Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, André Dias dos
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51619
Resumo: O atual Código Penal trata do aborto nos artigos 124 ao 128. Por meio de abordagem descritiva e exploratória, com base em pesquisa bibliográfica, tratou-se do referido crime. A doutrina penalista diverge quanto ao início da proteção da vida, que pode ser desde a concepção ou desde a nidação. Noções gerais sobre o crime foram apresentadas para subsidiar debate de ideias decorrentes de conjecturas embriológicas. Por não haver consenso sobre o momento do início do parto, concluiu-se que, diante do bem jurídico tutelado - vida intrauterina -, para fins penais, enquanto o nascituro ainda estiver completamente dentro do útero, haverá o crime de aborto; apenas quando qualquer parte dele se projetar para fora do útero, estaria iniciado o parto na perspectiva penal e o crime seria, então, de homicídio ou infanticídio, conforme o caso. Identificou-se que o STF já se manifestou que não há o crime de aborto no caso da técnica de fertilização in vitro, da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de feto anencefálico e da interrupção voluntária da gravidez até o primeiro trimestre de gestação, na ADI 3.510/DF, na ADPF 54/DF e no HC 124.306/RJ, respectivamente. Além disso, pela sobredita ADI, a concepção é o marco do início da vida para fins de proteção infraconstitucional, mas para o referido HC, ela só ocorre após o primeiro trimestre de gestação. Concluiu-se que o início da vida humana a ser tutelado juridicamente deveria considerar o mandamento da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica (1969), que adota a concepção como regra, pois a Constituição e o Código Penal não tratam daquele momento e o STF já decidiu que a referida Convenção tem status infraconstitucional, mas supralegal. A embriologia permite outros olhares ao crime de aborto, notadamente ao objeto jurídico do crime, sujeito passivo, consumação e até mesmo sobre a existência ou não do crime, com cenários desafiadores. A expressão ‘vida humana, desde a concepção até o início do parto’ poderia ser a mais adequada ao bem jurídico a ser tutelado na perspectiva da teoria da concepção. Ponderou-se, ainda, que o uso de alguns contraceptivos poderia, em tese, ser considerado abortivo, mas verificou-se que seu uso estaria amparado pelo exercício regular do direito
id UFRN_9f33c1af04c961b17baef95148125487
oai_identifier_str oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/51619
network_acronym_str UFRN
network_name_str Repositório Institucional da UFRN
repository_id_str
spelling Santos, André Dias dosLeão, Paulo Roberto Dantas de SouzaCarvalho, Lidianne Araújo Aleixo deMedeiros, Morton Luiz Faria deLeão, Paulo Roberto Dantas de Souza2023-01-13T18:19:00Z2023-03-07T15:38:59Z2023-01-13T18:19:00Z2023-03-07T15:38:59Z2021-04-2320155137502SANTOS, André Dias dos. Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos. 2021. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Direito, Departamento de Direito, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51619O atual Código Penal trata do aborto nos artigos 124 ao 128. Por meio de abordagem descritiva e exploratória, com base em pesquisa bibliográfica, tratou-se do referido crime. A doutrina penalista diverge quanto ao início da proteção da vida, que pode ser desde a concepção ou desde a nidação. Noções gerais sobre o crime foram apresentadas para subsidiar debate de ideias decorrentes de conjecturas embriológicas. Por não haver consenso sobre o momento do início do parto, concluiu-se que, diante do bem jurídico tutelado - vida intrauterina -, para fins penais, enquanto o nascituro ainda estiver completamente dentro do útero, haverá o crime de aborto; apenas quando qualquer parte dele se projetar para fora do útero, estaria iniciado o parto na perspectiva penal e o crime seria, então, de homicídio ou infanticídio, conforme o caso. Identificou-se que o STF já se manifestou que não há o crime de aborto no caso da técnica de fertilização in vitro, da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de feto anencefálico e da interrupção voluntária da gravidez até o primeiro trimestre de gestação, na ADI 3.510/DF, na ADPF 54/DF e no HC 124.306/RJ, respectivamente. Além disso, pela sobredita ADI, a concepção é o marco do início da vida para fins de proteção infraconstitucional, mas para o referido HC, ela só ocorre após o primeiro trimestre de gestação. Concluiu-se que o início da vida humana a ser tutelado juridicamente deveria considerar o mandamento da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica (1969), que adota a concepção como regra, pois a Constituição e o Código Penal não tratam daquele momento e o STF já decidiu que a referida Convenção tem status infraconstitucional, mas supralegal. A embriologia permite outros olhares ao crime de aborto, notadamente ao objeto jurídico do crime, sujeito passivo, consumação e até mesmo sobre a existência ou não do crime, com cenários desafiadores. A expressão ‘vida humana, desde a concepção até o início do parto’ poderia ser a mais adequada ao bem jurídico a ser tutelado na perspectiva da teoria da concepção. Ponderou-se, ainda, que o uso de alguns contraceptivos poderia, em tese, ser considerado abortivo, mas verificou-se que seu uso estaria amparado pelo exercício regular do direitoThe current Penal Code deals with abortion in articles 124 to 128. Through a descriptive and exploratory approach, based on bibliographic research, this crime was analyzed. The penal doctrine dissent about the beginning of the protection of life, which could be from the conception or from nesting. General notions about the crime were presented to support debate of ideas resulting from embryological conjectures. As there is no consensus on the moment of the start of childbirth, it was suggested that, in view of the protected legal good - intrauterine life - for criminal purposes, as long as the unborn child is still completely inside the uterus, there will be the crime of abortion; only when any part of it protrudes out of the uterus, childbirth would be initiated from a penal perspective and the crime would be homicide or infanticide, depending on the case. It was identified that the STF has already declared that there is no crime of abortion in the case of the in vitro fertilization technique, the therapeutic anticipation of childbirth in cases of anencephalic fetus pregnancy and the voluntary termination of pregnancy until the first trimester of gestation, in ADI 3.510/DF, in ADPF 54/DF and in HC 124.306/RJ, respectively. In addition, according to the referred ADI, the conception is the beginning of life for the purposes of infra-constitutional protection, but for the aforecited HC, it only occurs after the first trimester of pregnancy. It was concluded that the beginning of human life to be legally protected should consider the commandment of the American Convention on Human Rights - Pact of San José of Costa Rica (1969) that adopts the conception as a rule, as the Constitution and the Penal Code does not deal with that moment and the STF has already decided that the referred Convention has infraconstitutional but supralegal status. Embryology allows other views of the crime of abortion, notably the legal object of the crime itself, victim, consummation and even about the existence or not of the crime, with challenging scenarios. The expression 'human life, from conception to the beginning of childbirth' could be the most appropriate for the protected object from the perspective of the theory of conception. It was also considered that the use of some contraceptives could, in theory, be considered abortive, but it was found that their use would be supported by the regular exercise of the rightUniversidade Federal do Rio Grande do NorteUFRNBrasilDireitoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAbortoinício da vidainício do partoembriologia humanaConsiderações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALConsideracoesCrimeAbortoSantos_2021.pdf.application/pdf943957https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/51619/1/ConsideracoesCrimeAbortoSantos_2021.pdfb60863e4b972d1ced5f87930929509a5MD51LICENSElicense.txttext/plain714https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/51619/2/license.txt7278bab9c5c886812fa7d225dc807888MD52123456789/516192023-03-07 12:38:59.771oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/51619PGNlbnRlcj48c3Ryb25nPkZFREVSQUwgVU5JVkVSU0lUWSBPRiBSSU8gR1JBTkRFIERPIE5PUlRFPC9zdHJvbmc+PC9jZW50ZXI+CjxjZW50ZXI+PHN0cm9uZz5ESUdJVEFMIE1PTk9HUkFQSFMgTElCUkFSWTwvc3Ryb25nPjwvY2VudGVyPgoKPGNlbnRlcj5BdXRob3JpemF0aW9uIFRlcm0gZm9yIHRoZSBhdmFpbGFiaWxpdHkgb2YgTW9ub2dyYXBocyBmb3IgVW5kZXJncmFkdWF0ZSBhbmQgU3BlY2lhbGl6YXRpb24gaW4gdGhlIERpZ2l0YWwgTGlicmFyeSBvZiBNb25vZ3JhcGhzIChCRE0pPC9jZW50ZXI+CgpBcyB0aGUgY29weXJpZ2h0IG93bmVyIG9mIHRoZSBtb25vZ3JhcGgsIEkgYXV0aG9yaXplIHRoZSBGZWRlcmFsIFVuaXZlcnNpdHkgb2YgUmlvIEdyYW5kZSBkbyBOb3J0ZSAoVUZSTikgdG8gbWFrZSBhdmFpbGFibGUgdGhyb3VnaCB0aGUgRGlnaXRhbCBMaWJyYXJ5IG9mIE1vbm9ncmFwaHMgb2YgVUZSTiwgd2l0aG91dCByZWltYnVyc2VtZW50IG9mIGNvcHlyaWdodCwgYWNjb3JkaW5nIHRvIExhdyA5NjEwLzk4ICwgdGhlIGZ1bGwgdGV4dCBvZiB0aGUgd29yayBzdWJtaXR0ZWQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHJlYWRpbmcsIHByaW50aW5nIGFuZCAvIG9yIGRvd25sb2FkaW5nLCBhcyBhIG1lYW5zIG9mIGRpc3NlbWluYXRpbmcgQnJhemlsaWFuIHNjaWVudGlmaWMgcHJvZHVjdGlvbiwgYXMgb2YgdGhlIGRhdGUgb2Ygc3VibWlzc2lvbi4KRepositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2023-03-07T15:38:59Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
title Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
spellingShingle Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
Santos, André Dias dos
Aborto
início da vida
início do parto
embriologia humana
title_short Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
title_full Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
title_fullStr Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
title_full_unstemmed Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
title_sort Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos
author Santos, André Dias dos
author_facet Santos, André Dias dos
author_role author
dc.contributor.referees1.none.fl_str_mv Leão, Paulo Roberto Dantas de Souza
dc.contributor.referees2.none.fl_str_mv Carvalho, Lidianne Araújo Aleixo de
dc.contributor.referees3.none.fl_str_mv Medeiros, Morton Luiz Faria de
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, André Dias dos
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Leão, Paulo Roberto Dantas de Souza
contributor_str_mv Leão, Paulo Roberto Dantas de Souza
dc.subject.por.fl_str_mv Aborto
início da vida
início do parto
embriologia humana
topic Aborto
início da vida
início do parto
embriologia humana
description O atual Código Penal trata do aborto nos artigos 124 ao 128. Por meio de abordagem descritiva e exploratória, com base em pesquisa bibliográfica, tratou-se do referido crime. A doutrina penalista diverge quanto ao início da proteção da vida, que pode ser desde a concepção ou desde a nidação. Noções gerais sobre o crime foram apresentadas para subsidiar debate de ideias decorrentes de conjecturas embriológicas. Por não haver consenso sobre o momento do início do parto, concluiu-se que, diante do bem jurídico tutelado - vida intrauterina -, para fins penais, enquanto o nascituro ainda estiver completamente dentro do útero, haverá o crime de aborto; apenas quando qualquer parte dele se projetar para fora do útero, estaria iniciado o parto na perspectiva penal e o crime seria, então, de homicídio ou infanticídio, conforme o caso. Identificou-se que o STF já se manifestou que não há o crime de aborto no caso da técnica de fertilização in vitro, da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de feto anencefálico e da interrupção voluntária da gravidez até o primeiro trimestre de gestação, na ADI 3.510/DF, na ADPF 54/DF e no HC 124.306/RJ, respectivamente. Além disso, pela sobredita ADI, a concepção é o marco do início da vida para fins de proteção infraconstitucional, mas para o referido HC, ela só ocorre após o primeiro trimestre de gestação. Concluiu-se que o início da vida humana a ser tutelado juridicamente deveria considerar o mandamento da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica (1969), que adota a concepção como regra, pois a Constituição e o Código Penal não tratam daquele momento e o STF já decidiu que a referida Convenção tem status infraconstitucional, mas supralegal. A embriologia permite outros olhares ao crime de aborto, notadamente ao objeto jurídico do crime, sujeito passivo, consumação e até mesmo sobre a existência ou não do crime, com cenários desafiadores. A expressão ‘vida humana, desde a concepção até o início do parto’ poderia ser a mais adequada ao bem jurídico a ser tutelado na perspectiva da teoria da concepção. Ponderou-se, ainda, que o uso de alguns contraceptivos poderia, em tese, ser considerado abortivo, mas verificou-se que seu uso estaria amparado pelo exercício regular do direito
publishDate 2021
dc.date.issued.fl_str_mv 2021-04-23
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-01-13T18:19:00Z
2023-03-07T15:38:59Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-01-13T18:19:00Z
2023-03-07T15:38:59Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.pt_BR.fl_str_mv 20155137502
dc.identifier.citation.fl_str_mv SANTOS, André Dias dos. Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos. 2021. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Direito, Departamento de Direito, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51619
identifier_str_mv 20155137502
SANTOS, André Dias dos. Considerações sobre o crime de aborto e o início da vida: desafios e conceitos. 2021. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Direito, Departamento de Direito, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021
url https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/51619
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Rio Grande do Norte
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFRN
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Direito
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Rio Grande do Norte
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRN
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron:UFRN
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron_str UFRN
institution UFRN
reponame_str Repositório Institucional da UFRN
collection Repositório Institucional da UFRN
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/51619/1/ConsideracoesCrimeAbortoSantos_2021.pdf
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/51619/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv b60863e4b972d1ced5f87930929509a5
7278bab9c5c886812fa7d225dc807888
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1802117897136373760