Identidade gastronômica das escolas de samba no Rio de Janeiro: as mulheres e a confecção das feijoadas.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade, Jéssica Alexandre Mello de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE)
Texto Completo: https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/5414
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo a apresentação da feijoada como caráter identitário das Escolas de Samba da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, destacando o papel feminino à manutenção desse símbolo da cozinha nacional. Já que a gastronomia brasileira, em determinados momentos, adota referências internacionais abstendo-se de sua própria história. A elucidação interdisciplinar desse campo científico fortalece os saberes gastronômicos de modo que o exercício profissional seja mais consciente a respeito das relações e culturas que está desenvolvendo. Para isso foi realizada uma pesquisa através de revisão sistêmica de artigos, livros, textos jornalísticos, documentários e textos técnicos publicados sobre a origem das feijoadas, sua significância e presença nas Escolas de Sambas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, concentrando-se nas agremiações do Grupo Especial. O presente trabalho descreve a relação brasileira com o feijão até sua formatação como prato de destaque nacional: a feijoada. Preocupou-se, também, em desmistificar os discursos que criaram mitos populares a respeito da origem do prato estudado. E, em narrar de forma cronológica a criação da cultura sambista e das Escolas de Samba como espaços afro-diaspóricos e fomentos à cultura negra. Que encontrou no Rio de Janeiro formas de se materializarem e desenvolverem. Destacando o papel matriarcal desses processos através das Tias Baianas, figuras emblemáticas para o samba e essenciais para sua ligação com a alimentação. Portanto, a pesquisa buscou salientar a identidade gastronômica atrelada ao universo sambista e carnavalesco. E, em como essas culturas tem se perpetuado ainda que a profissionalização das Escolas e o embranquecimento, com seu caráter aculturativo, tenham influenciado algumas dinâmicas. A democratização de narrativas sobre as relações étnico-raciais no Brasil se reflete também na gastronomia, apropriando ou subalternizando saberes ancestrais de culturas escravizadas. O apagamento histórico da contribuição indígena, tal qual a mitigação dos fatos que impossibilitariam a criação da feijoada nas senzalas, reforça a necessidade das ciências, aqui representada pela gastronomia, de elucidar e valorizar as pluralidades culturais brasileiras. Abstendo-se de romantismos e ludicidades, ainda que a linguagem da alimentação crie referências para memórias afetivas e expresse valores de identidade. Esta pesquisa aponta que sutis apagamentos culturais e históricos, promovidos por hierarquização racial, vão dando lugar a mercantilização e esvaziam também valores gastronômicos ao descaracterizar tradições. E, o Rio de Janeiro como síntese de referências comporta uma "Pequena África" e suas tradições, fazendo-se necessário a conservação dessas, e não apenas sua reprodução sem fundamentação.
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