be cross-referenced with other information. In view of these findings, it is concluded that the criticism to the wide use of DNA is also offered by non-legal literature, to make explicit its technological limitations in terms of fallibility, efficiency, and affectation to sensitive personal data. This directly impacts the regulation of the issue and should be taken as a premise for the legal debate..Schiocchet, TaysaCunha, Anita Spies da2022-04-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistas.ufpr.br/direito/article/view/7436110.5380/rfdufpr.v66i3.74361Revista da Faculdade de Direito UFPR; v. 66, n. 3 (2021); 9-322236-72840104-331510.5380/rfdufpr.v66i3reponame:Revista da Faculdade de Direito UFPR (Online)instname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRporhttps://revistas.ufpr.br/direito/article/view/74361/46393Direitos autorais 2022 Anita Spies da Cunha, Taysa Schiocchetinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-04-27T21:35:25Zoai:revistas.ufpr.br:article/74361Revistahttp://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direitoPUBhttp://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/direito/oai||revistadireito@ufpr.br2236-72840104-3315opendoar:2022-04-27T21:35:25Revista da Faculdade de Direito UFPR (Online) - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false |
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