Análise da expressão gênica de TP53, MDM2 e CDKN1A em câncer de próstata e hiperplasia prostática benigna

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ledur, Caetana Machado
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/109732
Resumo: O câncer de próstata é o câncer mais comum no sexo masculino e consiste em uma doença com comportamento dependente de androgênios para a proliferação e manutenção tumoral. Deste modo, um dos tratamentos mais comuns para a doença consiste na terapia de ablação androgênica, química (fármacos antiandrogênicos) ou cirúrgica (orquidectomia). No entanto, grande parte dos pacientes, eventualmente, progride a uma condição refratária à depleção de androgênios. A sinalização androgênica na próstata se dá através do receptor de androgênios, que atua como fator de transcrição, sendo capaz de mediar a ativação ou repressão da transcrição de inúmeros genes. Dessa forma, este receptor apresenta um importante papel na proliferação e diferenciação de células prostáticas. Recentemente foram descritas variantes deste receptor geradas a partir de splicing alternativo. Estas variantes possuem deleção da região responsável pela ligação a hormônios androgênicos e, curiosamente, são constitutivamente ativadas, independentemente da presença destes hormônios. Assim, é de se esperar que as variantes estejam expressas em cânceres mais avançados, onde há depleção androgênica. Contudo, estas variantes já foram descritas na hiperplasia prostática benigna, uma doença proliferativa e não maligna. No câncer de próstata, como em outros tumores, as alterações em genes relacionados ao ciclo celular são críticas para a progressão tumoral. Genes como TP53 (tumor protein p53), MDM2 (MDM2 oncogene, Mouse Double Minute 2) e CDKN1A (cyclin-dependent kinase inhibitor 1A) podem apresentar alterações que contribuam para a proliferação tumoral e para um pior prognóstico. O gene TP53 é um gene supressor tumoral envolvido na resposta celular a danos ao DNA. Frequentemente é inativado em cânceres humanos, sendo que a perda de função está associada ao aumento da tumorigenicidade e ao tamanho do tumor. A inativação deste gene pode se dar através da proteína Mdm2, que é codificada pelo gene MDM2. Em condições normais, a proteína p53 encontra-se complexada com Mdm2, e, portanto, inativa. No entanto, em resposta a danos ao DNA, o complexo se desfaz devido à fosforilação de p53, o que a torna ativa. Assim, pode ser desencadeada a ativação da transcrição de genes alvos como o gene CDKN1A. Este gene codifica a proteína p21 Cip1/Waf1, proteína inibidora de cinase dependente ciclina (CDKI), que promove a interrupção da síntese de DNA e do ciclo celular através da inibição das cinases dependentes de ciclinas (CDK). A proteína p21 apresenta funções que inibem a proliferação celular, e também funções que contribuem para a progressão tumoral. Assim, a elevada expressão de CDKN1A no câncer de próstata pode estar associada a metástases e à instabilidade genética. Nesse estudo buscamos analisar a expressão gênica dos genes TP53, MDM2 e CDKN1A e verificar a possível correlação com a expressão das isoformas do receptor de androgênios. A análise da expressão gênica foi realizada através da técnica RT-qPCR no grupo câncer de próstata (N=26) e no grupo HPB (N=27). A expressão gênica de todos os genes estudados foi significativamente maior no grupo câncer de próstata quando comparado ao grupo HPB (P<0,05). Nas amostras de câncer de próstata, foi encontrada uma correlação positiva entre os níveis de RNAm do TP53 e do AR3/4/5. Também foi encontrada uma correlação positiva dos níveis de RNAm de MDM2 com o receptor de androgênios full-lenght e com a expressão das isoformas AR3/5/6. Desta forma, estes resultados ressaltam a participação dos genes estudados (TP53, MDM2 e CDKN1A) na proliferação celular no câncer de próstata. Além disso, as correlações encontradas com as isoformas do receptor de androgênios nos permitem dissertar acerca de uma possível interação entre os genes estudados e as isoformas, a fim de permitir a manutenção do processo tumoral no CaP.
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