DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Batista, Sinthia Cristina
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Geografar
Texto Completo: https://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/74286
Resumo: Em continuidade aos debates, sobretudo aqueles promovidos pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), a proposta deste texto é alimentar a seguinte reflexão: como trabalhar o ensino da cartografia de modo a contribuir efetivamente para a formação do (a) geógrafo (a) crítico (a), tendo como referência uma geografia que se realiza em movimento e está comprometida com a investigação e a necessária transformação do real? O caminho trilhado consiste em apresentar questões que considero fundamentais para fortalecer o debate colocado por geógrafas e geógrafos que têm como horizonte esta mesma preocupação. Esse percurso se dá em quatro atos: I. Reconhecer que a cartografia que os estudantes conhecem, vivenciam e da qual se apropriam expõe a cartografia que se realiza no mundo, assim como as cisões políticas e teórico-metodológicas produzidas no ensino de cartografia na formação do geógrafo. II. Desvendar os conteúdos das técnicas de representação cartográficas é iluminar as práticas espaciais histórica e socialmente produzidas. Para tal, é fundamental problematizar os limites, as potencialidades e as armadilhas das técnicas de representação do espaço a partir do ensino de ferramentas para a produção de mapas, que estejam ancoradas no entendimento das práticas espaciais produzidas por nossa sociedade, para que possamos ter ciência da produção, reprodução e/ou superação destas práticas. III. Mapear é colocar o mundo em estagnação e/ou em movimento. Mapear é mobilizar: uma ideia, um entendimento, um projeto. Portanto, ler e produzir mapas é ler e produzir o mundo e o que se quer dele, seja para transformá-lo, seja, para reificá-lo; IV. Explicitar que a cartografia que se faz é a geografia que se assume provoca o debate sobre o intocado projeto cartográfico, possibilitando desvendar qual é a geografia que produz “cada cartografia”.Assim, esta contribuição é produto do acúmulo de experiência em sala de aula e em pesquisa na área da cartografia e trabalha no sentido da apropriação social e política da linguagem cartográfica, compreendida na teoria crítica, sobretudo a partir da análise elaborada por Henri Lefebvre, como uma representação do espaço e um espaço de representação.
id UFPR-7_d154d02ca8bf067f634b3966aa8c88a9
oai_identifier_str oai:revistas.ufpr.br:article/74286
network_acronym_str UFPR-7
network_name_str Revista Geografar
repository_id_str
spelling DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXICHALLENGES FOR TEACHING CARTOGRAPHY IN THE EDUCATION OF GEOGRAPHERS IN THE 21ST CENTURYcartografia; formação do geógrafo; representação do espaço; teoria críticaEm continuidade aos debates, sobretudo aqueles promovidos pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), a proposta deste texto é alimentar a seguinte reflexão: como trabalhar o ensino da cartografia de modo a contribuir efetivamente para a formação do (a) geógrafo (a) crítico (a), tendo como referência uma geografia que se realiza em movimento e está comprometida com a investigação e a necessária transformação do real? O caminho trilhado consiste em apresentar questões que considero fundamentais para fortalecer o debate colocado por geógrafas e geógrafos que têm como horizonte esta mesma preocupação. Esse percurso se dá em quatro atos: I. Reconhecer que a cartografia que os estudantes conhecem, vivenciam e da qual se apropriam expõe a cartografia que se realiza no mundo, assim como as cisões políticas e teórico-metodológicas produzidas no ensino de cartografia na formação do geógrafo. II. Desvendar os conteúdos das técnicas de representação cartográficas é iluminar as práticas espaciais histórica e socialmente produzidas. Para tal, é fundamental problematizar os limites, as potencialidades e as armadilhas das técnicas de representação do espaço a partir do ensino de ferramentas para a produção de mapas, que estejam ancoradas no entendimento das práticas espaciais produzidas por nossa sociedade, para que possamos ter ciência da produção, reprodução e/ou superação destas práticas. III. Mapear é colocar o mundo em estagnação e/ou em movimento. Mapear é mobilizar: uma ideia, um entendimento, um projeto. Portanto, ler e produzir mapas é ler e produzir o mundo e o que se quer dele, seja para transformá-lo, seja, para reificá-lo; IV. Explicitar que a cartografia que se faz é a geografia que se assume provoca o debate sobre o intocado projeto cartográfico, possibilitando desvendar qual é a geografia que produz “cada cartografia”.Assim, esta contribuição é produto do acúmulo de experiência em sala de aula e em pesquisa na área da cartografia e trabalha no sentido da apropriação social e política da linguagem cartográfica, compreendida na teoria crítica, sobretudo a partir da análise elaborada por Henri Lefebvre, como uma representação do espaço e um espaço de representação.Following up on some debates, especially those promoted by the Association of Brazilian Geographers (AGB, acronym in Portuguese), this paper proposes to cultivate the following reflection: how can we work on teaching cartography in a way that contributes effectively to the education of critical geographers, with reference to a geography that moves and is committed to research and thenecessary transformation of what is real? The path taken consists of presenting issues that I consider to be fundamental to strengthening the debate put forth by geographers who share this concern. This journey takes place in four parts: I. Recognizing that the cartography that students know, experience andappropriate exposes the cartography that occurs in the world, as well as the political and theoreticalmethodological divisions produced in teaching cartography in the education of geographers. II. Revealing the techniques of cartographic representation means shedding light on historically and socially produced spatial practices. To this end, it is fundamental to raise questions regarding the limitations, potentials and pitfalls of space representation techniques by teaching the tools for producing maps, which are based on  understanding the spatial practices produced by our society, such that we can be aware of how these practices are produced, reproduced and/or superseded. III. Mapping means placing the world in stagnation and/or in movement. Mapping  means mobilizing: an idea, an understanding, a project. Therefore, reading and producing maps means reading and producing the world and what we want from it, either to transform it, or to materialize it; IV. Explaining that the cartography one practices is the geography one assumes, provokes a debate on untouched cartographic projects, thus revealing the geography that “each cartography” produces. Therefore, this contribution is a product of classroom and research experiences in the area of cartography and works towards the social and political appropriation of the cartographic language, as understood in critical theory, especially based on the analysis developed by Henri Lefebvre, as a  representation of space in a space of representation.UFPRBatista, Sinthia Cristina2020-07-31info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionPesquisador convidadoapplication/pdfhttps://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/7428610.5380/geografar.v15i1.74286REVISTA GEOGRAFAR; v. 15, n. 1 (2020); 220-2421981-089X10.5380/geografar.v15i1reponame:Revista Geografarinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRporhttps://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/74286/41262Direitos autorais 2020 REVISTA GEOGRAFARinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-07-31T22:42:46Zoai:revistas.ufpr.br:article/74286Revistahttps://revistas.ufpr.br/geografarPUBhttps://revistas.ufpr.br/geografar/oai||geografar@ufpr.br1981-089X1981-089Xopendoar:2020-07-31T22:42:46Revista Geografar - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false
dc.title.none.fl_str_mv DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
CHALLENGES FOR TEACHING CARTOGRAPHY IN THE EDUCATION OF GEOGRAPHERS IN THE 21ST CENTURY
title DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
spellingShingle DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
Batista, Sinthia Cristina
cartografia; formação do geógrafo; representação do espaço; teoria crítica
title_short DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
title_full DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
title_fullStr DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
title_full_unstemmed DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
title_sort DESAFIOS AO ENSINO DE CARTOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA GEÓGRAFA E DO GEÓGRAFO DO SÉCULO XXI
author Batista, Sinthia Cristina
author_facet Batista, Sinthia Cristina
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv

dc.contributor.author.fl_str_mv Batista, Sinthia Cristina
dc.subject.none.fl_str_mv
dc.subject.por.fl_str_mv cartografia; formação do geógrafo; representação do espaço; teoria crítica
topic cartografia; formação do geógrafo; representação do espaço; teoria crítica
description Em continuidade aos debates, sobretudo aqueles promovidos pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), a proposta deste texto é alimentar a seguinte reflexão: como trabalhar o ensino da cartografia de modo a contribuir efetivamente para a formação do (a) geógrafo (a) crítico (a), tendo como referência uma geografia que se realiza em movimento e está comprometida com a investigação e a necessária transformação do real? O caminho trilhado consiste em apresentar questões que considero fundamentais para fortalecer o debate colocado por geógrafas e geógrafos que têm como horizonte esta mesma preocupação. Esse percurso se dá em quatro atos: I. Reconhecer que a cartografia que os estudantes conhecem, vivenciam e da qual se apropriam expõe a cartografia que se realiza no mundo, assim como as cisões políticas e teórico-metodológicas produzidas no ensino de cartografia na formação do geógrafo. II. Desvendar os conteúdos das técnicas de representação cartográficas é iluminar as práticas espaciais histórica e socialmente produzidas. Para tal, é fundamental problematizar os limites, as potencialidades e as armadilhas das técnicas de representação do espaço a partir do ensino de ferramentas para a produção de mapas, que estejam ancoradas no entendimento das práticas espaciais produzidas por nossa sociedade, para que possamos ter ciência da produção, reprodução e/ou superação destas práticas. III. Mapear é colocar o mundo em estagnação e/ou em movimento. Mapear é mobilizar: uma ideia, um entendimento, um projeto. Portanto, ler e produzir mapas é ler e produzir o mundo e o que se quer dele, seja para transformá-lo, seja, para reificá-lo; IV. Explicitar que a cartografia que se faz é a geografia que se assume provoca o debate sobre o intocado projeto cartográfico, possibilitando desvendar qual é a geografia que produz “cada cartografia”.Assim, esta contribuição é produto do acúmulo de experiência em sala de aula e em pesquisa na área da cartografia e trabalha no sentido da apropriação social e política da linguagem cartográfica, compreendida na teoria crítica, sobretudo a partir da análise elaborada por Henri Lefebvre, como uma representação do espaço e um espaço de representação.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-07-31
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Pesquisador convidado
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/74286
10.5380/geografar.v15i1.74286
url https://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/74286
identifier_str_mv 10.5380/geografar.v15i1.74286
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/74286/41262
dc.rights.driver.fl_str_mv Direitos autorais 2020 REVISTA GEOGRAFAR
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Direitos autorais 2020 REVISTA GEOGRAFAR
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv UFPR
publisher.none.fl_str_mv UFPR
dc.source.none.fl_str_mv REVISTA GEOGRAFAR; v. 15, n. 1 (2020); 220-242
1981-089X
10.5380/geografar.v15i1
reponame:Revista Geografar
instname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)
instacron:UFPR
instname_str Universidade Federal do Paraná (UFPR)
instacron_str UFPR
institution UFPR
reponame_str Revista Geografar
collection Revista Geografar
repository.name.fl_str_mv Revista Geografar - Universidade Federal do Paraná (UFPR)
repository.mail.fl_str_mv ||geografar@ufpr.br
_version_ 1788990019423174656