Um fio de diferença: masculinidades no mundo do trabalho, 1870-1910

• Autor(a) principal: Mihaely, Gil
• Data de Publicação: 2007
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Anos 90 (Online)
• Texto Completo: https://seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/5401
• topic: Domésticos; Empregados domésticos; Garçons de receitas; Garçons de café; Garçons de bares; Restaurantes; Cafés; Virilidade; Masculinidade; Operários; Identidade; Bigode; Banco da França

Na paisagem social francesa do século XIX, quando a classe operária se definiu contra um papel de dependência, pelo menos entre os operários organizados, a domesticidade masculina desempenha um papel estruturante na cristalização de suas identidades. O doméstico é o modelo por excelência de uma posição de dependência, e em torno dele se articulam representações sociais fundamentais. A análise de dois conflitos sociais protagonizados, entre os anos de 1870 e os anos de 1910, pelos garçons de café e pelos agentes ambulantes do Banco da França pelo direito de usar bigodes desvenda os mecanismos sociais e culturais desse fenômeno. Ela demonstra como o valor masculino – ou feminino – de algumas posições no mundo do trabalho pesa na construção de identidades e de pertencimentos. Os operários se encontram em um campo identitário em que os domésticos formam o pólo feminino, e os militares – enquanto representação de uma masculinidade hegemônica – o pólo viril. Assim, como ilustram os dois casos estudados, eles se posicionam definindo-se em relação a esses dois pivôs identitários e travam uma luta não somente contra seus patrões, mas também contra a clientela e mesmo contra alguns de seus “colegas” cujo status dependia da existência de uma categoria inferior de operários.