Discursos sobre a deficiência: enunciados e práticas de (in/ex)clusão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Vivian Ferreira
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/205645
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2018.
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spelling Discursos sobre a deficiência: enunciados e práticas de (in/ex)clusãoCiências sociaisPessoa com deficiênciaAnálise do discursoIntegração socialTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2018.Tomando a deficiência como uma categoria multifacetada, historicamente marginal e que, na atualidade, se constitui também pela inclusão/acessibilidade, o presente trabalho busca analisar os discursos sobre a deficiência: seus deslocamentos, suas dispersões e suas regularidades. Parte-se da tese de que a inclusão a qual requer o acolhimento irrestrito de todas as pessoas, a despeito de suas particularidades, com equidade e respeito ainda não está posta. E, sobretudo, não se faz apenas por procedimentos técnicos e equipamentos acessíveis. Os discursos, historicamente produzidos, as consequentes práticas sobre/na deficiência, bem como as relações de poder imbricadas nesse processo, (in)viabilizam a inclusão. Ou seja, inclusão e exclusão, são também discursivas. Nesse sentido, a tese se organiza em torno de domínios que constituem a formação discursiva da deficiência: o histórico (e seus atravessamentos), o médico, o corporal, o jurídico e o político, bem como algumas materializações discursivas que são representativas desses. As análises se dão na perspectiva foucaultiana (especialmente pela mobilização de conceitos trazidos em Arqueologia do Saber (1969/1997) e A ordem do discurso (1970/1996)). É possível atestar, pelas diferentes materialidades analisadas, que os sentidos sobre a deficiência se constituem em um regime de dispersão, mas têm, sobretudo, a normalidade e a exclusão como seus contrapontos. Percebem-se, ainda, novas dimensões que passaram a ser incorporadas ao discurso sobre a deficiência, estabelecendo-se novos contornos e novas articulações com outros domínios. Os enunciados acerca da deficiência trazem, de forma bastante regular, um fio tensivo entre visibilidade e invisibilidade, e que constitui a produção de sentidos e de modos de subjetivação. Foi possível perceber que, a depender dos discursos praticados, ora a deficiência é um castigo, ora uma missão, ora um problema, ora uma incapacidade (que precisa ser contornada), sendo em outros casos, uma variação, uma característica. A deficiência vive, sobretudo, uma tensão entre ser comum e ser extraordinária, entre estar no corpo e estar no contexto, entre ser uma anomalia e ser uma característica. Ainda que os enunciados tentem apagar a memória de exclusão, de anormalidade e de reabilitação, o discurso escorrega, e nessa dispersão, a visibilidade/inclusão ainda trazem uma aproximação com a normalidade (no sentido da ausência de lesão ou déficits) e com valores normativos (tais como: ser culto, produtivo, capaz, jovem) e que contraditoriamente instituem processos de exclusão no interior das próprias empreitadas inclusivas. Conclui-se que os enunciados praticados sobre a deficiência, e, por conseguinte sobre a pessoa com deficiência, criam sujeitos diversos. Mas parece ser o sujeito construído como comum aquele que trará inteligibilidade para a inclusão. Porque é nessa perspectiva que os papéis de herói e/ou coitado não encontram condições de emergência, passam a ser diluídos, uma vez que a posição-sujeito comum traz um caráter ordinário à deficiência. A imersão nos discursos sobre a deficiência, e seus efeitos, pode ser compreendida como uma prática profícua de delineamento da inclusão, uma vez que irá permitir que os sentidos históricos sejam redimensionados e que novos dizeres, saberes e práticas, rompam com o caráter extraordinário da deficiência.Abstract : Taking in account disability as a multifaceted and historically marginal category that also constitutes itself, currently, by the means of inclusion/accessibility, this present work has a goal to analyze discourses concerned with disability in terms of its shiftings, dispersions as well its regularities. It is assumed that inclusion- that requires unrestricted host from everyone, despite its particularities, in an equity and respectful way- it has not set yet. Furthermore, inclusion mainly does not work only by the means of technical procedures and accessible equipments. Discourses historically produced, consequences practical on/in the disability, as well power relationships imbricated within these processes make inclusion quite impossible. In other words, inclusion and exclusion are also discursive practices. In this sense, this thesis is organized around domains that constitute disability discursive formation: historical, medical/ scientific, body expression, legal and political domains, as well some discursive representative materializations about these practices. Analyses are grounded on Michel Foucault s methodology and theoretical approach, mainly based on mobilization of those concepts that emerges from Arqueologia do Saber (1969/1997) and A ordem do discurso (1970/1996). It is possible to demonstrate on the basis of the analyses developed from different materialities that senses about disability constitute a scheme of dispersion, however these senses mainly have normality and exclusion acting as counterpoints. It has still noticed new dimensions that become incorporated to discourse about disability, so that new contours and joints with other domains are established. Statements about disability bring, in a regular way, a tensive thread between visibility and invisibility that constitutes sense production and modes of subjectivation. It is possible to notice that, depending on discourses produced, sometimes disability is a punishment, sometimes it is a mission, or a problem, sometimes it is an inability (that should be controlled), or, in another cases, a feature, a typical characteristic. Disability lives with a tension between being ordinary and extraordinary one, that is, between being placed at the body or with its surroundings, between being an anomaly or a feature. Although statements try to erase the memory of exclusion, abnormality and rehabilitation, the discourse slips, and within dispersion, the visibility / inclusion still brings an approximation with normality (in the sense of lack of lesions or deficits) and normative values (such as: being cultured, productive, capable, young) that contradictly institute exclusion processes within their own inclusive endeavors. It was concluded that the statements produced about disability, and therefore about the person with disability, create diverse subjects. However, it seems to be the constructed subject as \"ordinary\" one that will bring intelligibility to inclusion. Because from this point of view, roles of hero and / or poor person do not find emergency conditions, they become diluted, since the \"common\" subject position brings an ordinary character to the deficiency. Immersion in discourses about disability, and its effects, can be understood as a useful practice in outlining inclusion, as it will allow the historical senses to be redimensioned and new sayings, knowledge and practices to break with the extraordinary character of the disability.Caponi, Sandra Noemi Cucurullo deMitjavila, Myriam RaquelUniversidade Federal de Santa CatarinaDias, Vivian Ferreira2020-03-31T13:55:29Z2020-03-31T13:55:29Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis338 p.| il.application/pdf359001https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/205645porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-03-31T13:55:30Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/205645Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-03-31T13:55:30Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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