A ampliação do mercado de soluções para educação: o capital em busca do Santo Graal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lima, Lígia Cristina Poffo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/222078
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2021.
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spelling A ampliação do mercado de soluções para educação: o capital em busca do Santo GraalEducaçãoPolíticas públicasEducação para o trabalhoEducação e EstadoCompetências essenciaisDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2021.Os direcionamentos das políticas públicas educacionais envolvem interesses políticos, ideológicos e econômicos. Organismos Multilaterais, como aOrganização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE) publicam documentos com recomendações e estratégias para influenciar as políticas educacionais, propagando as competências necessárias para o século XXI. Buscamos analisar como as competências socioemocionais estão estabelecidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a justificativa para sua inserção no currículo escolar da Educação Básica. Por meio da implementação obrigatória da BNCC e das parcerias público-privadas, desenvolve-se um amploe lucrativo nicho de mercado para o capital, formado pela oferta de soluções digitais e diversos produtos e serviços para o desenvolvimento das competências gerais indicadaspara a formação dos alunos, além da oferta de formação para os professores e gestores, a fim de que se adaptem às diretrizes do documento. Nosso objetivo é analisar os interesses que permeiam a constituição do novo nicho de mercado voltado à oferta de soluções digitais para o desenvolvimento de competências socioemocionais propostas pela BNCC.Fundamentamo-nos no materialismo histórico-dialéticoao analisar as contradições de como a educação, um direito universal, tida como um ?bem público?, é oferecida por empresas privadas que valorizam o valor por meio da educação pública.Parte do fundo público, que é constituído em sua maior fração por impostos e taxas pagos pela classe trabalhadora, é transferida para a iniciativa privada, financeirizando o que deveria ser um direito social. A formação dos estudantes - futuros trabalhadores - com as competências socioemociocionais conduz ao desenvolvimento da sociabilidade requerida pelo capital, composta pelos valores da classe burguesa, difundidos como se fossem universais, promovendo características como: resiliência, autonomia, amabilidade, colaboração, autocontrole, responsabilidade, comprometimento, entre outros, buscando formar um ?cidadão engajado?. O capital também propaga a ideia de ?aprendizagem ao longo da vida? para que o sujeito seja capaz de se atualizar permanentemente para o ?mundo do trabalho? que se modifica de maneira acelerada. Esta aprendizagem contínua deve ser financiada pelo próprio trabalhador, como um autoinvestimento, a fim de tentar garantir sua ?empregabilidade?.A possibilidade da mobilidade social via escolaridade é um dos discursos do capital para adequar o perfil do homem exigido no projeto de sociabilidade burguesa. Ao responsabilizar o trabalhador por suas conquistas pessoais, o capital justifica as desigualdades sociais e oculta as relações sociais reproduzidas no capitalismo, que geram a concentração de riqueza em um polo, e a pobreza no outro,buscando perpetuar a reprodução das relações sociais capitalistas. Trabalhamos com a hipótese de que, para além do interesse político na formação dos trabalhadores, há especial propósito do empresariado na BNCC pela possibilidade da constituição de um novo nicho de mercado mundial, o que amplia as possibilidades do capital seguir em busca da valorização do valor por meio da educação pública.Abstract: The directions of the educational public policies involve political, ideological and economic interests. Multilateral organizations, such as the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) publish documents with recommendations and strategies to influence educational policies, spreading the necessary skills for the 21st century. We seek to analyze how the socio-emotional skills are established in the National Common Curricular Base (BNCC) and the justification for their insertion in the school curriculum of Basic Education. Through the mandatory implementation of the BNCC and the public-private partnerships, a broad and lucrative market niche for the capital is developed, providingdigital solutions and various products and services for the development of general skills indicated to students training, as well as to teachers and managers training, in order to adapt to the guidelines of the document. Our goal is to analyse the interests that permeate the constitution of the new market niche aimed at offering digital solutions for the development of socio-emotional skills proposed by BNCC. Based on historical-dialectical materialism, we analyze the contradictions of how education, a universal right, seen as a ?public good?, is offered by private companies which promote the self-expansion of value trough the public education. Part of the public fund, which is mostly made up of taxes and fees paid by the working class, is transferred to the private sector, financializing what should be a social right. The training of students - future workers - with socio-emotional skills leads to the development of the sociability required by the capital, composed by the values of the bourgeois class spread as if they were universal, promoting characteristics such as: resilience, autonomy, kindness, collaboration, self-control, responsibility, commitment, among others, seeking to form an ?engaged citizen?. Capital also propagates the idea of ?lifelong learning? so that the subject is able to permanently update himself/herself to the ?world of work? that changes in an accelerated way. This continuous learning must be financed by the worker himself/herself, as a self-investment, in order to try to guarantee his ?employability?. The possibility of social mobility through education is one of the discourses of capital to adapt the profile of the individualrequired in the bourgeois sociability project. By making the worker responsible for his/her personal achievements, the capital justifies social inequalities and hides the social relations reproduced in capitalism, which generates the accumulation of wealth at one pole, and poverty at the opposite pole, seeking to perpetuate the reproduction of capitalist social relations. We work with the hypothesis that, in addition to the political interest in the training of workers, there is a special purpose of the business community at BNCC due to the possibility of the constitution of a new niche in the world market, which expands the possibilities for the capital to keep promoting the self-expansion of value through the public education.Shiroma, Eneida OtoUniversidade Federal de Santa CatarinaLima, Lígia Cristina Poffo2021-04-12T18:35:50Z2021-04-12T18:35:50Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis156 p.| il., tabs.application/pdf371505https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/222078porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-04-12T18:35:51Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/222078Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-04-12T18:35:51Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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