O disjuntivismo ecológico e o argumento causal
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/262099 |
Resumo: | Neste artigo, argumenta-se que a abordagem ecológica da percepção oferece recursos para desarmar o argumento causal contra o disjuntivismo. Segundo o argumento causal, como os estados cerebrais que proximamente antecedem a experiência perceptiva e a experiência alucinatória correspondente podem ser do mesmo tipo, não haveria, portanto, uma boa razão para rejeitar que a experiência perceptiva e a experiência alucinatória correspondente tenham fundamentalmente a mesma natureza. O disjuntivismo com respeito à natureza da experiência seria, assim, falso. Identificam-se três suposições que apoiam o argumento causal: a suposição da indistinguibilidade, a suposição da linearidade e a suposição da duplicação. De acordo com a abordagem ecológica da percepção, essas suposições não se sustentam, abrindo espaço para a defesa de uma versão ecológica do disjuntivismo. Episódios perceptivos se estendem ao longo do tempo e são supervenientes ao sistema organismo-ambiente. Eles também podem ser distinguidos dos “correspondentes” episódios de alucinação, por serem o resultado de um processo controlado de sintonização, ao passo que as alucinações são passivas e refratárias às atividades de exploração e sintonização. Por fim, o disjuntivismo ecológico, na medida em que é imune ao argumento causal, se mostra vantajoso em relação aos disjuntivismos negativo e positivo. |
id |
UFRGS-2_864a5db1e161951516ccf5fcf082841e |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/262099 |
network_acronym_str |
UFRGS-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
repository_id_str |
|
spelling |
Carvalho, Eros Moreira de2023-07-13T03:35:57Z20230101-3173http://hdl.handle.net/10183/262099001169667Neste artigo, argumenta-se que a abordagem ecológica da percepção oferece recursos para desarmar o argumento causal contra o disjuntivismo. Segundo o argumento causal, como os estados cerebrais que proximamente antecedem a experiência perceptiva e a experiência alucinatória correspondente podem ser do mesmo tipo, não haveria, portanto, uma boa razão para rejeitar que a experiência perceptiva e a experiência alucinatória correspondente tenham fundamentalmente a mesma natureza. O disjuntivismo com respeito à natureza da experiência seria, assim, falso. Identificam-se três suposições que apoiam o argumento causal: a suposição da indistinguibilidade, a suposição da linearidade e a suposição da duplicação. De acordo com a abordagem ecológica da percepção, essas suposições não se sustentam, abrindo espaço para a defesa de uma versão ecológica do disjuntivismo. Episódios perceptivos se estendem ao longo do tempo e são supervenientes ao sistema organismo-ambiente. Eles também podem ser distinguidos dos “correspondentes” episódios de alucinação, por serem o resultado de um processo controlado de sintonização, ao passo que as alucinações são passivas e refratárias às atividades de exploração e sintonização. Por fim, o disjuntivismo ecológico, na medida em que é imune ao argumento causal, se mostra vantajoso em relação aos disjuntivismos negativo e positivo.In this paper, I argue that the ecological approach to perception provides resources to overcome the causal argument against disjunctivism. According to the causal argument, since the brain states that proximally cause the perceptual experience and the corresponding hallucinatory one can be of the same type, there would be no good reason to reject that the perceptual experience and the corresponding hallucinatory experience have fundamentally the same nature. Disjunctivism concerning the nature of the experience would then be false. I identify three assumptions that support the causal argument: the indistinguishability assumption, the linearity assumption, and the duplication assumption. According to the ecological approach to disjunctivism, these assumptions should be rejected, opening up room for a version of disjunctivism that I call ‘Ecological Disjunctivism’. Perceptual episodes are extended over time and are supervenient to the organism-environment system. They can be distinguished from the ‘corresponding’ hallucinations because the former results from a controlled process of attunement to the environment, whereas hallucinations are passive and insensible to the exploratory activities of the perceptual system. Finally, ecological disjunctivism, since it is immune to the causal argument, is more advantageous than negative and positive disjunctivism.application/pdfporTrans-form-ação : revista de filosofia. Marília, SP. Vol. 46, nesp 1 (2023), p. 147-174DisjuntivismoCausalidade (Filosofia)FilosofiaEcological disjunctivismCausal argumentIndistinguishabilityDynamical feedbackEcological psychologyO disjuntivismo ecológico e o argumento causalEcological disjunctivism and the causal argument info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001169667.pdf.txt001169667.pdf.txtExtracted Texttext/plain75801http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/262099/2/001169667.pdf.txtc2bf89bb87070b3b1146b810e00ad327MD52ORIGINAL001169667.pdfTexto completoapplication/pdf204054http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/262099/1/001169667.pdf8af2382e478d64def4bea94a2d716165MD5110183/2620992023-07-14 03:33:02.287498oai:www.lume.ufrgs.br:10183/262099Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-07-14T06:33:02Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
dc.title.alternative.en.fl_str_mv |
Ecological disjunctivism and the causal argument |
title |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
spellingShingle |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal Carvalho, Eros Moreira de Disjuntivismo Causalidade (Filosofia) Filosofia Ecological disjunctivism Causal argument Indistinguishability Dynamical feedback Ecological psychology |
title_short |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
title_full |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
title_fullStr |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
title_full_unstemmed |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
title_sort |
O disjuntivismo ecológico e o argumento causal |
author |
Carvalho, Eros Moreira de |
author_facet |
Carvalho, Eros Moreira de |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Carvalho, Eros Moreira de |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Disjuntivismo Causalidade (Filosofia) Filosofia |
topic |
Disjuntivismo Causalidade (Filosofia) Filosofia Ecological disjunctivism Causal argument Indistinguishability Dynamical feedback Ecological psychology |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Ecological disjunctivism Causal argument Indistinguishability Dynamical feedback Ecological psychology |
description |
Neste artigo, argumenta-se que a abordagem ecológica da percepção oferece recursos para desarmar o argumento causal contra o disjuntivismo. Segundo o argumento causal, como os estados cerebrais que proximamente antecedem a experiência perceptiva e a experiência alucinatória correspondente podem ser do mesmo tipo, não haveria, portanto, uma boa razão para rejeitar que a experiência perceptiva e a experiência alucinatória correspondente tenham fundamentalmente a mesma natureza. O disjuntivismo com respeito à natureza da experiência seria, assim, falso. Identificam-se três suposições que apoiam o argumento causal: a suposição da indistinguibilidade, a suposição da linearidade e a suposição da duplicação. De acordo com a abordagem ecológica da percepção, essas suposições não se sustentam, abrindo espaço para a defesa de uma versão ecológica do disjuntivismo. Episódios perceptivos se estendem ao longo do tempo e são supervenientes ao sistema organismo-ambiente. Eles também podem ser distinguidos dos “correspondentes” episódios de alucinação, por serem o resultado de um processo controlado de sintonização, ao passo que as alucinações são passivas e refratárias às atividades de exploração e sintonização. Por fim, o disjuntivismo ecológico, na medida em que é imune ao argumento causal, se mostra vantajoso em relação aos disjuntivismos negativo e positivo. |
publishDate |
2023 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2023-07-13T03:35:57Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2023 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/other |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/262099 |
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv |
0101-3173 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
001169667 |
identifier_str_mv |
0101-3173 001169667 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/262099 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv |
Trans-form-ação : revista de filosofia. Marília, SP. Vol. 46, nesp 1 (2023), p. 147-174 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
collection |
Repositório Institucional da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/262099/2/001169667.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/262099/1/001169667.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
c2bf89bb87070b3b1146b810e00ad327 8af2382e478d64def4bea94a2d716165 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1801225091646750720 |