A violência contra o pobre em Morte e vida severina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sanseverino, Antônio Marcos Vieira
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/232426
Resumo: A comunicabilidade de Morte e Vida Severina articula-se à renovação rigorosa da forma. Nos anos de 1950, João Cabral de Melo Neto constrói um projeto poético em que a crítica à miséria social de Pernambuco se desenvolve em conjunto à experimentação em poemas longos, como Cão sem Plumas (1950), O Rio (1953) e Morte e Vida Severina (1954- 1955). Neste último, poema dramático de 18 partes, Severino viaja da Caatinga ao Recife, passando pelo Agreste e pela Zona da Mata, em busca de uma vida melhor, mas o protagonista encontra apenas morte em sua trajetória e na chegada à cidade. Em Recife, Severino interroga um habitante do mangue, Mestre Carpina, sobre o sentido de permanecer vivo. Apenas ao final, depois do nascimento e da celebração, Carpina fala do valor da vida, mesmo que severina, mas Severino nada responde. O poema, no contexto de publicação dos anos 1950, apresenta uma imagem em negativo da modernização conservadora. Seja no agreste, seja na caatinga, os camponeses são silenciados pela bala mortal. Mesmo na zona da mata, verde, a Usina (enquanto modernização da produção do açúcar) lança uma sombra mortal, que ecoa no funeral do lavrador. O retirante desloca-se à cidade em busca de vida e encontra o destino miserável reservado aos pobres.
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