Infância, cinema e educação: da escola de vícios à escola de vida (1920 a 1964)
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/247609 |
Resumo: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2022. |
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Infância, cinema e educação: da escola de vícios à escola de vida (1920 a 1964)EducaçãoInfânciaCinema na educaçãoTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2022.A utilização do cinema na educação de crianças, facilitada pelas tecnologias contemporâneas, está presente na prática de muitas professoras e professores e, por isso, tem sido objeto de reiteradas pesquisas. Porém, a história sobre uso de filmes no ensino é marcada por rupturas e transformações, que estão relacionadas às compreensões que cada sociedade tem sobre a infância e a sua educação. Assim, essa tese investiga como estas concepções se transformaram no período que vai do final da década de 1920 a meados da década de 1960. Tal perspectiva implica em estudar um conjunto de saberes que em cada época foi mobilizado na construção das relações entre cinema, criança e educação. Tendo como base a análise de um corpus documental diverso ? filmes, legislação, produção teórica no campo da Educação, Psicologia, e Filmologia, da produção textual e da prática de educadores e de uma série de documentos presentes no arquivo do Departamento Infantil da Cinemateca Brasileira ? pretende-se perceber como o uso do cinema na prática educativa se articulou com diferentes saberes relacionados à infância entre os anos 1920 e 1964 e como, nessa articulação, foram construídos critérios para definir que tipo de filmes seriam mais adequados à educação da infância e da adolescência. Há no discurso de intelectuais brasileiros da década de 1920 e 1930 uma visão de que o cinema seria \"uma escola de vícios\", pois difundia modelos de comportamento que iam de encontro dos padrões sociais da época. Ao mesmo tempo, educadores ligados ao movimento escolanovista viam no Cinema Educativo um instrumento para a modernização do ensino, desde que ele fosse usado como uma ferramenta técnica e reproduzisse de modo objetivo a realidade e os fenômenos naturais. Para os defensores do Cinema Educativo, a exibição de filmes com enredos ficcionais para crianças e adolescentes deveria ser rechaçada devido aos efeitos nocivos que as narrativas, e sua carga emocional, teriam na educação. Porém, verificou-se que no decorrer da década de 1950 ocorreu uma gradual construção de concepções que possibilitariam a inserção dos filmes de ficção na educação de crianças. Essa mudança de paradigma culminou, no início dos anos 1960, com o trabalho da professora Ilka Laurito junto à Cinemateca Brasileira. Além de criar um Departamento de Cinema Infantil nessa instituição, Ilka Laurito atuou junto às escolas, desenvolvendo metodologias para trabalhar com filmes nas quais eram valorizados justamente os aspectos narrativos, emotivos e estéticos dessas obras. Ou seja, as dimensões artísticas, subjetivas, sociais e culturais da obra fílmica passaram ser positivadas e percebidas como educativas. O cinema passou a ser visto como ?uma escola de vida?, pois permitia crianças e adolescentes aprenderem sobre si e sobre o mundo e, por esse motivo, deveria ser integrado ao ensino formal. Nesse sentido, suas ideias sobre o uso do cinema na escola contrastam com a dos educadores da década de 1930, ao mesmo tempo que apontam para um uso que muitos professores fazem do cinema recentemente. Dialogando com os teóricos da Filmologia, com o pensamento de Henri Wallon e Herbert Read, a professora construiu uma metodologia de uso do cinema, na qual crianças e adolescentes são protagonistas do processo educativo. Além de participarem das decisões sobre os filmes a serem assistidos, eles são convidados a expressarem suas opiniões e críticas em espaços criados especificamente para esse fim, como jornais e debates. O deslocamento materializado na atuação da professora Ilka Laurito traz contribuições para a atualidade, pois apesar da proliferação do uso de filmes na educação de crianças e dos avanços das reflexões nesse sentido, o debate sobre os critérios de escolha dos filmes, sobre os objetivos a serem alcançados e, sobretudo, em relação à metodologia a ser utilizada permanece em aberto.Abstract: The use of films in childhood education, which has been made easier by modern technology, can be observed in the practice of many teachers and has been a constant object of research. However, the history of film use in teaching is marked by ruptures and changes, which are influenced by the way each society understands childhood education. In view of this fact, this dissertation investigates how these conceptions evolved from the late 1920s to the mid-1960s. Such a perspective entails the study of a body of knowledge each time period resorted to in order to build the relations among cinema, children, and education. Based on the analysis of a wide range corpus of documentary sources, including films, legislative documents, theoretical production in the fields of Education, Psychology and Filmology, text production and the practice of educators as well as a series of documents from the Children's Department Archive of the Cinemateca Brasileira - we intend to examine how the use of motion pictures in teaching drew on different childhood-related fields of knowledge between 1920 and 1964, as well as how the criteria defining movie types for teenager and childhood education were established. In the discourse of Brazilian intellectuals of the 1920s and 1930s, there is a view that motion pictures would be \"a school of vices\", since it disseminated behavior models that went against the social norms of the time. In the meantime, educators connected to the New Education movement saw Educational Film as a tool for modernizing teaching, if used as a technical tool which reproduced reality and natural phenomena objectively. Supporters of Educational Film use felt children and teenagers should not be encouraged to watch films with fictional plots due to the harmful effects that the narratives and their emotionally-charged content would have on education. However, a gradual emergence of conceptions that would enable the use of fictious films was observed in primary and secondary education in the 1950s. This shift in paradigm reached its peak in the early 1960s with the work of professor Ilka Laurito at the Cinemateca Brasileira. In addition to creating a Children's Cinema Department at the institution, Ilka Laurito worked with schools and developed methodologies for working with movies whose narrative, emotional and aesthetic aspects were acknowledged. In other words, the artistic, subjective, social, and cultural dimensions of filmmaking started to be seen in a positive light and perceived as educational. Cinema came to be seen as \"a school of life\", since it allowed children and teenagers to learn about themselves and the world and, for this reason, it should therefore be included in formal education. In this sense, her ideas about the use of films in school contrast with those from educators of the 1930s, while aligning with the way many teachers incorporate movie sources into the classroom in recent times. In line with Filmology theorists and the thoughts of Henri Wallon and Herbert Read, the teacher designed a methodology for movie use in which children and adolescents are the protagonists of the educational process. In addition to participating in the movie choices, they are also encouraged to express their opinions and critiques in spaces specifically created for this purpose, such as newspapers and debates. The shift in paradigm put forth by Ilka Laurito makes contributions to the present, because, in spite of the widespread use of movies in childhood education and the advances in views regarding the appropriateness of their use, the debate about the criteria for choosing films, the desired objectives, and the methodology which should be used remain unresolved.Carvalho, Diana Carvalho deUniversidade Federal de Santa CatarinaCosta, Glaucia Dias da2023-06-28T18:27:01Z2023-06-28T18:27:01Z2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis393 p.| il.application/pdf381475https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/247609porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-06-28T18:27:01Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/247609Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732023-06-28T18:27:01Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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