Elza Soares : dos alfinetes à carne negra

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cesar, Rafael do Nascimento
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Ferreira, Carolina Branco de Castro, Teixeira, Vítor Aquino de Queiroz D Ávila
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/259613
Resumo: Este artigo propõe investigar aspectos da trajetória da cantora Elza Soares a partir das noções de autenticidade e "atrevimento" na tentativa de compreender como se deu o processo recente de consagração da artista perante as audiências brasileiras. Acreditamos haver uma "tensão produtiva" na carreira da artista resultado da disputa em torno dessas noções por parte da crítica especializada, do público e da própria cantora. Essa tensão, além de ser a força social responsável por criar e recriar formas de performatizar a feminilidade, a negritude e o seu pertencimento geracional, expressa-se na maneira como a marginalidade relativa de Elza Soares diante do cânone popular conferiu-lhe uma capacidade renovada de ressignificar sua própria trajetória. Outro efeito dessa tensão produtiva diz respeito ao relativo silenciamento acerca das marcas raciais e de gênero que teria caracterizado a carreira de outros músicos negros no Brasil. Na persona da Elza Soares, geralmente chamada de "rainha" por seus fãs, tais marcas convertem-se em recursos de ação dinamizados sob a forma tanto de escolhas estéticas quanto de convenções narrativas da trajetória da cantora. Ao invés do silêncio, a consagração de Elza Soares perante o público de hoje parece emanar da super-enunciação de sua negritude, de sua feminilidade, de sua experiência com a pobreza articuladas à geração – todas sobremarcadas mediante símbolos materializados em seu corpo e em sua história.
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Outro efeito dessa tensão produtiva diz respeito ao relativo silenciamento acerca das marcas raciais e de gênero que teria caracterizado a carreira de outros músicos negros no Brasil. Na persona da Elza Soares, geralmente chamada de "rainha" por seus fãs, tais marcas convertem-se em recursos de ação dinamizados sob a forma tanto de escolhas estéticas quanto de convenções narrativas da trajetória da cantora. Ao invés do silêncio, a consagração de Elza Soares perante o público de hoje parece emanar da super-enunciação de sua negritude, de sua feminilidade, de sua experiência com a pobreza articuladas à geração – todas sobremarcadas mediante símbolos materializados em seu corpo e em sua história.This article investigating aspects of the trajectory of the singer Elza Soares from the notions of authenticity and "boldness" in an attempt to understand how the recent process of consecration of the artist occurred before Brazilian audiences. We believe there is a "productive tension" in the artist's career as a result of the dispute over these notions by specialized critics, the public and the singer herself. This tension, in addition to being the social force responsible for creating and recreating ways to perform femininity, blackness and its generational belonging, is expressed in the way in which the relative marginality of Elza Soares before the popular canon gave her a renewed capacity to reframe their own trajectory. Another effect of this productive tension is related to the relative silence about racial and gender marks that would have the career of other black musicians in Brazil. In the persona of Elza Soares, generally called "queen" by her fans, these brands become dynamic action resources in the form of both aesthetic choices and narrative conventions of the singer's trajectory. As a result of the silence, the consecration of Elza Soares to today's audience seems to emanate from the super-enunciation of her blackness, her femininity, her experience with poverty articulated to the generation - all marked by symbols materialized in her body and in its history.Este artículo propone investigar los aspectos de la trayectoria de la cantante Elza Soares desde las nociones de autenticidad y "atrevimiento" en un intento por comprender cómo se desarrolló el reciente proceso de consagración del artista ante el público brasileño. Creemos que existe una "tensión productiva" en la carrera de la artista producto de la disputa sobre estas nociones por parte de la crítica especializada, el público y la propia cantante. Esta tensión, además de ser la fuerza social responsable de crear y recrear formas de realizar la feminidad, la negritud y su pertenencia generacional, se expresa en la forma en que la relativa marginalidad de Elza Soares ante el canon popular le dio una capacidad renovada. para replantear su propia trayectoria. Otro efecto de esta tensión productiva está relacionado con el relativo silencio sobre las marcas raciales y de género que tendría la carrera de otros músicos negros en Brasil. En la persona de Elza Soares, generalmente llamada "reina" por sus fanáticos, estas marcas se convierten en recursos dinámicos de acción en forma de elecciones estéticas y convenciones narrativas de la trayectoria de la cantante. Como resultado del silencio, la consagración de Elza Soares al público de hoy parece emanar de la superenunciación de su negrura, su feminidad, su experiencia con la pobreza articulada a la generación, todo marcado por símbolos materializados en su cuerpo y en su historia.application/pdfporRevista Educação e Ciências Sociais. Salvador, BA. Vol. 3, n. 5 (2020), p. [59]-79Soares, Elza, 1937-Música popular brasileiraGêneroAntropologiaRaçaRaceGenderBrazilian popular musicTrajectoryRazaGéneroMúsica popular brasileñaTrayectoriaElza Soares : dos alfinetes à carne negraElza Soares : from pins to black fleshElza Soares : de los pinos a la carne negrainfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001168491.pdf.txt001168491.pdf.txtExtracted Texttext/plain54454http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/259613/2/001168491.pdf.txt553d0d6b5dc29753eef36a7c3115a55fMD52ORIGINAL001168491.pdfTexto completoapplication/pdf1364068http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/259613/1/001168491.pdfa2433dc5ee70cccecfd09f153acdd6d5MD5110183/2596132023-06-30 03:32:04.414693oai:www.lume.ufrgs.br:10183/259613Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-06-30T06:32:04Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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