Efeitos de priming sintático em português brasileiro: um estudo eletrofisiológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jesus, Daniela Brito de
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/194400
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2018.
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spelling Efeitos de priming sintático em português brasileiro: um estudo eletrofisiológicoLinguísticaLinguagemLíngua portuguesaTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2018.Padrões estruturais abstratos se repetem no uso da língua. Esta observação está consolidada na pesquisa em priming sintático, fenômeno neurocognitivo tomado como facilitador do processamento linguístico. O priming sintático é uma ferramenta robusta de investigação do processamento sintático no nível da sentença a partir de medidas comportamentais, eletrofisiológicas e hemodinâmicas e promove evidência para testar a visão da autonomia completa do processamento sintático. Investigações que empregaram o paradigma de priming sintático foram conduzidas em diversos idiomas, diversas populações e em diferentes estruturas sintáticas e exploraram dois aspectos centrais na pesquisa em priming sintático: a dependência ou independência lexical e os mecanismos cognitivos subjacentes ao priming sintático. Efeitos de priming sintático foram observados tanto na produção quanto na compreensão da linguagem. Na compreensão, estes efeitos parecem ser, em parte, dependentes de um impulso lexical, que ocorre quando as sentenças prime e alvo compartilham um mesmo item lexical (por exemplo, o verbo principal). O impulso lexical é interpretado como evidência a favor da visão de que as estruturas sintáticas estão representadas no nível lexical. Numa perspectiva da Psicolinguística Experimental, o presente estudo experimental investiga, através do registro de potenciais relacionados a eventos linguísticos (ERPs), extraídos do eletroencefalograma, se efeitos de priming sintático podem ser detectados, na compreensão, independentemente do impulso lexical. Vinte e seis participantes adultos, falantes nativos de português brasileiro (14 mulheres; média de 30,5 anos de idade; DP=6,9) foram solicitados a realizar uma tarefa de leitura silenciosa de sentenças na voz ativa e na voz passiva. A estrutura alvo (voz passiva) foi apresentada em duas condições experimentais: sem repetição de estrutura (sentença prime na voz ativa) e com repetição (sentença prime na voz passiva). Em nenhuma das condições houve repetição dos verbos principais. Os resultados da ANOVA de medidas repetidas aplicadas nos intervalos de 300ms a 500ms, 420ms a 620ms e de 500ms a 800ms na palavra crítica (verbo no particípio passado) mostraram um efeito N400 significativo (p<.05) na comparação entre sentenças alvo das duas condições, em uma negatividade de amplitude e latência reduzidas para a condição de interesse (condição 1). Não houve efeito P600 significante para as janelas das positividades na comparação entre sentenças alvo em nenhuma das duas condições (p>.05). Em contrapartida, foi revelada uma interação, do fator Condição com Ordem, expressa no efeito P600 (p<.05) atrelado à de ordem de exibição, para os participantes que foram exibidos à condição 2 seguida da condição 1 na tarefa de leitura, além de uma negatividade precoce (efeito N100) para o fator Ordem de exibição das condições. Esses resultados são interpretados como evidência de que (1) a repetição da estrutura verbal no particípio passado ao longo das sentenças em ambas as condições parece ter eliciado um efeito facilitador no nível da palavra crítica das sentenças alvo que não é puramente sintático mas envolve aspectos léxico-semânticos, (2) que, para 13 participantes, um processo atencional suscitou uma influência, detectada no nível eletrofisiológico, no processamento sentencial e, por fim, (3) que a exposição prévia a uma estrutura sintática sem o impulso lexical não é suficiente para facilitar o processamento de uma estrutura subsequente igual ou semelhante, contra a visão de autonomia completa do processamento sintático.Abstract : Abstract patterns repeat in language use. This idea is consolidated in the research on syntactic priming, a neurocognitive phenomenon that facilitates language processing. Syntactic priming is a robust measure to investigate syntactic processing at the sentence level through behavioral, electrophysiological and hemodynamic techniques, so as to promote evidence to test the autonomous syntax account in syntactic processing. Studies that have employed the syntactic priming paradigm have been conducted in various languages, with various populations, and different syntactic structures. These studies have explored two central aspects in syntactic priming research: the lexical dependence or independence of syntactic processing and the cognitive mechanisms that underlie syntactic priming. Syntactic priming effects have been detected both in language production and comprehension. In comprehension, these effects seem to be, in part, dependent of the phenomenon known as the lexical boost, which occurs when prime and target sentences share a lexical item (the main verb, for example). The influence of the lexical boost in syntactic priming effects may be interpreted as evidence in favor of the view that syntactic structures are represented in the lexicon. From an experimental psycholinguistic perspective, and using the event-related potentials (EEG/ERPs) technique, the present study investigates whether syntactic priming effects can be detected in language comprehension, regardless of the lexical boost. Twenty-six adult participants, native speakers of Brazilian Portuguese (14 women; mean age = 30,5 years; SD=6,9) performed a silent reading task of active and passive sentences. The target structure (passive voice) was presented in two experimental conditions: with structure repetition (prime sentence in the passive voice; condition 1) and without repetition (prime sentence in the active voice; condition 2). There was no verb repetition in any of the conditions. Results from a repeated measures ANOVA run on the 300-500ms, 420-620ms and 500-800ms intervals at the critical word (past participle) in the target sentences showed a significant N400 effect (p<.05) in the comparisons between the two conditions. The N400 was reduced in amplitude and latency for the primed condition (condition 1). No significant P600 effect was detected when comparing the target sentences in the two conditions (p>.05). In contrast, an interaction was found for Condition X Order (of condition), shown in a P600 effect (p<.05) related to the order of presentation of the conditions for 13 participants (those who were shown condition 2 followed by condition 1 presentation). Moreover, an early negativity (N100 effect) was also found for Order as a factor. Taken together, the results are interpreted as evidence that (1) structural verb repetition in the past participle, throughout the sentences and in both conditions, may have elicited a facilitation effect at the word structure level for the critical word in target sentences that is not purely syntactic but is connected to lexical and semantic processes; (2) that, for half of the participants, an attentional mechanism has played a role, influencing sentence processing and (3) that previous exposure to a syntactic structure without lexical boost is not enough to facilitate processing of the same or a similar consecutive structure, which is evidence contra the autonomous syntax account.Fortkamp, Mailce Borges MotaUniversidade Federal de Santa CatarinaJesus, Daniela Brito de2019-03-31T04:02:17Z2019-03-31T04:02:17Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis278 p.| il., gráfs., tabs.application/pdf358569https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/194400porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-03-31T04:02:17Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/194400Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732019-03-31T04:02:17Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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