Sartre e o duplo percurso de análise da realidade humana: psicanálise existencial e método progressivo-regressivo
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Journal of Lean Systems |
Texto Completo: | https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/3388 |
Resumo: | Sartre, ao longo de sua produção, elaborou duas perspectivas metodológicas concêntricas no tocante à compreensão da realidade humana: a psicanálise existencial e o método progressivo-regressivo. Essa dupla caracterização serve de suporte teórico-metodológico para a sua filosofia existencialista, assim como para uma práxis psicológica e psicopatológica. Nessa direção, quais foram as diversas etapas percorridas pelo filósofo no sentido de dar vazão a esse programa? Ora, elas podem ser reconstituídas da seguinte forma: (1) primeiramente, pelo seu pensamento pré-berlinense, cujas bases estão pautadas nas teses: (a) da contingência, que remonta ao ano de 1924; (b) de um mundo de sentido, que se opõe ao mundo desencantado da ciência, bem como se opõe aos obstáculos das filosofias idealistas; (c) da descoberta sobre a fenomenologia, buscando o significado de objetos e de seres no regime das aparências; (2) depois, pela fenomenologia propriamente dita, teoria que propiciou uma expansão do pensamento pré-berlinense sob a égide da busca por elementos concretos; (3) e, mais tarde, o surgimento de sua psicanálise existencial – método fenomenológico de investigação e compreensão da experiência psicológica e que tem ponto de referência na psicanálise freudiana e, por último, (4) o método progressivo-regressivo, inspirado diretamente na leitura marxista de Henri Lefebvre, pensador que busca compreender a condição humana mediante o reconhecimento de um sujeito universal/singular que se constitui e é constituído nas relações, em um movimento dialético. Em suma, o que Sartre faz, em seu programa de investigação, é explicitar o fundamento ontológico da realidade humana, que se dá na dialética entre a dimensão da objetividade (Ser) e da subjetividade (Nada). A ideia sartriana é, portanto, propor uma desfamiliarização da visão coisificada do sujeito, seja pelo determinismo biologicista ou pelo determinismo psíquico. Por isso a importância da tese da contingência, tese que se coloca como a dimensão da objetividade, do contexto material e social que envolve cada situação humana e na qual o sujeito tem de fazer as suas escolhas! |
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Sartre e o duplo percurso de análise da realidade humana: psicanálise existencial e método progressivo-regressivoFenomenologiaContingênciaPsicanálise existencialMétodo progressivo-regressivoSartre, ao longo de sua produção, elaborou duas perspectivas metodológicas concêntricas no tocante à compreensão da realidade humana: a psicanálise existencial e o método progressivo-regressivo. Essa dupla caracterização serve de suporte teórico-metodológico para a sua filosofia existencialista, assim como para uma práxis psicológica e psicopatológica. Nessa direção, quais foram as diversas etapas percorridas pelo filósofo no sentido de dar vazão a esse programa? Ora, elas podem ser reconstituídas da seguinte forma: (1) primeiramente, pelo seu pensamento pré-berlinense, cujas bases estão pautadas nas teses: (a) da contingência, que remonta ao ano de 1924; (b) de um mundo de sentido, que se opõe ao mundo desencantado da ciência, bem como se opõe aos obstáculos das filosofias idealistas; (c) da descoberta sobre a fenomenologia, buscando o significado de objetos e de seres no regime das aparências; (2) depois, pela fenomenologia propriamente dita, teoria que propiciou uma expansão do pensamento pré-berlinense sob a égide da busca por elementos concretos; (3) e, mais tarde, o surgimento de sua psicanálise existencial – método fenomenológico de investigação e compreensão da experiência psicológica e que tem ponto de referência na psicanálise freudiana e, por último, (4) o método progressivo-regressivo, inspirado diretamente na leitura marxista de Henri Lefebvre, pensador que busca compreender a condição humana mediante o reconhecimento de um sujeito universal/singular que se constitui e é constituído nas relações, em um movimento dialético. Em suma, o que Sartre faz, em seu programa de investigação, é explicitar o fundamento ontológico da realidade humana, que se dá na dialética entre a dimensão da objetividade (Ser) e da subjetividade (Nada). A ideia sartriana é, portanto, propor uma desfamiliarização da visão coisificada do sujeito, seja pelo determinismo biologicista ou pelo determinismo psíquico. Por isso a importância da tese da contingência, tese que se coloca como a dimensão da objetividade, do contexto material e social que envolve cada situação humana e na qual o sujeito tem de fazer as suas escolhas!Universidade Federal de Santa Catarina2020-02-03info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/3388PERI; v. 11 n. 1 (2019): Temática Sartre; 18-372175-1811reponame:Journal of Lean Systemsinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCporhttps://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/3388/2928Copyright (c) 2020 Marivania Cristina Bocca, Claudinei Aparecido de Freitas da Silva, Daniela Ribeiro Schneiderinfo:eu-repo/semantics/openAccessBocca, Marivania Cristinada Silva, Claudinei Aparecido de FreitasSchneider, Daniela Ribeiro2020-02-06T20:59:29Zoai:ojs.sites.ufsc.br:article/3388Revistahttps://nexos.ufsc.br/index.php/leanPUBhttps://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/oai||g.tortorella@ufsc.br2448-02662448-0266opendoar:2020-02-06T20:59:29Journal of Lean Systems - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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