Ontologia do espaço globalizante em Milton Santos e Peter Sloterdijk : pelas obras Natureza do Espaço (Santos, 1996) e Palácio de Cristal (Sloterdijk, 2006)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rebelatto, Romulo
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/261916
Resumo: Este ensaio consiste numa fricção do conceito de espaço que emerge na literatura de Peter Sloterdijk, e a obra Palácio de Cristal de 2006, e de Milton Santos, e a obra A Natureza do Espaço, de 1996. A proposta é encontrar uma maneira de compreender a realidade de uma chamada des-modernidade (movimento retrógado do comportamento humano frente um tempo que parece retroceder no calendário físico), assim não haveria real motivo em separar analiticamente o espaço em [1] uma presença topológica e esferológica sloterdijkiana, [2] outra aproximação dialética materialista miltoniana, como se fossem objetos distintos, porque é através da análise e aglutinação dos fragmentos espaciais que encontramos o objeto de compreensão da contemporaneidade e pertencimento do homem no antropoceno. Partimos do pressuposto que Santos estuda o espaço como um objeto histórico (de dependência temporal), sociológico (o espaço se movimenta conforme o caminhar da sociedade, isto é, o espaço se reproduz), e geográfico totalizante (compreendido através de um elaborado e conciso método de análise); Sloterdijk, ao estudar a ontologia das relações intersticiais entre os espaços, acaba por também criar uma teoria filosófica e sociológica que apresenta os ‘modos de habitar o mundo’ definidos morfologicamente como esferas. Para Peter Sloterdijk a globalização saturou-se moralmente, tecnicamente e sistematicamente, como conceito unívoco e atual, e já é um movimento datado (ela inicia no dia 03 de agosto de 1492, parte Colombo e suas três caravelas, e um fim, em 1944, com o acordo de Bretton Woods). Para Milton Santos a globalização é um movimento de organização territorial para integração dinâmica da maximização e eficácia das forças capitalistas, onde os espaços geográficos acabam se conformando como esta adição constante: mais espaço, mais território, mais lucro, mais especialização, mais movimento, com exceção do tempo, que é sempre ou conformado, diminuído ou deformado. A globalização para Santos estava entrando no seu auge na década de 1990 como um fenômeno de perversidade. O espaço para Santos é condicional, ele condiciona o registro duma assinatura temporal, seja ela geográfica ou social, e a totalidade no território nunca é homogênea, mas os fragmentos do sistema continuam agindo no lugar mesmo não havendo a totalidade. Para Santos há o espaço que une, e o espaço que separa; para Sloterdijk há o espaço de quem sai e o espaço de quem retorna. Para Santos, através da técnica, o capitalismo foi responsável pela especialização do espaço; para Sloterdijk o homem habita a modernidade em busca de um eterno mimo provendo a construção de redomas de proteção, uma arquitetura placentária de retorno ao útero materno.
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Partimos do pressuposto que Santos estuda o espaço como um objeto histórico (de dependência temporal), sociológico (o espaço se movimenta conforme o caminhar da sociedade, isto é, o espaço se reproduz), e geográfico totalizante (compreendido através de um elaborado e conciso método de análise); Sloterdijk, ao estudar a ontologia das relações intersticiais entre os espaços, acaba por também criar uma teoria filosófica e sociológica que apresenta os ‘modos de habitar o mundo’ definidos morfologicamente como esferas. Para Peter Sloterdijk a globalização saturou-se moralmente, tecnicamente e sistematicamente, como conceito unívoco e atual, e já é um movimento datado (ela inicia no dia 03 de agosto de 1492, parte Colombo e suas três caravelas, e um fim, em 1944, com o acordo de Bretton Woods). Para Milton Santos a globalização é um movimento de organização territorial para integração dinâmica da maximização e eficácia das forças capitalistas, onde os espaços geográficos acabam se conformando como esta adição constante: mais espaço, mais território, mais lucro, mais especialização, mais movimento, com exceção do tempo, que é sempre ou conformado, diminuído ou deformado. A globalização para Santos estava entrando no seu auge na década de 1990 como um fenômeno de perversidade. O espaço para Santos é condicional, ele condiciona o registro duma assinatura temporal, seja ela geográfica ou social, e a totalidade no território nunca é homogênea, mas os fragmentos do sistema continuam agindo no lugar mesmo não havendo a totalidade. Para Santos há o espaço que une, e o espaço que separa; para Sloterdijk há o espaço de quem sai e o espaço de quem retorna. Para Santos, através da técnica, o capitalismo foi responsável pela especialização do espaço; para Sloterdijk o homem habita a modernidade em busca de um eterno mimo provendo a construção de redomas de proteção, uma arquitetura placentária de retorno ao útero materno.This essay consists of a friction of the concept of space that emerges in the literature of Peter Sloterdijk, and the book The Crystal Palace, 2006, and Milton Santos, and the work The Nature of Space, 1996. The proposal is to find a way of understanding the reality of a so-called de-modernity (retrogressive movement of human behavior towards a time that seems to go backwards in a physical calendar), so there would be no real reason to analytically separate space into [1] a sloterdijkian topological and spherological presence, [2] another miltonian materialist dialectic approach, as if they were different objects because it is through the analysis and agglutination of the spatial fragments that we find the object of understanding of contemporaneity and man's belonging in the anthropocene. We start from the assumption that Santos manage the space as a historical object (of temporal dependence), sociological (space moves according to the progress of society, that is, space reproduces itself), and totalizing geographic (understood through an elaborate and concise analysis method); Sloterdijk, when studying the ontology of interstitial relations between spaces, ends up also creating a philosophical and sociological theory that presents the 'ways of inhabiting the world' defined morphologically as spheres. For Peter Sloterdijk, globalization has morally, technically, and systematically saturated itself as a univocal and current concept, and it is already a dated movement (it starts on August 3, 1492, leaves Columbus and its three caravels, and ends, in 1944, with the Bretton Woods agreement). For Milton Santos, globalization is a movement of territorial organization for the dynamic integration of the maximization and effectiveness of capitalist forces, where geographic spaces end up conforming to this constant addition: more space, more territory, more profit, more specialization, more movement, with exception of time, which is always either conformed, diminished, or deformed. Globalization for Santos was entering its peak in the 1990s as a phenomenon of perversity. Space for Santos is conditional, it conditions the registration of a temporal signature, be it geographic or social, and the totality in the territory is never homogeneous, but the fragments of the system continue to act in place even if there is no totality. For Santos there is the space that unites, and the space that separates; for Sloterdijk there is the space of those who leave and the space of those who return. For Santos, through technique, capitalism was responsible for the specialization of space; for Sloterdijk, man inhabits modernity in search of an eternal pampering providing the construction of protective domes, a placental architecture of return to the maternal womb.application/pdfporSantos, Milton, 1926-2001Sloterdijk, Peter, 1947-A natureza do espaço (Livro)Palácio de cristal (Livro)Ciências sociais : EnsinoEspaçoGlobalizaçãoOntologiaSpaceGlobalizationSpace ontologyOntologia do espaço globalizante em Milton Santos e Peter Sloterdijk : pelas obras Natureza do Espaço (Santos, 1996) e Palácio de Cristal (Sloterdijk, 2006)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulCampus Litoral NorteTramandaí, BR-RS2023Ciências Sociais – Litoral Norte: Licenciaturagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001172896.pdf.txt001172896.pdf.txtExtracted Texttext/plain185448http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261916/2/001172896.pdf.txt22aa4f2358397a2d6b9c97b1122ed596MD52ORIGINAL001172896.pdfTexto completoapplication/pdf1321929http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261916/1/001172896.pdf9224abaa39da9a03a39aeaa2288eff21MD5110183/2619162023-07-10 10:44:34.579oai:www.lume.ufrgs.br:10183/261916Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-07-10T13:44:34Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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