Dispositivos enunciativos na sentença judicial condenatória de crimes contra a dignidade sexual infanto-juvenil
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Data de Publicação: | 2016 |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23303 |
Resumo: | Esta pesquisa tem por objetivo geral investigar dispositivos enunciativos concernentes à orientação argumentativa e a (não) assunção da responsabilidade enunciativa. Para tanto, analisamos a sentença judicial condenatória de crimes cometidos contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, no âmbito da família. Estabelecemos como objetivos específicos identificar, descrever, analisar e interpretar: (i) o plano de texto do gênero judicial em estudo, com foco na estrutura composicional; (ii) a construção textual-enunciativa dos pontos de vista (PDV) e da (não) assunção da responsabilidade enunciativa em sentenças condenatórias de crimes contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, considerando as marcas e categorias textuais e enunciativas que revelam o (des)engajamento com o dito de outrem, mobilizadas por L1/E1 (locutor-enunciador primeiro/juiz); (iii) as estratégias textuais e enunciativas, bem como expressões linguísticas que podem vir a contribuir para a orientação argumentativa do gênero discursivo/textual em estudo e (iv) os posicionamentos desencadeados pelas posturas enunciativas assumidas pelo L1/E1 (juiz) na gestão do gerenciamento e hierarquização dos conteúdos proposicionais dos PDV evocados por L1/E1 e imputados a enunciadores segundos (e2) a serviço da orientação argumentativa. O quadro teórico que fundamenta esta tese se constitui dos postulados da Análise Textual dos Discursos – ATD (ADAM, 2011), em diálogo com teorias linguístico-enunciativas e com as contribuições teóricas e analíticas do campo linguístico-discursivo da argumentação. Para tanto, além dos pressupostos adamianos, seguimos os estudos de Rabatel (2008, 2011, 2015, 2016), acerca do PDV, da responsabilidade enunciativa, dos posicionamentos, das posturas e instâncias enunciativas, de Guentchéva (1994, 1996, 2011, 2014) sobre o quadro mediativo (as estratégias de (não) assunção e de distanciamento com o dito de outrem) e trabalhos sobre aspectos linguísticos da argumentação e do discurso jurídico, entre eles, Pinto (2010), Gomes (2014), Lourenço (2013, 2015), Bittar (2015), Rodriguez (2005). Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa documental, que segue procedimentos da pesquisa qualitativa, de base descritiva e interpretativista. Nosso corpus é constituído de 6 (seis) sentenças judiciais condenatórias que tratam de crimes hediondos contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes até 14 anos de idade, tendo como agressores o pai ou o padrasto (estupro de vulnerável). Essas sentenças foram prolatadas no período de 2011 a 2013 por uma Vara da Infância e Juventude da Comarca de Natal. Os resultados da análise evidenciam dois movimentos realizados pelo juiz na gestão dos PDV: (1) a imputação e (2) a assunção da responsabilidade enunciativa. Nos contextos de ocorrências de posturas enunciativas, no âmbito do fenômeno de (não) assunção da responsabilidade enunciativa no gênero sentença judicial condenatória, os mecanismos linguísticos mais evocados por L1/E1 (locutor enunciador primeiro), no caso o juiz, foram: discurso reportado (o discurso indireto e o discurso direto), o quadro mediativo (a modalização em discurso segundo, mediação perceptiva, mediação epistêmica), as marcas tipográficas (negrito e itálico), sinal gráfico (aspas), índices de pessoa, as expressões verbais em primeira pessoa, as expressões modais (lexemas avaliativos, expressões adjetivadas e advérbios) e os operadores argumentativos. O uso desses dispositivos textual-enunciativos e argumentativos, no gênero jurídico em análise, revela posicionamentos enunciativo-argumentativos de L1/E1 em relação aos PDV de e2 que direcionam a construção argumentativa para a condenação do réu, a saber: o acordo, por meio da hierarquização e da coenunciação de um PDV comum e partilhado por L1/E1 (concordância entre o PDV de L1/E1 e e2); o desacordo, por meio de dispositivos textuais e linguístico-enunciativos que refutam o PDV de e2 e a pseudoneutralidade, por meio de estratégias de distanciamento, principalmente, em alguns contextos do uso do mediativo, especificamente da mediação perceptiva e mediação epistêmica, revelando, no plano textual enunciativo-argumentativo, uma pseudoneutralidade de L1/E1 em relação ao PDV imputados aos enunciadores segundos. Nos contextos de responsabilização, observamos indícios da hierarquização de PDV como estratégia argumentativa. A análise revela também que o gerenciamento das vozes e a hierarquização dos PDV são mecanismos argumentativos marcados na construção textual, ou seja, a seleção dos PDV imputados a e2 (enunciadores segundos) realizada por L1/E1 orienta a interpretação e a construção argumentativa em favor da condenação do réu. Portanto, a gestão de vozes, no plano textual-enunciativo, configura-se, na dinâmica textual, como estratégia argumentativa, motivada por um projeto de dizer voltado à persuasão e à produção de efeitos de sentido. |
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Para tanto, analisamos a sentença judicial condenatória de crimes cometidos contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, no âmbito da família. Estabelecemos como objetivos específicos identificar, descrever, analisar e interpretar: (i) o plano de texto do gênero judicial em estudo, com foco na estrutura composicional; (ii) a construção textual-enunciativa dos pontos de vista (PDV) e da (não) assunção da responsabilidade enunciativa em sentenças condenatórias de crimes contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, considerando as marcas e categorias textuais e enunciativas que revelam o (des)engajamento com o dito de outrem, mobilizadas por L1/E1 (locutor-enunciador primeiro/juiz); (iii) as estratégias textuais e enunciativas, bem como expressões linguísticas que podem vir a contribuir para a orientação argumentativa do gênero discursivo/textual em estudo e (iv) os posicionamentos desencadeados pelas posturas enunciativas assumidas pelo L1/E1 (juiz) na gestão do gerenciamento e hierarquização dos conteúdos proposicionais dos PDV evocados por L1/E1 e imputados a enunciadores segundos (e2) a serviço da orientação argumentativa. O quadro teórico que fundamenta esta tese se constitui dos postulados da Análise Textual dos Discursos – ATD (ADAM, 2011), em diálogo com teorias linguístico-enunciativas e com as contribuições teóricas e analíticas do campo linguístico-discursivo da argumentação. Para tanto, além dos pressupostos adamianos, seguimos os estudos de Rabatel (2008, 2011, 2015, 2016), acerca do PDV, da responsabilidade enunciativa, dos posicionamentos, das posturas e instâncias enunciativas, de Guentchéva (1994, 1996, 2011, 2014) sobre o quadro mediativo (as estratégias de (não) assunção e de distanciamento com o dito de outrem) e trabalhos sobre aspectos linguísticos da argumentação e do discurso jurídico, entre eles, Pinto (2010), Gomes (2014), Lourenço (2013, 2015), Bittar (2015), Rodriguez (2005). Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa documental, que segue procedimentos da pesquisa qualitativa, de base descritiva e interpretativista. 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O uso desses dispositivos textual-enunciativos e argumentativos, no gênero jurídico em análise, revela posicionamentos enunciativo-argumentativos de L1/E1 em relação aos PDV de e2 que direcionam a construção argumentativa para a condenação do réu, a saber: o acordo, por meio da hierarquização e da coenunciação de um PDV comum e partilhado por L1/E1 (concordância entre o PDV de L1/E1 e e2); o desacordo, por meio de dispositivos textuais e linguístico-enunciativos que refutam o PDV de e2 e a pseudoneutralidade, por meio de estratégias de distanciamento, principalmente, em alguns contextos do uso do mediativo, especificamente da mediação perceptiva e mediação epistêmica, revelando, no plano textual enunciativo-argumentativo, uma pseudoneutralidade de L1/E1 em relação ao PDV imputados aos enunciadores segundos. Nos contextos de responsabilização, observamos indícios da hierarquização de PDV como estratégia argumentativa. A análise revela também que o gerenciamento das vozes e a hierarquização dos PDV são mecanismos argumentativos marcados na construção textual, ou seja, a seleção dos PDV imputados a e2 (enunciadores segundos) realizada por L1/E1 orienta a interpretação e a construção argumentativa em favor da condenação do réu. Portanto, a gestão de vozes, no plano textual-enunciativo, configura-se, na dinâmica textual, como estratégia argumentativa, motivada por um projeto de dizer voltado à persuasão e à produção de efeitos de sentido.This research has the main objective to investigate enunciative devices concerning the argumentative orientation and the (non-) assumption of commitment. For this purpose, we analyzed the sentencing court’s judgment of crimes commited against the sexual dignity of children and adolescents within the family. We set, as specific objectives, to identify, describe, analyze and interpret: (i) the textual plan of the judicial genre under study, focusing on the compositional structure; (ii) the textual-enunciative construction of points of view (PDV) and (non-) assumption of commitment in sentencing court’s judgment of crimes against the sexual dignity of children and adolescents, by considering the textual and enunciative marks and categories – which reveal the (dis)engagement with other people’s utterance – mobilized by S1/E1 (first speaker-enunciator/the judge); (iii) the textual and enunciative strategies as well as the linguistic expressions that may contribute to the argumentative orientation of the discursive/textual genre under study and (iv) the positions triggered by enunciative positions taken on by the S1/E1 (the judge) in the management of the running and the hierarchization of the POV’s propositional contents evoked by S1/E1 and attributed to second enuncciators (E2) at the service of the argumentative orientation. The theoretical framework that supports this thesis is constituted by the postulates from the Textual Discourse Analysis – TDA (ADAM, 2011), in dialogue with linguistic and enunciative theories and with the theoretical and analytical contributions from the linguistic and discursive field of the argumentation. Therefore, in addition to the Adam’s assumptions, we follow the Rabatel’s studies (2008, 2011, 2015, 2016) about the PDV, the enunciative responsibility, the positions, the enunciative postures and instances, Guentchéva’s ideas (1994, 1996, 2011, 2014 ) on the mediative framework (strategies of (non-) assumption and distance from the other people’s utterrance) and works about linguistic aspects of argumention and legal discourse, among them Pinto (2010), Gomes (2014), Lourenço (2013, 2015), Bittar (2015), Rodriguez (2005). As for the methodological aspects, this tesis is a documentary research, following procedures of qualitative research with descriptive and interpretative basis. Our corpus consists of six (6) sentencing court’s judgements dealing with heinous crimes against the sexual dignity of children and adolescents under 14 years old, having their father or stepfather as their offender (rape of vulnerable). These sentences were handed down during the period from 2011 to 2013 by Juvenile Courts of the District of Natal. The analysis results show two movements made by the judge in the management of the POV: (1) the attribution and (2) the assumption of the enunciative responsibility. In the contexts of occurrences of enunciative postures within the phenomenon of the (non) assumption of the enunciative responsibility in the genre sentencing court’s judgement, the most evoked linguistic mechanisms by S1/E1 (first speaker-enunciator, represented by the judge in this study) were: reported speech (indirect speech and direct speech), the mediative framework (modalization in reported speech [in enunciation with “according to”, “in agreement with”, “for”], perceptive mediation, epistemic mediation), typographical marks (bold and italic), graphic sign (quotes), subject marks, verbal expressions, modal expressions (evaluative lexemes, adjective expressions and adverbs) and argumentative operators. The use of these textual-enunciative and argumentative devices, in the legal genre under analisys, reveals enunciative-argumentative positions of L1/E1 in relation to the PDV of e2 that direct the argumentative construction to the defendant’s conviction, namely: the agreement by means of the hierarchization and coenunciation of a common PDV and shared by L1/E1 (agreement between the PDV of L1/E1 and E2); the disagreement by means of textual and linguistic-enunciative devices that refute the PDV of e2 and pseudo-neutrality through strategies of distance, mainly in some contexts where mediation is used, specifically the perceptive and the epistemic mediation, revealing, in the textual and enunciative-argumentative plan, a pseudo-neutrality of S1/E1 in relation to the pov attributed to the second enunciators. In responsability contexts, we found evidence of the hierarchization of pov as argumentative strategy. The analysis also reveals that the management of the voices and the hierarchization of PDV are argumentative mechanisms marked in the textual construction, i.e., the selection of the PDV imputated to E2 (second enunciator) was made by L1/E1 and guides the interpretation and the argumentative construction in favor of the defendant’s conviction. Therefore, the management of voices, in the textual-enunciative plan, works, in the textual dynamics, as an argumentative strategy, motivated by a project of speech focoused on the persuasion and the production of meaning effects.porCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICAAnálise textual dos discursosAnálise enunciativaDispositivos enunciativosPonto de vistaResponsabilidade enunciativaOrientação argumentativaGerenciamento de vozesDiscurso jurídicoSentença condenatóriaDignidade sexualDispositivos enunciativos na sentença judicial condenatória de crimes contra a dignidade sexual infanto-juvenilEnunciative devices in sentencing court’s judgment of crimes against the sexual dignity of children and adolescentsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdfEmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdfapplication/pdf4425085https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/23303/1/EmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf9bde5118ae41a6b43f67008986ac4d5aMD51TEXTEmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf.txtEmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf.txtExtracted texttext/plain803057https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/23303/4/EmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf.txtd6b65e4ef0849abfb9f07f1177ad01d1MD54THUMBNAILEmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf.jpgEmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg2969https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/23303/5/EmilianaSouzaSoaresFernandes_TESE.pdf.jpge35e693f950eea6a6a80249eb7792f59MD55123456789/233032017-11-04 20:06:28.143oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/23303Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2017-11-04T23:06:28Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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Esta pesquisa tem por objetivo geral investigar dispositivos enunciativos concernentes à orientação argumentativa e a (não) assunção da responsabilidade enunciativa. Para tanto, analisamos a sentença judicial condenatória de crimes cometidos contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, no âmbito da família. Estabelecemos como objetivos específicos identificar, descrever, analisar e interpretar: (i) o plano de texto do gênero judicial em estudo, com foco na estrutura composicional; (ii) a construção textual-enunciativa dos pontos de vista (PDV) e da (não) assunção da responsabilidade enunciativa em sentenças condenatórias de crimes contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, considerando as marcas e categorias textuais e enunciativas que revelam o (des)engajamento com o dito de outrem, mobilizadas por L1/E1 (locutor-enunciador primeiro/juiz); (iii) as estratégias textuais e enunciativas, bem como expressões linguísticas que podem vir a contribuir para a orientação argumentativa do gênero discursivo/textual em estudo e (iv) os posicionamentos desencadeados pelas posturas enunciativas assumidas pelo L1/E1 (juiz) na gestão do gerenciamento e hierarquização dos conteúdos proposicionais dos PDV evocados por L1/E1 e imputados a enunciadores segundos (e2) a serviço da orientação argumentativa. O quadro teórico que fundamenta esta tese se constitui dos postulados da Análise Textual dos Discursos – ATD (ADAM, 2011), em diálogo com teorias linguístico-enunciativas e com as contribuições teóricas e analíticas do campo linguístico-discursivo da argumentação. Para tanto, além dos pressupostos adamianos, seguimos os estudos de Rabatel (2008, 2011, 2015, 2016), acerca do PDV, da responsabilidade enunciativa, dos posicionamentos, das posturas e instâncias enunciativas, de Guentchéva (1994, 1996, 2011, 2014) sobre o quadro mediativo (as estratégias de (não) assunção e de distanciamento com o dito de outrem) e trabalhos sobre aspectos linguísticos da argumentação e do discurso jurídico, entre eles, Pinto (2010), Gomes (2014), Lourenço (2013, 2015), Bittar (2015), Rodriguez (2005). Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa documental, que segue procedimentos da pesquisa qualitativa, de base descritiva e interpretativista. Nosso corpus é constituído de 6 (seis) sentenças judiciais condenatórias que tratam de crimes hediondos contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes até 14 anos de idade, tendo como agressores o pai ou o padrasto (estupro de vulnerável). Essas sentenças foram prolatadas no período de 2011 a 2013 por uma Vara da Infância e Juventude da Comarca de Natal. Os resultados da análise evidenciam dois movimentos realizados pelo juiz na gestão dos PDV: (1) a imputação e (2) a assunção da responsabilidade enunciativa. Nos contextos de ocorrências de posturas enunciativas, no âmbito do fenômeno de (não) assunção da responsabilidade enunciativa no gênero sentença judicial condenatória, os mecanismos linguísticos mais evocados por L1/E1 (locutor enunciador primeiro), no caso o juiz, foram: discurso reportado (o discurso indireto e o discurso direto), o quadro mediativo (a modalização em discurso segundo, mediação perceptiva, mediação epistêmica), as marcas tipográficas (negrito e itálico), sinal gráfico (aspas), índices de pessoa, as expressões verbais em primeira pessoa, as expressões modais (lexemas avaliativos, expressões adjetivadas e advérbios) e os operadores argumentativos. O uso desses dispositivos textual-enunciativos e argumentativos, no gênero jurídico em análise, revela posicionamentos enunciativo-argumentativos de L1/E1 em relação aos PDV de e2 que direcionam a construção argumentativa para a condenação do réu, a saber: o acordo, por meio da hierarquização e da coenunciação de um PDV comum e partilhado por L1/E1 (concordância entre o PDV de L1/E1 e e2); o desacordo, por meio de dispositivos textuais e linguístico-enunciativos que refutam o PDV de e2 e a pseudoneutralidade, por meio de estratégias de distanciamento, principalmente, em alguns contextos do uso do mediativo, especificamente da mediação perceptiva e mediação epistêmica, revelando, no plano textual enunciativo-argumentativo, uma pseudoneutralidade de L1/E1 em relação ao PDV imputados aos enunciadores segundos. Nos contextos de responsabilização, observamos indícios da hierarquização de PDV como estratégia argumentativa. A análise revela também que o gerenciamento das vozes e a hierarquização dos PDV são mecanismos argumentativos marcados na construção textual, ou seja, a seleção dos PDV imputados a e2 (enunciadores segundos) realizada por L1/E1 orienta a interpretação e a construção argumentativa em favor da condenação do réu. Portanto, a gestão de vozes, no plano textual-enunciativo, configura-se, na dinâmica textual, como estratégia argumentativa, motivada por um projeto de dizer voltado à persuasão e à produção de efeitos de sentido. |
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