Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209832 |
Resumo: | George Steiner, num magistral ensaio chamado “O leitor incomum”, faz uma distinção entre leitor clássico e o leitor de nossos dias. O primeiro tem sua imagem pintada por Jean-Baptiste-Siméon Chardin no quadro Le philosophe lisant de 1734. O segundo renunciou à autoria, ao auctoritas, e vagueia absorto no mundo. A “arte clássica da leitura”, como definiu e analisou Steiner a partir da pintura de Chardin, caracteriza-se pelo encontro cerimonioso entre leitor e o livro, para o qual o leitor investe sua melhor roupa e um chapéu para o que seria quase uma espécie de culto, como um estudioso da Torá; essa leitura carrega consigo, ainda, uma ampulheta, que indica a vida eterna do livro e a vida efêmera do leitor, do homem; três medalhões pousam sobre a mesa: é a continuidade do texto nas inscrições dos objetos; os fólios, os livros atrás do leitor, evidenciam seu apreço pela biblioteca; por fim, a pena, essa extensão da mão que permite o mudo diálogo entre leitor e autor. Toda essa iniciação à leitura, que encontra no Ocidente seu período mais intenso, entre os séculos XVIII e XIX, tem como centro uma única exigência: o silêncio. É preciso que o leitor de Chardin se recolha no interior da leitura para ouvir calmamente as palavras. |
id |
UFSC_fe1e3f0a185bb46db0f719b6a5ab33a6 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufsc.br:123456789/209832 |
network_acronym_str |
UFSC |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFSC |
repository_id_str |
2373 |
spelling |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mariprosa contemporâneamichele marioito escritoresGeorge Steiner, num magistral ensaio chamado “O leitor incomum”, faz uma distinção entre leitor clássico e o leitor de nossos dias. O primeiro tem sua imagem pintada por Jean-Baptiste-Siméon Chardin no quadro Le philosophe lisant de 1734. O segundo renunciou à autoria, ao auctoritas, e vagueia absorto no mundo. A “arte clássica da leitura”, como definiu e analisou Steiner a partir da pintura de Chardin, caracteriza-se pelo encontro cerimonioso entre leitor e o livro, para o qual o leitor investe sua melhor roupa e um chapéu para o que seria quase uma espécie de culto, como um estudioso da Torá; essa leitura carrega consigo, ainda, uma ampulheta, que indica a vida eterna do livro e a vida efêmera do leitor, do homem; três medalhões pousam sobre a mesa: é a continuidade do texto nas inscrições dos objetos; os fólios, os livros atrás do leitor, evidenciam seu apreço pela biblioteca; por fim, a pena, essa extensão da mão que permite o mudo diálogo entre leitor e autor. Toda essa iniciação à leitura, que encontra no Ocidente seu período mais intenso, entre os séculos XVIII e XIX, tem como centro uma única exigência: o silêncio. É preciso que o leitor de Chardin se recolha no interior da leitura para ouvir calmamente as palavras.Literatura Italiana TraduzidaUniversidade Federal de Santa CatarinaNúcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana (NECLIT)Gonçalves, VictorLiteratura Italiana Traduzida2020-07-29T20:15:14Z2020-07-29T20:15:14Z2020-05-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfGONÇALVES, Victor. Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.5, jun. 2020.2675-436326754363https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209832info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSC2020-08-12T16:20:57Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/209832Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-08-12T16:20:57Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
title |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
spellingShingle |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari Gonçalves, Victor prosa contemporânea michele mari oito escritores |
title_short |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
title_full |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
title_fullStr |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
title_full_unstemmed |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
title_sort |
Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari |
author |
Gonçalves, Victor |
author_facet |
Gonçalves, Victor Literatura Italiana Traduzida |
author_role |
author |
author2 |
Literatura Italiana Traduzida |
author2_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Literatura Italiana Traduzida Universidade Federal de Santa Catarina Núcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana (NECLIT) |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Gonçalves, Victor Literatura Italiana Traduzida |
dc.subject.por.fl_str_mv |
prosa contemporânea michele mari oito escritores |
topic |
prosa contemporânea michele mari oito escritores |
description |
George Steiner, num magistral ensaio chamado “O leitor incomum”, faz uma distinção entre leitor clássico e o leitor de nossos dias. O primeiro tem sua imagem pintada por Jean-Baptiste-Siméon Chardin no quadro Le philosophe lisant de 1734. O segundo renunciou à autoria, ao auctoritas, e vagueia absorto no mundo. A “arte clássica da leitura”, como definiu e analisou Steiner a partir da pintura de Chardin, caracteriza-se pelo encontro cerimonioso entre leitor e o livro, para o qual o leitor investe sua melhor roupa e um chapéu para o que seria quase uma espécie de culto, como um estudioso da Torá; essa leitura carrega consigo, ainda, uma ampulheta, que indica a vida eterna do livro e a vida efêmera do leitor, do homem; três medalhões pousam sobre a mesa: é a continuidade do texto nas inscrições dos objetos; os fólios, os livros atrás do leitor, evidenciam seu apreço pela biblioteca; por fim, a pena, essa extensão da mão que permite o mudo diálogo entre leitor e autor. Toda essa iniciação à leitura, que encontra no Ocidente seu período mais intenso, entre os séculos XVIII e XIX, tem como centro uma única exigência: o silêncio. É preciso que o leitor de Chardin se recolha no interior da leitura para ouvir calmamente as palavras. |
publishDate |
2020 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2020-07-29T20:15:14Z 2020-07-29T20:15:14Z 2020-05-08 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
GONÇALVES, Victor. Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.5, jun. 2020. 2675-4363 26754363 https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209832 |
identifier_str_mv |
GONÇALVES, Victor. Notas sobre a paixão da leitura em Michele Mari. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.5, jun. 2020. 2675-4363 26754363 |
url |
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209832 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFSC instname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) instacron:UFSC |
instname_str |
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
instacron_str |
UFSC |
institution |
UFSC |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFSC |
collection |
Repositório Institucional da UFSC |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1808652221481484288 |