Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Monaretto, Valeria Neto de Oliveira
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/158637
Resumo: Um dos problemas mais difíceis do vocalismo do português antigo é o valor fonético a ser atribuído às letras e e o quando não derivadas das formas tônicas do latim (NARO, 1973). Não há evidências diretas que atestem a realização dessas vogais como [e, o] ou [i, u] em português antigo. A ortografia revela ocorrências acidentais de registros variáveis, e as gramáticas dos séculos XVI, XVII e XVIII alertam sobre a relação estreita dessas letras. Conforme Câmara Jr (1975b), no português brasileiro moderno, as sete vogais /a, e, E, o, ɔ, u/ são reduzidas na posição postônica, em decorrência de um processo de neutralização entre vogais médias e vogais altas, condicionado prosodicamente. Entretanto, esse processo não é categórico no português brasileiro. Estudos sobre esse fenômeno fonológico na fala do sul do Brasil, sob a ótica da sociolinguística laboviana, revelam que a neutralização atua como uma regra variável, pois são encontradas realizações ora como vogais médias [e, o], ora como vogais altas [i,u], como, por exemplo, nas formas pent[e], alternado com pent[i]; bordad[o], como bordad[u], entre outros Com base em um levantamento grafemático das letras e e o em contexto postônico, o presente trabalho objetiva contribuir para a descrição de sincronias passadas da língua portuguesa através de possíveis registros de alteamento de vogais postônicas. A variação gráfica entre e/i e o/u em jornais oitocentistas sul rio-grandenses encontrada em periódicos não permitiu verificar o comportamento variável das vogais postônicas, pela escassez de dados. No entanto, há indícios grafológicos variáveis de alçamento em vogais pretônicas que evidenciam a instabilidade de realização das vogais médias átonas, que se encontra consolidada na norma escrita de vogais postônicas com e e com o, desde muito tempo. Parece haver uma neutralização entre sons, manifestada pela opção da escolha de um só grafema.
id UFRGS-2_bcee1cb7ed50d065fa6448c2253bdedd
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/158637
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Monaretto, Valeria Neto de Oliveira2017-05-26T02:32:22Z20131980-2552http://hdl.handle.net/10183/158637000950943Um dos problemas mais difíceis do vocalismo do português antigo é o valor fonético a ser atribuído às letras e e o quando não derivadas das formas tônicas do latim (NARO, 1973). Não há evidências diretas que atestem a realização dessas vogais como [e, o] ou [i, u] em português antigo. A ortografia revela ocorrências acidentais de registros variáveis, e as gramáticas dos séculos XVI, XVII e XVIII alertam sobre a relação estreita dessas letras. Conforme Câmara Jr (1975b), no português brasileiro moderno, as sete vogais /a, e, E, o, ɔ, u/ são reduzidas na posição postônica, em decorrência de um processo de neutralização entre vogais médias e vogais altas, condicionado prosodicamente. Entretanto, esse processo não é categórico no português brasileiro. Estudos sobre esse fenômeno fonológico na fala do sul do Brasil, sob a ótica da sociolinguística laboviana, revelam que a neutralização atua como uma regra variável, pois são encontradas realizações ora como vogais médias [e, o], ora como vogais altas [i,u], como, por exemplo, nas formas pent[e], alternado com pent[i]; bordad[o], como bordad[u], entre outros Com base em um levantamento grafemático das letras e e o em contexto postônico, o presente trabalho objetiva contribuir para a descrição de sincronias passadas da língua portuguesa através de possíveis registros de alteamento de vogais postônicas. A variação gráfica entre e/i e o/u em jornais oitocentistas sul rio-grandenses encontrada em periódicos não permitiu verificar o comportamento variável das vogais postônicas, pela escassez de dados. No entanto, há indícios grafológicos variáveis de alçamento em vogais pretônicas que evidenciam a instabilidade de realização das vogais médias átonas, que se encontra consolidada na norma escrita de vogais postônicas com e e com o, desde muito tempo. Parece haver uma neutralização entre sons, manifestada pela opção da escolha de um só grafema.One of the most difficult problems of the vocalism of the old portuguese is the phonetic value to be assigned to the letters e and o when not derived from the Latin tonic forms (Naro, 1973). There is no direct evidence attesting to the realization of these vowels [e, o] or [i, u] in former Portuguese. Spelling reveals accidental occurrences variable record, and the grammars of the sixteenth, seventeenth, eighteenth warn about the close relationship of these letters. As Câmara Jr (1975b), in modern Brazilian Portuguese, the seven vowels / a, e, E, o, ɔ, u / are reduced in pos-tonic position, as a result of a neutralization process between middle vowels and high vowels, prosodically conditioned. However, this process is not categorical in Brazilian Portuguese. Studies on this phenomenon phonological speech of southern Brazil, from the perspective of sociolinguistics Labovian reveal that neutralization acts as a variable rule, because achievements are found either as mid vowels [e, o], sometimes as high vowels [i, u], for example, in the forms pent[e], alternated with pent[i]; bordad[o], with bordad[u] among others Based on a survey of the letters e and o post-tonic into context, this work aims to contribute to the description of synchronicities past the Portuguese language through records possible of heightening vowels post-tonics. The variation between graphical e/i and o/u in newspapers nineteenth century southern Rio Grande found in journals not possible to verify the behavior of the variable post-tonic vowels, the scarcity of data. However, there is evidence graphological variables pre-tonics vowels show that the instability of realization of unstressed mid vowels, which is consolidated in the standard writing vowels post-tonics with e and with o, long time. There seems to be an offset between sounds, manifested by the option of choosing a single grapheme.application/pdfporDiadorim : revista de estudos lingüísticos e literários. Rio de Janeiro. N. 14 (dez. 2013), f. 77-98Vogais postônicasLinguísticaLíngua portuguesaPost-tonic vowelsPortuguese Brazilian nineteenth centuryValor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchosinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000950943.pdf000950943.pdfTexto completoapplication/pdf858044http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/158637/1/000950943.pdf46d24e1213c6eebcc6a68ffa40df9f51MD51TEXT000950943.pdf.txt000950943.pdf.txtExtracted Texttext/plain61233http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/158637/2/000950943.pdf.txtdeae7317dcb196e9aa3789b5ffa27d45MD5210183/1586372019-02-20 02:36:58.082101oai:www.lume.ufrgs.br:10183/158637Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2019-02-20T05:36:58Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
title Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
spellingShingle Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
Monaretto, Valeria Neto de Oliveira
Vogais postônicas
Linguística
Língua portuguesa
Post-tonic vowels
Portuguese Brazilian nineteenth century
title_short Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
title_full Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
title_fullStr Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
title_full_unstemmed Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
title_sort Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
author Monaretto, Valeria Neto de Oliveira
author_facet Monaretto, Valeria Neto de Oliveira
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Monaretto, Valeria Neto de Oliveira
dc.subject.por.fl_str_mv Vogais postônicas
Linguística
Língua portuguesa
topic Vogais postônicas
Linguística
Língua portuguesa
Post-tonic vowels
Portuguese Brazilian nineteenth century
dc.subject.eng.fl_str_mv Post-tonic vowels
Portuguese Brazilian nineteenth century
description Um dos problemas mais difíceis do vocalismo do português antigo é o valor fonético a ser atribuído às letras e e o quando não derivadas das formas tônicas do latim (NARO, 1973). Não há evidências diretas que atestem a realização dessas vogais como [e, o] ou [i, u] em português antigo. A ortografia revela ocorrências acidentais de registros variáveis, e as gramáticas dos séculos XVI, XVII e XVIII alertam sobre a relação estreita dessas letras. Conforme Câmara Jr (1975b), no português brasileiro moderno, as sete vogais /a, e, E, o, ɔ, u/ são reduzidas na posição postônica, em decorrência de um processo de neutralização entre vogais médias e vogais altas, condicionado prosodicamente. Entretanto, esse processo não é categórico no português brasileiro. Estudos sobre esse fenômeno fonológico na fala do sul do Brasil, sob a ótica da sociolinguística laboviana, revelam que a neutralização atua como uma regra variável, pois são encontradas realizações ora como vogais médias [e, o], ora como vogais altas [i,u], como, por exemplo, nas formas pent[e], alternado com pent[i]; bordad[o], como bordad[u], entre outros Com base em um levantamento grafemático das letras e e o em contexto postônico, o presente trabalho objetiva contribuir para a descrição de sincronias passadas da língua portuguesa através de possíveis registros de alteamento de vogais postônicas. A variação gráfica entre e/i e o/u em jornais oitocentistas sul rio-grandenses encontrada em periódicos não permitiu verificar o comportamento variável das vogais postônicas, pela escassez de dados. No entanto, há indícios grafológicos variáveis de alçamento em vogais pretônicas que evidenciam a instabilidade de realização das vogais médias átonas, que se encontra consolidada na norma escrita de vogais postônicas com e e com o, desde muito tempo. Parece haver uma neutralização entre sons, manifestada pela opção da escolha de um só grafema.
publishDate 2013
dc.date.issued.fl_str_mv 2013
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2017-05-26T02:32:22Z
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/other
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/158637
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 1980-2552
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000950943
identifier_str_mv 1980-2552
000950943
url http://hdl.handle.net/10183/158637
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv Diadorim : revista de estudos lingüísticos e literários. Rio de Janeiro. N. 14 (dez. 2013), f. 77-98
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/158637/1/000950943.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/158637/2/000950943.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 46d24e1213c6eebcc6a68ffa40df9f51
deae7317dcb196e9aa3789b5ffa27d45
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801224916204257280