Padrões de uso de habitat e comportamento de toninhas: abordagens acústicas para monitoramento e conservação de uma espécie ameaçada

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paitach, Renan Lopes
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/227086
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021.
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spelling Padrões de uso de habitat e comportamento de toninhas: abordagens acústicas para monitoramento e conservação de uma espécie ameaçadaEcologiaToninhaBioacusticaCetáceoTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021.A toninha (Pontoporia blainvillei) é um pequeno cetáceo criticamente ameaçado de extinção no Brasil, principalmente devido ao alto número de capturas incidentais em redes de pesca. Na Baía Babitonga, em Santa Catarina, existe uma população residente que está ameaçada pela degradação do habitat. O objetivo geral do estudo foi analisar a bioacústica, comportamento, distribuição, uso do habitat e avaliar a eficácia de um dispositivo acústico de dissuasão (\"pinger\") para toninhas, em diferentes escalas espaciais e temporais, por meio de dispositivos de monitoramento acústico passivo (MAP) denominados C-PODs (Chelonia Ltd., UK). O comportamento acústico foi analisado comparativamente em dois habitats: estuário (Baía Babitonga: BB) e mar aberto (Praia de Itapirubá: IB). Os parâmetros acústicos das cadeias de cliques foram analisados e o critério de intervalo mínimo entre cliques <10ms foi usado como proxy para o comportamento de forrageamento/alimentação. A principal diferença observada entre os habitats está relacionada ao espectro de frequência acústica, com largura de banda de 17kHz em BB e 10kHz em IB. Além disso, a taxa de repetição de cliques foi quase 20% maior no estuário. Ambos os habitats estudados apresentaram alta taxa de alimentação (BB = 68%; IB = 58%), maior em BB (p <0,001) e à noite (p <0,001), para ambos os habitats. Para analisar o uso de habitat e distribuição de toninhas na Baía Babitonga, 60 estações de MAP com C-PODs foram implementadas entre junho e dezembro de 2018. O modelo aditivo generalizado selecionado para descrever a relação entre a ocorrência de toninhas e diversas variáveis ambientais incorporou 51% da variação dos dados. Há um claro padrão diário, onde as toninhas permanecem nas áreas de alta ocorrência principalmente pela manhã. No resto do dia, a população se dispersa para outras áreas com padrões sazonais diferentes. As toninhas evitaram áreas nos períodos em que a presença de botos-cinza (Sotalia guianensis) é muito intensa e preferem áreas com fundo plano e substrato arenoso, mas durante a tarde e na madrugada vão também para áreas de fundo lamacento, predominantemente para fins de alimentação. A distribuição predominou na região mais interna do estuário, sem uso significativo do canal de entrada da baía. A distribuição é mais ampla no inverno do que na primavera. Toda a região central das ilhas, entre as margens norte e sul da baía, representa uma importante área de alimentação. Para testar o efeito dissuasor do Banana pinger (Fishtek Marine Ltd, UK), bem como os efeitos colaterais da habituação e exclusão de habitat, um experimento de exposição controlada foi realizado com 5 C-PODs posicionados a diferentes distâncias do pinger. Os dados indicam que o pinger efetivamente afasta as toninhas em até 100m, mas não 400m, e, portanto, tem potencial para reduzir as capturas incidentais. Nenhum efeito de habituação foi observado a qualquer distância. Houve uma diminuição gradual da presença de toninhas ao longo dos dias de experimento, possivelmente relacionado a variações sazonais no uso do habitat pela população, mas requer atenção em estudos futuros. Os C-PODs foram usados de forma inédita para o estudo de toninhas e mostraram grande potencial para estudos ecológicos da espécie. Os resultados apresentados são um importante subsídio para o manejo da população da Baía Babitonga e para a implementação de medidas de mitigação de capturas incidentais da espécie em geral.Abstract: The franciscana dolphin (Pontoporia blainvillei) is a small cetacean critically endangered in Brazil, mainly due to the high number of incidental captures in fishing nets (bycatch). In Babitonga Bay, Santa Catarina, there is a resident population which is threatened by habitat degradation. The general objective of the study was to analyze the bioacoustics, behavior, distribution, habitat use and evaluate the effectiveness of an acoustic deterrent device (\"pinger\") for franciscanas, at different spatial and temporal scales, by means of a passive acoustic monitoring (PAM) device called C-POD (Chelonia Ltd., UK). The acoustic behavior of franciscana was analyzed comparatively in two habitats: estuary (Babitonga Bay: BB) and open sea (Itapirubá Beach: IB). The acoustic parameters of the click trains were analyzed and the minimum inter-click interval criterion <10ms was used as a proxy for foraging/feeding behavior. The main acoustic difference observed between habitats was related to the frequency spectrum, with a bandwidth of 17kHz in BB and 10kHz in IB. Also, the click repetition rate was almost 20% higher in the estuary. Both habitats studied presented a high feeding rate (BB = 68%; IB = 58%), higher in BB (p<0.001) and at night (p<0.001), for both habitats. To analyze the habitat use and distribution of franciscanas in Babitonga Bay, sixty C-PODs stations were implemented between June and December 2018. The generalized additive model selected to describe the relationship between the occurrence of franciscanas and several environmental variables incorporated 51% of the data variation. There is a diel pattern, where franciscanas remain in the areas of high occurrence mainly in the morning. The rest of the day, the population dispersed to other areas with different seasonal patterns. Franciscana avoid areas in periods when the presence of Guiana dolphins (Sotalia guianensis) is very intense and prefer areas with a flat bottom and sandy substrate, but during the evening and dawn they goes into areas of muddy bottom predominantly for feeding. The distribution was predominant in the innermost region of the estuary, without significant use of the bay's inlet channel. The distribution was wider in winter than in spring. The entire central region of the islands, between the north and south margins of the bay, represents an important feeding area. To test the deterrent effect of Banana pinger (Fishtek Marine Ltd, UK), as well as side effects of habituation and habitat exclusion, an exposure-controlled experiment was carried out with 5 C-PODs positioned at different distances from the pinger. The data indicate that the pinger effectively withdraw the franciscanas up to 100m, but not 400m, and therefore has the potential to reduce bycatch. No habituation effects were observed at any distance. There was a gradual decrease in the presence of franciscanas over the days, probably due seasonal variations in the population's habitat use but requires attention in future studies. C-PODs were used in an unprecedented way for the study of franciscanas and showed great potential to monitor the occurrence, behavior, distribution, and habitat use of the species. The results representing an important subsidy for management of the Babitonga Bay population and for the implementation of bycatch mitigation measures for the species in general.Cremer, Marta JussaraAmundin, Mats ErikUniversidade Federal de Santa CatarinaPaitach, Renan Lopes2021-08-23T14:07:20Z2021-08-23T14:07:20Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis118 p.| il., tabs.application/pdf372511https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/227086porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-08-23T14:07:20Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/227086Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-08-23T14:07:20Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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