Educação financeira: práticas discursivas na educação matemática

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Jéssica Ignácio de
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/225616
Resumo: Uma educação financeira é inserida na agenda global educacional, especialmente pela disseminação de documentos propositivos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e se inscreve na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em articulação aos conteúdos da matemática que se ensina na escola. Além disso, nota-se um interesse no campo da pesquisa em Educação Matemática, que passa a tomar a educação financeira como um problema a ser investigado para os processos de ensino e aprendizagem. Disso, considera-se emergente a problematização das relações existentes e possíveis no seu irrompimento, a fim de historicizar a constituição desse tema. Isso posto, objetiva-se nesta tese analisar um conjunto de práticas discursivas que possibilitaram a emergência e a proveniência da educação financeira no currículo da matemática escolar. Para tanto, fez-se necessário examinar as condições políticas, econômicas e sociais que possibilitaram a emergência deste tema; investigar de que maneira as problemáticas relacionadas ao dinheiro, trabalho, riquezas, bens, patrimônios e seu uso foram objeto de preocupação em outros momentos da história; analisar a inscrição dos enunciados em relação à educação financeira em teses e dissertações sobre a temática e em documentos normativos; entender que tipos de assujeitamentos estão imbricados nas práticas matemáticas de um educar financeiro na atualidade e em outras épocas. Com isso, elabora-se uma história pela genealogia segundo Michel Foucault, mobilizando fontes como documentos normativos e propositores de currículo, teses e dissertações sobre a temática, livros didáticos deste e de outros momentos da história, e imagens do movimento artístico Pop Art. Busca-se não a tentativa de ver que projeto está na base dessa inserção atual da educação financeira que perpassa os conteúdos da matemática que se ensina na escola, mas mostrar como as peças foram dispostas e atualizadas ao longo da história, de modo que o tema se apresenta como uma das teias de controle e formação de um homo oeconomicus, no século XX como parceiros do processo da troca e, atualmente, empresário de si. No contexto atual, passa-se a exercitar comportamentos e valores de como consumir, construir orçamentos e poupar em tempos de neoliberalismo. Esses exercícios vistos nas práticas contemporâneas formam o que chamamos de técnicas de si e estão permeados por indicações que forjam um sujeito empresário de si que é conduzido por uma moral quádrupla formada pela culpa, pela promessa, pelo esforço e pelo desejo. Tudo isso, enfim, caracterizando uma função econômica da educação matemática que perpassa outros tempos e a atualidade.
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