Evolução tectônica do segmento extremo leste da Margem Equatorial brasileira: contribuição do mapeamento estrutural (onshore) e da modelagem física
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51301 |
Resumo: | A descoberta nas últimas décadas de províncias de hidrocarbonetos associadas a Margem Transformante Equatorial (MTE) gerou um crescente interesse em melhor entender a evolução dessa margem, sendo considerada uma nova fronteira exploratória. Na porção brasileira, a MTE compreende a riftes intracontinentais e margens passivas. No presente trabalho investigou-se a evolução pré- a sin-desenvolvimento da MTE, a partir da aplicação da ferramenta modelagem estrutural física, e análise multiescalar do registro da deformação frágil presente no embasamento cristalino das bacias Potiguar e Ceará, porção extremo leste da Margem Equatorial Brasileira (MEB). Os dados da modelagem evidenciam que o processo de rifteamento da MTE se deu de modo predominantemente oblíquo ao campo de distensão. Essa margem compreendeu durante seu estágio de evolução inicial, em escala de placa, uma importante zona de transferência oblíqua (α = 20º) desenvolvida entre o Atlântico Sul e o Central. Em estágio maturo, essa zona evoluiu a riftes oblíquos diacrônicos, cujas margens são compostas por segmentos de falhas oblíquas (normais-dextrais), NW-SE, e transcorrentes E-W a WNW-ESE, definindo em conjunto geometria em zigzag. Dois domínios tectônicos distintos ocorrem ao longo da MTE: (i) regiões de extremidade caracterizadas por deformação oblíqua com intensa rotação e basculamento do substrato, e (ii) uma região central dominada por deformação transcorrente (e oblíqua), com a presença de bacias oblíquas e pull-apart, além de platôs marginais. O embasamento das bacias Ceará e Potiguar evidencia o registro da superposição de pelo menos quatro eventos deformacionais relacionados a pré- e sin-estruturação da MEB. O evento mais antigo D1 (Tardi-brasiliano) é expresso por fraturas escalonadas NE-SW (dextrais) e juntas distensionais secas ou preenchidas por quartzo e calcedônia (NE-SW a E-W). Esse evento relaciona-se a uma transpressão dextral NE-SW intraplaca associada a exumação progressiva da cadeia orogênica brasiliana-panafricana. O evento D2 (Neojurássico ao Aptiano) caracteriza-se por falhas normais e juntas NE-SW, fraturas NNE-SSW escalonadas sinistrais, e diques básicos (Magmatismo Rio CearáMirim) NW-SE e E-W. Essas estruturas assinalam um paleocampo distensional NW-SE compatível ao atuante durante a formação da Margem Leste Brasileira e desenvolvimento das bacias interiores do Nordeste. O evento D3 (Aptiano), início da instalação da proto-margem equatorial, é representado por fraturas híbridas, cisalhantes dextrais WNW-ESE e ENE-WSW, e sinistrais NNE-SSW e NNW-SSE; e juntas NWSE distensionais, secas ou preenchidas (calcedônia, óxido e hidróxido de ferro, e calcita), que em conjunto possuem cinemática transtrativa dextral E-W. Jogs dilatacionais são característicos desse evento, expressando relação fractal com os grábens Messejana e Jacaúna da Bacia Potiguar. Falhas normais e fraturas distensionais N-S, e fraturas híbridas cisalhantes NNW-SSE, secas ou preenchidas (carbonato e óxido-hidróxido de ferro) caracterizam o evento mais jovem D4. Esse evento exibe campo de paleotensão compressional N-S e distensional E-W, podendo ser interpretado como relacionado a rotação e drift entre as placas tectônicas pós-Aptiano. Anisotropias prévias, a exemplo do Lineamento Transbrasiliano (LTB), podem controlar a nucleação e estruturação de bacias sedimentares. O papel desempenhado pelo LTB na estruturação da MEB, entretanto, ainda é pouco entendido. Assim, os dados oriundos da modelagem física indicam que o LTB foi reativado durante o desenvolvimento da MEB controlando a estruturação, configuração e partição da deformação entre as sub-bacias que compõem a Bacia Ceará. Falhas normais-dextrais, NE-SW compreendem as principais expressões da reativação do LTB. Amplas dobras sinformes e antiformes (geradas pelo mecanismo de bending), acomodam a deformação entre os sets de falhas. A leste desse lineamento, a deformação exibe caráter distribuído, associado a uma cinemática transtrativa/distensional com a geração de depocentros oblíquos e pull-apart. A oeste do LTB a deformação exibe um caráter mais localizado, dominantemente transcorrente a compressional, resultando na formação de falhas reversas e falhas transcorrentes/transtrativas. |
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Rodrigues, Ricardo de Souzahttp://lattes.cnpq.br/1232923375823514http://lattes.cnpq.br/8572129314081197Danderfer Filho, AndréTrzaskos, BarbaraAraújo, Mario Neto Cavalcanti deMorales, NobertoSilva, Fernando Cesar Alves da2023-02-15T20:18:51Z2023-02-15T20:18:51Z2022-12-14RODRIGUES, Ricardo de Souza. Evolução tectônica do segmento extremo leste da Margem Equatorial brasileira: contribuição do mapeamento estrutural (onshore) e da modelagem física. Orientador: Fernando César Alves da Silva. 2022. 265f. Tese (Doutorado em Geodinâmica e Geofísica) - Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51301A descoberta nas últimas décadas de províncias de hidrocarbonetos associadas a Margem Transformante Equatorial (MTE) gerou um crescente interesse em melhor entender a evolução dessa margem, sendo considerada uma nova fronteira exploratória. Na porção brasileira, a MTE compreende a riftes intracontinentais e margens passivas. No presente trabalho investigou-se a evolução pré- a sin-desenvolvimento da MTE, a partir da aplicação da ferramenta modelagem estrutural física, e análise multiescalar do registro da deformação frágil presente no embasamento cristalino das bacias Potiguar e Ceará, porção extremo leste da Margem Equatorial Brasileira (MEB). Os dados da modelagem evidenciam que o processo de rifteamento da MTE se deu de modo predominantemente oblíquo ao campo de distensão. Essa margem compreendeu durante seu estágio de evolução inicial, em escala de placa, uma importante zona de transferência oblíqua (α = 20º) desenvolvida entre o Atlântico Sul e o Central. Em estágio maturo, essa zona evoluiu a riftes oblíquos diacrônicos, cujas margens são compostas por segmentos de falhas oblíquas (normais-dextrais), NW-SE, e transcorrentes E-W a WNW-ESE, definindo em conjunto geometria em zigzag. Dois domínios tectônicos distintos ocorrem ao longo da MTE: (i) regiões de extremidade caracterizadas por deformação oblíqua com intensa rotação e basculamento do substrato, e (ii) uma região central dominada por deformação transcorrente (e oblíqua), com a presença de bacias oblíquas e pull-apart, além de platôs marginais. O embasamento das bacias Ceará e Potiguar evidencia o registro da superposição de pelo menos quatro eventos deformacionais relacionados a pré- e sin-estruturação da MEB. O evento mais antigo D1 (Tardi-brasiliano) é expresso por fraturas escalonadas NE-SW (dextrais) e juntas distensionais secas ou preenchidas por quartzo e calcedônia (NE-SW a E-W). Esse evento relaciona-se a uma transpressão dextral NE-SW intraplaca associada a exumação progressiva da cadeia orogênica brasiliana-panafricana. O evento D2 (Neojurássico ao Aptiano) caracteriza-se por falhas normais e juntas NE-SW, fraturas NNE-SSW escalonadas sinistrais, e diques básicos (Magmatismo Rio CearáMirim) NW-SE e E-W. Essas estruturas assinalam um paleocampo distensional NW-SE compatível ao atuante durante a formação da Margem Leste Brasileira e desenvolvimento das bacias interiores do Nordeste. O evento D3 (Aptiano), início da instalação da proto-margem equatorial, é representado por fraturas híbridas, cisalhantes dextrais WNW-ESE e ENE-WSW, e sinistrais NNE-SSW e NNW-SSE; e juntas NWSE distensionais, secas ou preenchidas (calcedônia, óxido e hidróxido de ferro, e calcita), que em conjunto possuem cinemática transtrativa dextral E-W. Jogs dilatacionais são característicos desse evento, expressando relação fractal com os grábens Messejana e Jacaúna da Bacia Potiguar. Falhas normais e fraturas distensionais N-S, e fraturas híbridas cisalhantes NNW-SSE, secas ou preenchidas (carbonato e óxido-hidróxido de ferro) caracterizam o evento mais jovem D4. Esse evento exibe campo de paleotensão compressional N-S e distensional E-W, podendo ser interpretado como relacionado a rotação e drift entre as placas tectônicas pós-Aptiano. Anisotropias prévias, a exemplo do Lineamento Transbrasiliano (LTB), podem controlar a nucleação e estruturação de bacias sedimentares. O papel desempenhado pelo LTB na estruturação da MEB, entretanto, ainda é pouco entendido. Assim, os dados oriundos da modelagem física indicam que o LTB foi reativado durante o desenvolvimento da MEB controlando a estruturação, configuração e partição da deformação entre as sub-bacias que compõem a Bacia Ceará. Falhas normais-dextrais, NE-SW compreendem as principais expressões da reativação do LTB. Amplas dobras sinformes e antiformes (geradas pelo mecanismo de bending), acomodam a deformação entre os sets de falhas. A leste desse lineamento, a deformação exibe caráter distribuído, associado a uma cinemática transtrativa/distensional com a geração de depocentros oblíquos e pull-apart. A oeste do LTB a deformação exibe um caráter mais localizado, dominantemente transcorrente a compressional, resultando na formação de falhas reversas e falhas transcorrentes/transtrativas.The discovery in recent decades of hydrocarbon provinces associated with the Equatorial Transform Margin (ETM), has generated a growing interest in better understanding the evolution of this margin, being considered a new exploratory frontier. In the Brazilian portion, this margin comprises intracontinental rifts and passive margins. In the present work, we investigated the evolution of the ETM, from the application of the structural physical modeling tool and a multiscale analysis of the brittle deformation record in the crystalline basement of the Potiguar and Ceará basins, the easternmost portion of the Brazilian Equatorial Margin (BEM). The modeling data show that during the ETM rifting process occurred a dominantly oblique kinematic regime. This margin comprised during its initial stage, on a plate scale, an important oblique transfer zone (α = 20º) developed between the South and Central Atlantic. In the mature stage, this zone evolved into diachronic oblique rifts, whose margins are composed of NW-SE oblique (dextral-normal) faults and E-W to WNW-ESE transcurrent faults, that together define a zigzag geometry. Two distinct tectonic domains occur in the ETM: (i) the extremity regions characterized by oblique deformation with intense rotation and tilting of the substrate; and (ii) the central region dominated by transcurrent (and oblique) deformation, with the presence of oblique and pull-apart basins, in addition to marginal plateaus. In the easternmost segment of the BEM has shown evidence of the superimposed deformational events related to pre- and syn-structuring of this margin. The oldest event, D1 (Late-Brasiliano) is expressed by the NE-SW dextral shear fractures staggered and extensional fractures fill and unfilled with quartz and chalcedony (NE-SW to E-W). This event is related to an intraplate NESW transpression associated with the progressive exhumation of the Brazilian-Pan African orogenic chain. The D2 event (Neo-Jurassic to Aptian) is characterized by NESW extensional fractures and normal faults, NNE-SSW sinistral shear fractures staggered, and NW-SE and E-W basic dykes (Rio Ceará-Mirim magmatism); whose formation indicates a NW-SE extensional paleostress field compatible with the active one that occurred during the formation of the Brazilian East Margin and development of the interior basins of the Northeast. The D3 (Aptian) event, beginning of the installation of the equatorial proto-margin, is represented by the several hybrids (E-W, NNE-SSW and NNW-SSE), extensional (NW-SE) and shear (WNW-ESE and ENE-WSW dextral; NNE-SSW and NNW-SSE sinistral) fractures. These fractures show unfilled or filled (chalcedony, iron oxide and hydroxide, and calcite), which together express an E-W dextral transtensional kinematics. Extensional jogs are characteristic of this event, expressing a fractal relationship with the Messejana and Jacaúna grabens from the Potiguar Basin. N-S normal faults and extensional fractures, NNW-SSE hybrid fractures unfilled and filled (carbonate and iron oxide-hydroxide) express the youngest event (D4). This event exhibits a N-S compressional and an E-W extensional paleostress field, interpreted as related to rotation and drift between post-Aptian tectonic plates. Previous anisotropies, such as the Transbrasiliano Lineament (TBL), can control the nucleation and structuring of sedimentary basins. The role played by the TBL in the structuring of the BEM, however, is still poorly understood. Thus, the physical modeling data indicate that the TBL was reactivated during the development of the BEM, controlling the structuring, configuration and deformation of the sub-basins that compose the Ceará Basin. NE-SW normal-dextral faults comprised the main expressions of the TBL reactivation. Wide synform and antiform folds (generated by the bending mechanism) accommodate the deformation between fault sets. To the east of this lineament, the deformation exhibits a distributed character associated with a transtensional/extensional kinematics with the generation of oblique depocenters and pull part. West of TBL, the deformation exhibits more localized, dominantly transcurrent to compressional resulting in the formation of reverse and transcurrent/transtensional faults.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPqUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICAUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS EXATAS E DA TERRA::GEOCIENCIASDeformação frágilMargens transformantesMargem EquatorialModelagem física estruturalEvolução tectônica do segmento extremo leste da Margem Equatorial brasileira: contribuição do mapeamento estrutural (onshore) e da modelagem físicainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEvolucaotectonicasegmento_Rodrigues_2022.pdfapplication/pdf27375958https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/51301/1/Evolucaotectonicasegmento_Rodrigues_2022.pdf22d72ef29f18bc846bead2f198437665MD51123456789/513012023-02-15 17:19:45.917oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/51301Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2023-02-15T20:19:45Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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