Auscultar a memória: Scholastique Mukasonga e o dever diaspórico de narrar em A mulher de pés descalços

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Serafim, Jaiza Lopes Dutra
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32784
Resumo: No campo dos estudos pós-coloniais, a memória tem a difícil tarefa de recuperar o que se perdeu no tempo-passado e, através da história, narrar os acontecimentos que constituem a formação da identidade social, política e cultural de um povo. A evocação da memória e a ruptura com o registro homogêneo da história marcam o comprometimento político com a crítica ao colonialismo e a desconstrução do seu discurso de poder. Nesse contexto investigativo, a produção literária da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga desempenha um importante papel no âmbito das teorias críticas contemporâneas; que é ser porta-voz da história que a história não conta. A fim de compreendermos essa escrita que transita entre denúncia e testemunho, a presente pesquisa propõe analisar os diálogos que o romance A mulher de pés descalços estabelece com as políticas da memória e da história ruandesa, na segunda metade do século XX, a partir das representações do feminino que são traçadas na obra. Para tal intento, o trabalho apoia-se teoricamente em Piton (2018), Hatzfeld (2005) e Ancel (2018), no que diz respeito à história testemunhal de Ruanda e os impactos dos genocídios modernos. Na teoria literária cultural, nos estudos de Noa (2015), Appiah (1997) e Glissant (2005), em articulação com saberes da memória de Halbwachs (2006), Benjamin (2012) e Seligmann-Silva (2006). Tendo como foco as representações do feminino, Adichie (2015; 2019), Oyěwùmí (2002; 2016) e Karekezi (2004; 2011). Os resultados da pesquisa apontam que o acontecimento histórico-traumático narrado pela autora, tem a figura feminina como centro das ações desenvolvidas na luta por sobrevivência. No texto literário, o feminino é representado sob o olhar da tradição ruandesa, centrada nas funções maternas que as mulheres tutsis desempenhavam; abordando também questões como empoderamento feminino e a violência sexual contra as mulheres em situações de conflito armado, como ocorreu na guerra civil em Ruanda.
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A evocação da memória e a ruptura com o registro homogêneo da história marcam o comprometimento político com a crítica ao colonialismo e a desconstrução do seu discurso de poder. Nesse contexto investigativo, a produção literária da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga desempenha um importante papel no âmbito das teorias críticas contemporâneas; que é ser porta-voz da história que a história não conta. A fim de compreendermos essa escrita que transita entre denúncia e testemunho, a presente pesquisa propõe analisar os diálogos que o romance A mulher de pés descalços estabelece com as políticas da memória e da história ruandesa, na segunda metade do século XX, a partir das representações do feminino que são traçadas na obra. Para tal intento, o trabalho apoia-se teoricamente em Piton (2018), Hatzfeld (2005) e Ancel (2018), no que diz respeito à história testemunhal de Ruanda e os impactos dos genocídios modernos. Na teoria literária cultural, nos estudos de Noa (2015), Appiah (1997) e Glissant (2005), em articulação com saberes da memória de Halbwachs (2006), Benjamin (2012) e Seligmann-Silva (2006). Tendo como foco as representações do feminino, Adichie (2015; 2019), Oyěwùmí (2002; 2016) e Karekezi (2004; 2011). Os resultados da pesquisa apontam que o acontecimento histórico-traumático narrado pela autora, tem a figura feminina como centro das ações desenvolvidas na luta por sobrevivência. No texto literário, o feminino é representado sob o olhar da tradição ruandesa, centrada nas funções maternas que as mulheres tutsis desempenhavam; abordando também questões como empoderamento feminino e a violência sexual contra as mulheres em situações de conflito armado, como ocorreu na guerra civil em Ruanda.Dans le domaine des études post-coloniales, la mémoire a la difficile tâche de récupérer ce qui a été perdu dans le temps et, à travers l'histoire, de raconter les événements qui constituent la formation de l'identité sociale, politique et culturelle d'un peuple. L'évocation de la mémoire et la rupture avec le registre homogène de l'histoire marquent l'engagement politique dans la critique du colonialisme et la déconstruction de son discours de pouvoir. Dans ce contexte d'investigation, la production littéraire de l'écrivain rwandais Scholastique Mukasonga joue un rôle important dans les théories critiques contemporaines, c'est-à-dire être le porte-parole de l'histoire que l'histoire ne raconte pas. Afin de comprendre cette écriture qui transite entre dénonciation et témoignage, cette recherche propose d'analyser les dialogues que le roman La femme aux pieds nus établit avec la politique de la mémoire et de l'histoire rwandaise dans la seconde moitié du XXe siècle, à partir des représentations du féminin qui sont esquissées dans l'œuvre. Pour cela, le travail s'appuie théoriquement sur Piton (2018), Hatzfeld (2005) et Ancel (2018), en ce qui concerne l'histoire testimoniale du Rwanda et les impacts du génocide moderne. En théorie littéraire culturelle, dans les études de Noa (2015), Appiah (1997) et Glissant (2005), en articulation avec les connaissances de la mémoire de Halbwachs (2006), Benjamin (2012) et Seligmann-Silva (2006). En se concentrant sur les représentations du féminin, Adichie (2015; 2019) et Oyěwùmí (2002; 2016) et Karekezi (2004; 2011). Les résultats de la recherche indiquent que l'événement historico-traumatique raconté par l'auteur, a la figure féminine comme centre des actions développées dans la lutte pour la survie. Dans le texte littéraire, la figure féminine est représentée sous le regard de la tradition rwandaise, en se concentrant sur les fonctions maternelles que les femmes tutsies exerçaient ; en abordant également des questions telles que l'autonomisation des femmes et la violence sexuelle contre les femmes dans les situations de conflit armé, comme cela s'est produit lors de la guerre civile au Rwanda.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilHistória e memória ruandesaScholastique MukasongaA mulher de pés descalçosFeminismo africanoRepresentações do femininoAuscultar a memória: Scholastique Mukasonga e o dever diaspórico de narrar em A mulher de pés descalçosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALAuscultarmemoriaScholastique_Serafim_2021.pdfapplication/pdf1731115https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/32784/1/AuscultarmemoriaScholastique_Serafim_2021.pdff73d2bffcd1142c29ef89523de047ccaMD51123456789/327842021-07-01 19:27:31.348oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/32784Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2021-07-01T22:27:31Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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