Streptococcus agalactiae: caracterização fenotípica e genotípica de amostras isoladas de espermocultura

• Autor(a) principal: Merces, Ana Clarisse
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/20616
• topic: Streptococcus agalactiae; Virulência; Prostatite; Anti-infecciosos; Biofilmes; Virulence; Prostatitis; Anti-infective agents; Biofilms; CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::MICROBIOLOGIA; CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::IMUNOLOGIA

Streptococcus agalactiae (“Group B Streptococcus”, GBS) inicialmente foi reconhecido como causador de mastite bovina e é um importante patógeno causador de infecções em humanos. A detecção de S. agalactiae em espermocultura de pacientes com prostatite bacteriana crônica gerou interesse, pois pouco se sabe da associação desse microrganismo com quadros de prostatite e epididimite. Por isso, o objetivo deste estudo foi caracterizar amostras de GBS, isoladas a partir de espécimes clínicos de espermoculturas por métodos fenotípicos e genotípicos. Este estudo incluiu 49 cepas de GBS, provenientes de sêmen, isoladas em um laboratório particular, entre os anos de 2019 e 2022. Inicialmente foi realizada uma identificação presuntiva dos isolados pelos métodos de coloração de Gram, teste de fator CAMP e teste da hidrólise do hipurato de sódio. A confirmação da identificação foi realizada utilizando-se a técnica de MALDI-TOF. A determinação do tipo capsular foi realizada utilizando-se o método de aglutinação em látex, com auxílio do kit Immulex Strep-B (SSI Diagnóstica, Dinamarca) e a determinação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foi realizada através da técnica de disco-difusão, seguindo as recomendações do CLSI. Os genes envolvidos na produção dos pili PI-1, PI-2a e PI-2b foram detectados através da metodologia de PCR uniplex. Todas as amostras foram avaliadas quanto à capacidade de produção de biofilme em placas de poliestireno. As amostras de GBS se apresentaram como cocos gram positivos, CAMP positivas, capazes de hidrolisar o hipurato de sódio e com escores de confiabilidade (≥ 2,0) por MALDI-TOF. A distribuição dos tipos sorológicos entre as amostras demonstrou predominância do sorotipo V (28,6%), seguido dos sorotipos Ia (22,4%), Ib (14,3%), IV (14,3%), III (10,2%) e II (4,1%). Três amostras foram não tipáveis (NT= 6%). Quanto ao perfil de susceptibilidade, todas as amostras foram sensíveis a penicilina e vancomicina, enquanto a resistência a tetraciclina, levofloxacina, eritromicina e clindamicina foi observada, respectivamente, em 81,6% 8,2%, 44,8% e 16,3% das amostras. Ainda, 4 amostras (8%) demonstraram multirresistência após apresentarem perfil de resistência a levofloxacina, eritromicina, clindamicina, tetraciclina e cloranfenicol. Todas as amostras apresentaram, ao menos um tipo dos pili avaliados, sendo o pilus mais prevalente o PI-2a (50%) e a combinação PI-1 + PI-2a a predominante (30%). Um total de 93,9% das amostras demonstrou a capacidade de formar biofilme, sendo que 55,1% foram consideradas fortes produtores. Esses resultados trazem subsídios importantes por se tratar de um trabalho com dados inéditos quanto a caracterização fenotípica e genotípica de amostras de GBS provenientes de esperma no Brasil. Além disso, os dados aqui reportados, como as altas taxas de resistência, a multirresistência e a ampla distribuição de importantes estruturas de virulência entre as amostras analisadas, nos alertam para a necessidade de uma maior vigilância sobre as amostras de GBS nesse contexto em nossa região.