População em situação de rua e seu acesso à alimentação : uma desigualdade intensificada pela pandemia de COVID-19

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Natália Borges
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Reidel, Tatiana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/274353
Resumo: Em 2022, 33,1 milhões de pessoas são atingidas pela fome, e o acesso à alimentação pela população em situação de rua é dificultado ainda mais no contexto pandêmico da COVID-19. Este artigo busca compreender como está preconizado o acesso à alimentação da pessoa em situação de rua na cidade de Porto Alegre. Trata-se de pesquisa qualitativa em que as entrevistas foram guiadas por um roteiro com questões abertas. As entrevistas aconteceram pelo método bola de neve em que cada entidade sugeriu outra para a entrevista. Assim, foram totalizadas 10 entidades relacionadas ao tema, cujos dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. Como critério de inclusão está “a entidade que trabalha com população em situação de rua e alimentação em Porto Alegre”. Como resultados, evidencia-se que há quatro formas de acesso à alimentação: ações individuais, de terceiros, do Estado e de projetos sociais. Destaca-se, também, o desmonte de políticas públicas vivenciado no Brasil e a consequente ausência do papel do Estado na garantia do direito à alimentação, o que faz recair sobre a sociedade civil uma responsabilidade que é do Estado. Conclui-se que a alimentação da pessoa em situação de rua é mais proporcionada pelas ações voluntárias, o que sinaliza a transferência de papel do Estado à sociedade civil. Há necessidade de reconhecer a insegurança alimentar como problema emergente e que requer enfrentamento por meio de melhor distribuição de renda, emprego e direitos trabalhistas, assim como políticas sociais públicas, com medidas que ultrapassem a perspectiva filantrópica de entidades. Reitera-se a importância da pesquisa e da produção de conhecimento com vistas a visibilizar a falta de acesso ao direito à alimentação e os desafios de pensar sobre o tema considerando a população em situação de rua.
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Como resultados, evidencia-se que há quatro formas de acesso à alimentação: ações individuais, de terceiros, do Estado e de projetos sociais. Destaca-se, também, o desmonte de políticas públicas vivenciado no Brasil e a consequente ausência do papel do Estado na garantia do direito à alimentação, o que faz recair sobre a sociedade civil uma responsabilidade que é do Estado. Conclui-se que a alimentação da pessoa em situação de rua é mais proporcionada pelas ações voluntárias, o que sinaliza a transferência de papel do Estado à sociedade civil. Há necessidade de reconhecer a insegurança alimentar como problema emergente e que requer enfrentamento por meio de melhor distribuição de renda, emprego e direitos trabalhistas, assim como políticas sociais públicas, com medidas que ultrapassem a perspectiva filantrópica de entidades. Reitera-se a importância da pesquisa e da produção de conhecimento com vistas a visibilizar a falta de acesso ao direito à alimentação e os desafios de pensar sobre o tema considerando a população em situação de rua.In 2022, 33.1 million people are affected by hunger, and access to food by the homeless population is made even more difficult in the context of the COVID-19 pandemic. This article seeks to understand how access to food is recommended for homeless people in the city of Porto Alegre. This is a qualitative research in which the interviews were guided by a script with open questions. The interviews took place by the snowball method in which each entity suggested another for the interview. Thus, 10 entities related to the theme were totaled, whose data were analyzed through content analysis. As an inclusion criterion is “the entity that works with the street population and food in Porto Alegre”. As a result, it is evident that there are four forms of access to food: individual actions, third parties, the State and social projects. Also is the dismantling of public policies experienced in Brazil and the consequent absence of the role of the State in guaranteeing the right to food, which makes civil society a responsibility that is a duty of the State. It is concluded that the food of the homeless person is more accessed by voluntary actions, which signals about the transfer of role from the State to civil society. There is a need to recognize food insecurity as an emerging and necessary problem to be faced through better distribution of income, employment and labor rights, as well as public social policies, with measures that go beyond the philanthropic perspective of entities. The importance of research and the production of knowledge is reiterated in order to make visible the lack of access to the right to food and the challenges of thinking about the subject considering the homeless population.En 2022, 33,1 millones de personas se ven afectadas por el hambre, y el acceso a los alimentos de la población sin hogar se dificulta aún más en el contexto de la pandemia del COVID-19. Este artículo busca comprender cómo se recomienda el acceso a los alimentos para las personas sin hogar en la ci-udad de Porto Alegre. Se trata de una investigación cualitativa en la que las entrevistas fueron guiadas por un guión con preguntas abiertas. Las entrevistas se realizaron por el método bola de nieve en el que cada entidad sugería otra para la entrevista. Así, fueron totalizadas 10 entidades relacionadas con el tema, cuyos datos fueron analizados a través del análisis de contenido. Como criterio de inclusión está “la entidad que trabaja con la población de la calle y la alimentación en Porto Alegre”. Como resultado, se evidencia que existen cuatro formas de acceso a los alimentos: acciones individuales, de terceros, del Estado y proyectos sociales. También se destaca el desmantelamiento de las políticas públicas experimentado en Brasil y la consecuente ausencia del papel del Estado en la garantía del derecho a la alimentación, lo que convierte a la sociedad civil una responsabilidad que es un deber del Estado. Se concluye que la alimentación de la persona en situación de calle se accede más por acciones voluntarias, lo que señala el traspaso de rol del Estado a la sociedad civil. Es imperativo que reconozcamos la inseguridad alimentaria como un problema emergente que requiere una mejor distribución del ingreso, el empleo y los derechos laborales, así como políticas públicas sociales, con medidas que superen la mirada filantrópica de las entidades. Se reitera la importancia de la investigación y la producción de conocimiento como herramientas para visibilizar la falta de acceso al derecho a la alimentación y los desafíos de pensar el tema considerando a la población en situación de calle.application/pdfporRevista saberes plurais : educação na saúde. Porto Alegre. Vol. 7, n. 1 (jan./jun. 2023), e128169, p. 1-12Pessoas em situação de ruaCOVID-19Insegurança alimentarHomeless peopleFoodCOVID-19Personas sin hogarAlimentaciónPopulação em situação de rua e seu acesso à alimentação : uma desigualdade intensificada pela pandemia de COVID-19Homeless people and their access to food : inequality intensified by the COVID-19 pandemicPersonas sin hogar y su acceso a la alimentación : desigualdad intensada por la pandemia del COVID-19info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001194777.pdf.txt001194777.pdf.txtExtracted Texttext/plain45315http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/274353/2/001194777.pdf.txt5f4575f7612d2163b90d7a3e6d653ba8MD52ORIGINAL001194777.pdfTexto completoapplication/pdf911585http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/274353/1/001194777.pdf368fca8edd37081182328f01c4d8929dMD5110183/2743532024-08-21 06:39:18.243537oai:www.lume.ufrgs.br:10183/274353Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-08-21T09:39:18Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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