“If a garden wasn’t loved it could not properly grow!" : sand lizard gardening, cosmopolitics and the erotic in Leslie Marmon Silko’s Gardens in the dunes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vedana, Ana Laura Tisott
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/230666
Resumo: O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo investigar três temas no romance Gardens in the Dunes, de Leslie Marmon Silko: jardinagem, viagem, e sexualidade. Ao incorporar as perspectivas de personagens indígenas e não-indígenas à narração, o romance mostra como as diferentes heranças culturais de cada personagem afetam a relação deles com esses temas. Este trabalho inicia com uma discussão sobre o uso que o colonialismo de povoamento faz de uma estratégia de dominação genocida que Gilio-Whitaker denomina privação ambiental, que destrói jardins indígenas e rompe teias de relações de interdependência entre diversos seres. Vine Deloria, Jr. descreve essa interdependência através do conceito de universo moral. Assim, no romance, a jardinagem indígena é entendida como uma prática que envolve sustento e interdependência, diferentemente da visão da jardinagem como hobby para personagens não-indígenas. Em contraste, os jardins cultivados por personagens brancos são analisados em relação à forma como os jardineiros os organizam de acordo com diferentes tradições culturais. Enquanto que os jardins americanos são sustentados por ideias imperialistas e patriarcais características do século XIX relativas à terra, aos seres além-de-humanos e às práticas de jardinagem, os jardins na Europa estão intimamente ligados a tradições europeias pré-cristãs, como a adoração de pedras e bosques em Bath ou a adoração de cobras em Lucca. Além disso, em relação à viagem, há um contraste entre a jornada de Indigo, durante a qual a menina Sand Lizard coleta sementes para levar de volta para casa e cria laços afetivos com as anfitriãs europeias, e as expedições de Edward, seu tutor americano, que servem para contrabandear plantas exóticas que serão vendidas para investidores privados. A atitude de Indigo ao encontrar novos lugares e seres é descrita como cosmopolítica, de acordo com o conceito de Isabelle Stengers, por seu reconhecimento de seres além-de-humanos como agentes políticos. Além disso, o modo com que ela cria laços com novos seres é entendida através do conceito do sensível, proposto por David Abram, uma forma de perceber o mundo que é atenta a como outras formas de vida se comunicam. Outra dimensão da narrativa, a sexualidade, é analisada aqui a partir das contribuições de Deborah A. Miranda e da discussão que Silko faz das histórias da Mulher Amarela. As relações de Edward e Hattie com seus papeis de gênero e com o erótico são comparadas com as práticas sexuais e o equilíbrio ginostêmico de gênero dos sand lizard. Por fim, este trabalho propõe que o uso subversivo do discurso indireto livre faz com que Gardens in the Dunes seja um texto mediacional, de acordo com o conceito de James Ruppert de mediação. Desta forma, ao instigarem os leitores e leitoras a repensar suas influências culturais, as histórias que o romance conta permitem que cosmovisões indígenas se resemeiem e sobrevivam à violência colonial.
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Assim, no romance, a jardinagem indígena é entendida como uma prática que envolve sustento e interdependência, diferentemente da visão da jardinagem como hobby para personagens não-indígenas. Em contraste, os jardins cultivados por personagens brancos são analisados em relação à forma como os jardineiros os organizam de acordo com diferentes tradições culturais. Enquanto que os jardins americanos são sustentados por ideias imperialistas e patriarcais características do século XIX relativas à terra, aos seres além-de-humanos e às práticas de jardinagem, os jardins na Europa estão intimamente ligados a tradições europeias pré-cristãs, como a adoração de pedras e bosques em Bath ou a adoração de cobras em Lucca. Além disso, em relação à viagem, há um contraste entre a jornada de Indigo, durante a qual a menina Sand Lizard coleta sementes para levar de volta para casa e cria laços afetivos com as anfitriãs europeias, e as expedições de Edward, seu tutor americano, que servem para contrabandear plantas exóticas que serão vendidas para investidores privados. A atitude de Indigo ao encontrar novos lugares e seres é descrita como cosmopolítica, de acordo com o conceito de Isabelle Stengers, por seu reconhecimento de seres além-de-humanos como agentes políticos. Além disso, o modo com que ela cria laços com novos seres é entendida através do conceito do sensível, proposto por David Abram, uma forma de perceber o mundo que é atenta a como outras formas de vida se comunicam. Outra dimensão da narrativa, a sexualidade, é analisada aqui a partir das contribuições de Deborah A. Miranda e da discussão que Silko faz das histórias da Mulher Amarela. As relações de Edward e Hattie com seus papeis de gênero e com o erótico são comparadas com as práticas sexuais e o equilíbrio ginostêmico de gênero dos sand lizard. Por fim, este trabalho propõe que o uso subversivo do discurso indireto livre faz com que Gardens in the Dunes seja um texto mediacional, de acordo com o conceito de James Ruppert de mediação. Desta forma, ao instigarem os leitores e leitoras a repensar suas influências culturais, as histórias que o romance conta permitem que cosmovisões indígenas se resemeiem e sobrevivam à violência colonial.This undergraduate dissertation investigates three themes in Leslie Marmon Silko’s Gardens in the Dunes—gardening, travelling, and sexuality—and argues that, by incorporating into the narration the perspectives of both native and non-native characters, the novel shows how each characters’ cultural legacies affect their relationship to these themes. This work opens with a discussion of how genocidal settler colonialism attacks indigenous gardens, a domination strategy Gilio-Whitaker calls environmental deprivation, which disrupts a web of interdependent relations among diverse beings. Vine Deloria, Jr. describes this interdependency through his concept of a moral universe. Accordingly, in the novel, indigenous gardening is understood as a practice that involves sustenance and interdependence, distinct from the hobby it represents to non-indigenous characters. On the other hand, gardens cultivated by white characters are analyzed in relation to how the gardeners organize them according to different cultural traditions. While the American gardens are backed by nineteenth-century imperialist and patriarchal ideas about land, other-than-human beings, and gardening practices, the gardens in Europe are intimately related to pre-Christian European traditions, such as stone and grove worshipping in Bath, or snake worshipping in Lucca. In addition to that, on the topic of travelling, this work proposes a contrast between Indigo’s journey and Edward’s expeditions. While in the former Indigo finds seeds to bring back home and creates bonds with the European gardeners, in the latter Edward smuggles exotic plant species to be sold to private investors. Indigo’s attitude to meeting new places and beings is described here as related to Isabelle Stengers’ cosmopolitics, because of her recognition of other-than-human beings as political agents. Besides, her means of making acquaintance to these beings is understood through David Abram’s conception of the sensuous, a way of perceiving the world that is attuned to other life forms’ ways of communicating. Sexuality is another aspect of the narrative that is analyzed following critic Deborah A. Miranda and Silko’s discussion of Yellow Woman’s stories. Edward’s and Hattie’s relationships to their own gender roles and to the erotic are analyzed in comparison to the Sand Lizards’ sexual practices and gynostemic gender balance. Finally, this work proposes that Silko’s subversive use of free indirect speech makes this novel a mediational text, according to James Ruppert’s concept of mediation. Therefore, by inviting readers to rethink their cultural biases, the stories in Gardens in the Dunes allow indigenous worldviews to reseed and outlast colonial violence.application/pdfengSilko, Leslie Marmon, 1948-Análise literáriaInterpretaçãoIndigenous gardeningGardens in the Dunes“If a garden wasn’t loved it could not properly grow!" : sand lizard gardening, cosmopolitics and the erotic in Leslie Marmon Silko’s Gardens in the dunesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPorto Alegre, BR-RS2021Letras: Habilitação em Tradutor Português e Inglês: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001131227.pdf.txt001131227.pdf.txtExtracted Texttext/plain206737http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/230666/2/001131227.pdf.txtb7112ee3025b0ef741c6a021fd3e05a7MD52ORIGINAL001131227.pdfTexto completo (inglês)application/pdf1827482http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/230666/1/001131227.pdfa9d0e2a415e3b590aee50a27f50c728eMD5110183/2306662022-08-06 04:54:13.312768oai:www.lume.ufrgs.br:10183/230666Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-08-06T07:54:13Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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