Os problemas da mentira na filosofia prática de Kant

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barboza, Karine Cristine de Souza
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1884/88582
Resumo: Orientador: Prof. Dr. Joel Thiago Klein
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spelling Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em FilosofiaKlein, Joel Thiago, 1984-Barboza, Karine Cristine de Souza2024-06-19T15:49:21Z2024-06-19T15:49:21Z2024https://hdl.handle.net/1884/88582Orientador: Prof. Dr. Joel Thiago KleinDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Defesa : Curitiba, 26/02/2024Inclui referênciasÁrea de concentração: Filosofia do DireitoResumo: A pesquisa propõe a reconstrução dos argumentos de Kant para a imoralidade da mentira. Para tanto, examinam-se as condições para a definição do conceito de mentira por Kant. Analisa-se, assim, a relação de precedência da mentira interna em relação à mentira externa, assim como os pontos nos quais a mentira coincide com as falsas promessas. Quanto a estas, Kant enfatiza a seriedade como o dever jurídico de veracidade, de modo que o promitente da promessa submete seu arbítrio (Wille) à coação jurídica. A condição de intencionalidade se relaciona com as interpretações da contradição prática e da autocontradição volitiva da Fórmula da Lei Universal. Conforme a Fórmula da Humanidade, Kant elucida que a mentira é o mero uso da reflexão moral de si e do outro (Wille), conforme a qual se manipula também o arbítrio (Willkür) da pessoa enganada. A mentira é o uso da própria vontade e da vontade do outro como um mero meio. Desse modo, a Fórmula da Autonomia determina a mentira como heteronomia, pois desrespeita a dimensão numênica do agente moral e estabelece como incentivo para a ação uma vontade racionalmente incoerente. A recusa de Kant de uma legitimidade da mentira, a partir do princípio da utilidade postulado por Constant, demonstra a relevância de uma abordagem da aplicabilidade das leis morais em casuísticas específicas, indicando a necessidade do desenvolvimento de uma teoria da ação moral. No âmbito jurídico, a mentira impossibilita o contrato, fonte de todo o direito, de modo que a mentira sempre causa dano e, mesmo que bem-intencionada, pode ser punível juridicamente pelas leis civis, conforme consequências casuísticas possíveis. No contexto ético, o dever e o direito de mentir são negados por impossibilitar o progresso moral da humanidade. Dessa forma, a mentira é ilegítima a priori, pois desrespeita a consciência moral do agente. Contudo, Kant não apresenta uma sistematização exaustiva do conceito de mentira interna, crucial para a imoralidade da mentira. Ademais, exploram-se as nuances da resposta de Kant a Constant, considerando diferentes defesas de uma permissibilidade da mentira em circunstâncias extremas, como aquelas que envolvem a preservação de uma vida inocente. As diversas propostas para a permissibilidade da mentira, em tais casos, devem garantir a coerência entre as diferentes formulações do imperativo categórico, sustentando a permissibilidade não como exceção, mas também como um princípio moral. O desafio, no entanto, é garantir uma permissibilidade da mentira que não suscite uma micrologia moral. Para tanto, essas estratégias precisam demonstrar a possibilidade de conflitos entre deveres, assim como apresentar fundamentos que não sejam baseados exclusivamente em um direito de necessidade, mas que observem princípios deontológicos.Abstract: The research proposes the reconstruction of Kant's arguments for the immorality of lying. To this end, it examines the conditions for Kant's definition of the concept of lying. The relationship of precedence between internal and external lies is analyzed, as well as the points at which lying coincides with false promises. Regarding false promises, Kant emphasizes the seriousness of the juridical duty of veracity, whereby the promisor submits their will (Wille) to legal coercion. The condition of intentionality relates to interpretations of practical contradiction and the volitional self-contradiction of the Formula of Universal Law. According to the Formula of Humanity, Kant elucidates that lying is merely the use of one's own and others' moral reflection (Wille), thereby manipulating the arbitrariness (Willkür) of the deceived person. Lying uses one's own will and the will of another as a mere means. Thus, the Formula of Autonomy determines lying as heteronomy, as it disrespects the noumenal dimension of the moral agent and establishes a rationally incoherent will as an incentive for action. Kant's rejection of the legitimacy of lying, based on the principle of utility postulated by Constant, demonstrates the relevance of an approach to the applicability of moral laws in specific cases, indicating the need for the development of a theory of moral action. In the legal realm, lying renders contracts, the source of all rights, impossible, causing harm and being legally punishable by civil laws due to possible casuistic consequences. Ethically, the duty and right to lie are denied for impeding humanity's moral progress. Therefore, lying is a priori illegitimate, as it disrespects the moral consciousness of the agent. However, Kant does not provide an exhaustive systematization of the concept of internal lying, which is crucial for the immorality of lying. Additionally, the nuances of Kant's response to Constant are explored, considering various defenses of the permissibility of lying in extreme circumstances, such as those involving the preservation of innocent life. These proposals for the permissibility of lying must ensure coherence among the different formulations of the categorical imperative, upholding permissibility not as an exception, but as a moral principle. The challenge, however, is to ensure a permissibility of lying that does not evoke a moral micrology. To this end, these strategies must demonstrate the possibility of conflicts between duties and present foundations not based exclusively on a right of necessity, but that observe deontological principles.1 recurso online : PDF.application/pdfKant, Immanuel, 1724-1804Veracidade e falsidadePraxis (Filosofia)ÉticaFilosofiaOs problemas da mentira na filosofia prática de Kantinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisporreponame:Repositório Institucional da UFPRinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALR - D - KARINE CRISTINE DE SOUZA BARBOZA.pdfapplication/pdf1254532https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/88582/1/R%20-%20D%20-%20KARINE%20CRISTINE%20DE%20SOUZA%20BARBOZA.pdf70159c86bf0e6b754e932380e1b36686MD51open access1884/885822024-06-19 12:49:22.01open accessoai:acervodigital.ufpr.br:1884/88582Repositório de PublicaçõesPUBhttp://acervodigital.ufpr.br/oai/requestopendoar:3082024-06-19T15:49:22Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false
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