Transtorno bipolar infantil: argumentos e condições históricas para a incorporação do diagnóstico na psiquiatria infantil
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/234714 |
Resumo: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2022. |
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Transtorno bipolar infantil: argumentos e condições históricas para a incorporação do diagnóstico na psiquiatria infantilCiências sociaisTranstorno bipolar em criançasPsiquiatria infantilMedicalizaçãoPsicotrópicosTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2022.Vemos delinear-se na sociedade contemporânea um movimento crescente de psiquiatrização de comportamentos indesejados na infância, utilizando-se, frequentemente, de tratamentos medicamentosos a base de psicofármacos. Este processo se estabeleceu de maneira mais consolidada com o DSM-5, na medida em que apagou as fronteiras entre diagnósticos infantis e adultos. As edições anteriores do manual, a partir do DSM-III, tiveram papel de destaque na medicalização de comportamentos de crianças e adolescentes. Assim, legitimam-se diagnósticos de transtornos psiquiátricos na infância antes reservados somente à idade adulta. O mesmo ocorre com relação ao Transtorno Bipolar, de forma que uma condição antes estabelecida como rara e que ocorreria somente em adultos, hoje é considerada pelo campo psiquiátrico como usual no campo da psiquiatria infantil, sendo que alguns estudos brasileiros chegam a prevalências de cerca 6% da população geral, indicando inclusive o papel de aspectos genéticos, a importância do diagnóstico, assim como dificuldades acadêmicas, sociais, no trabalho e nos relacionamentos. Desta forma, o objetivo principal deste trabalho está centrado na verificação das condições históricas que possibilitaram a incorporação do diagnóstico de Transtorno Bipolar no escopo da psiquiatria infantil, detendo-nos sobre os discursos da psiquiatria biológica quanto a etiologia, o diagnóstico e o tratamento. O desenvolvimento do estudo se deu com base nos ensinamentos de Michel Foucault a partir de uma genealogia do conceito de transtorno bipolar. Desta forma, o percurso se desenvolveu através de documentos originais, como artigos científicos dos autores mais proeminentes do campo, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, o livro As Bases Farmacológicas da Terapêutica, de Goodman e Gilman, assim como livros-texto, guidelines, entre outros documentos, provenientes do campo da psiquiatria biológica. O recorte histórico se deu a partir das publicações de Emil Kraepelin, que datam do final do século XIX, até a atualidade. O discurso hegemônico psiquiátrico sofreu diversas alterações no que se refere ao conceito de transtorno bipolar, suas características e forma de diagnóstico, configurando-se um campo de disputas dentro da própria psiquiatria, passando por momentos de expansão e retração, até culminar no conceito contemporâneo, apresentado pelo DSM-5. Verifica-se que no século XXI, há, a cada década, por conta da ação de diversos atores e acontecimentos históricos, maior expansão do diagnóstico, possibilitando a inclusão da infância no domínio da psiquiatria biológica quanto ao transtorno bipolar. Neste sentido, o transtorno bipolar, considerado pelo DSM como uma ponte entre a depressão e a esquizofrenia, passou a ser possível no escopo da psiquiatria infantil.Abstract: There is in the contemporary society a growing movement for the psychiatrization of unwanted behaviors in childhood, often using drug treatments based on psychotropic drugs. This process was established in a more consolidated way with the DSM-5, as it erased the boundaries between child and adult diagnoses. Previous editions of the manual, from DSM-III, had a prominent role in the medicalization of the behavior of children and adolescents. Thus, diagnoses of psychiatric disorders in childhood, previously reserved only for adulthood, are legitimate. The same occurs with regard to Bipolar Disorder, so that a condition previously established as rare and that would occur only in adults, is now considered by the psychiatric field as usual in the field of child psychiatry, with some Brazilian studies reaching a prevalence of about 6 % of the general population, highlighting the role of genetic aspects, the importance of diagnosis, as well as academic, social, work and relationships difficulties. Thus, the main objective of this work is centered on verifying the historical conditions that made it possible to incorporate the diagnosis of Bipolar Disorder into the scope of child psychiatry, focusing on the discourses of biological psychiatry regarding the etiology, diagnosis and treatment. The development of the study was based on the teachings of Michel Foucault from a genealogy of the concept of bipolar disorder. In this way, the route was developed through original documents, such as scientific articles by the most prominent authors of the field, the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders of the American Psychiatric Association, the book The Pharmacological Bases of Therapeutics, by Goodman and Gilman, as well such as textbooks, guidelines, among other documents, from the field of biological psychiatry. The historical cut took place from the publications of Emil Kraepelin, which date from the end of the 19th century, until today. The psychiatric hegemonic discourse has undergone several changes with regard to the concept of bipolar disorder, its characteristics and form of diagnosis, becoming a field of disputes within psychiatry itself, going through moments of expansion and retraction, until culminating in the contemporary concept, presented by the DSM-5. It appears that in the 21st century, there is, every decade, due to the action of different actors and historical events, a greater expansion of the diagnosis, allowing the inclusion of childhood in the field of biological psychiatry as regards bipolar disorder. In this sense, bipolar disorder, considered by DSM as a bridge between depression and schizophrenia, has become possible in the scope of child psychiatry.Caponi, Sandra Noemi Cucurullo deMitjavila, Myriam RaquelUniversidade Federal de Santa CatarinaWelter, Ana Carolina2022-05-19T14:46:55Z2022-05-19T14:46:55Z2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis212 p.| il., gráfs.application/pdf374762https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/234714porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-05-19T14:46:55Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/234714Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732022-05-19T14:46:55Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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