João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Érica Vieira [UNIFESP]
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/11600/68719
Resumo: Ao longo do século XX os estudos sobre a Antropologia Criminal emergiram no Brasil enquanto um saber normalizador, que afirmava ser capaz de desvendar a origem dos comportamentos criminosos a partir da leitura de aspectos biológicos, sociais e morais dos delinquentes. Segundo esta concepção, o criminoso era interpretado como um sujeito anormal, tomado por uma doença que o tornava predisposto ao crime e, sendo assim, necessitava de tratamento médico especializado para a sua cura. Em muitos casos, estes indivíduos eram rotulados como incuráveis ou incorrigíveis e a pena prescrita era a prisão por tempo indeterminado até que fossem considerados incapazes de causar danos à sociedade. O Estado de São Paulo, ao longo do século XX, esteve na vanguarda destas teorias no país, com a inauguração da “moderna e suntuosa” Penitenciária do Estado, cuja construção representava a realização de um projeto de sofisticação da ciência criminal no Brasil. Outro passo ainda maior neste sentido foi a criação do Laboratório de Antropologia Criminal, intitulado posteriormente de Instituto de Biotipologia Criminal, que funcionava no interior da Penitenciária e que tinha a função de produzir os relatórios médicos sobre a personalidade e a periculosidade dos presos para embasar as decisões do Conselho Penitenciário e do Poder Judiciário. João Pereira Lima, personagem central desta pesquisa, passou 37 anos preso na Penitenciária do Estado de São Paulo, no mesmo período em que estas teorias criminológicas conquistavam papel de destaque nas interpretações médicas e jurídicas sobre a criminalidade no país. Ao longo de sua trajetória prisional, foi representado como um “psicopata”, “incorrigível” e “irrecuperável” nos laudos médicos, ganhando fama de “monstro impiedoso” pela imprensa brasileira. Em decorrência destes estigmas foi perseguido e exemplarmente punido pelos vários poderes que buscavam sua submissão. Sua suposta personalidade criminosa foi construída e aperfeiçoada nos inúmeros relatórios médicos produzidos a cada episódio em que ele se rebelava contra as regras disciplinares e repressivas das instituições penitenciárias nas quais foi transferido. A partir destas afirmações, o presente projeto de pesquisa propõe uma reflexão crítica sobre a influência da tradição criminológica positivista na criminologia paulista e na elaboração da classificação criminológica atribuída a João Pereira Lima, enquanto cumpria suas penas na Penitenciária do Estado de São Paulo, e apresenta a hipótese de que o discurso científico sobre o crime que embasava os tratados médicos do início do século XX foi o responsável por construir uma imagem estereotipada de Pereira Lima e que sua personalidade, dita como “perigosa” e “psicopática”, apresentou-se como reveladora das contradições presentes neste discurso, reforçando a sua estigmatização e o prolongamento de sua prisão.
id UFSP_b02536801cd2912c15cabcd11e9d0df3
oai_identifier_str oai:repositorio.unifesp.br:11600/68719
network_acronym_str UFSP
network_name_str Repositório Institucional da UNIFESP
repository_id_str 3465
spelling Santos, Érica Vieira [UNIFESP]http://lattes.cnpq.br/5521213545220014http://lattes.cnpq.br/3414564900325538Ferla, Luis Antonio Coelho [UNIFESP]Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - EFLCH2023-07-21T16:34:28Z2023-07-21T16:34:28Z2023-05-24SANTOS, Érica Vieira. João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980) Orientador: Luis Antonio Coelho Ferla - 2023 – 136 f. Dissertação (Mestrado em História) – Guarulhos Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Humanas, 2023.https://repositorio.unifesp.br/11600/68719Ao longo do século XX os estudos sobre a Antropologia Criminal emergiram no Brasil enquanto um saber normalizador, que afirmava ser capaz de desvendar a origem dos comportamentos criminosos a partir da leitura de aspectos biológicos, sociais e morais dos delinquentes. Segundo esta concepção, o criminoso era interpretado como um sujeito anormal, tomado por uma doença que o tornava predisposto ao crime e, sendo assim, necessitava de tratamento médico especializado para a sua cura. Em muitos casos, estes indivíduos eram rotulados como incuráveis ou incorrigíveis e a pena prescrita era a prisão por tempo indeterminado até que fossem considerados incapazes de causar danos à sociedade. O Estado de São Paulo, ao longo do século XX, esteve na vanguarda destas teorias no país, com a inauguração da “moderna e suntuosa” Penitenciária do Estado, cuja construção representava a realização de um projeto de sofisticação da ciência criminal no Brasil. Outro passo ainda maior neste sentido foi a criação do Laboratório de Antropologia Criminal, intitulado posteriormente de Instituto de Biotipologia Criminal, que funcionava no interior da Penitenciária e que tinha a função de produzir os relatórios médicos sobre a personalidade e a periculosidade dos presos para embasar as decisões do Conselho Penitenciário e do Poder Judiciário. João Pereira Lima, personagem central desta pesquisa, passou 37 anos preso na Penitenciária do Estado de São Paulo, no mesmo período em que estas teorias criminológicas conquistavam papel de destaque nas interpretações médicas e jurídicas sobre a criminalidade no país. Ao longo de sua trajetória prisional, foi representado como um “psicopata”, “incorrigível” e “irrecuperável” nos laudos médicos, ganhando fama de “monstro impiedoso” pela imprensa brasileira. Em decorrência destes estigmas foi perseguido e exemplarmente punido pelos vários poderes que buscavam sua submissão. Sua suposta personalidade criminosa foi construída e aperfeiçoada nos inúmeros relatórios médicos produzidos a cada episódio em que ele se rebelava contra as regras disciplinares e repressivas das instituições penitenciárias nas quais foi transferido. A partir destas afirmações, o presente projeto de pesquisa propõe uma reflexão crítica sobre a influência da tradição criminológica positivista na criminologia paulista e na elaboração da classificação criminológica atribuída a João Pereira Lima, enquanto cumpria suas penas na Penitenciária do Estado de São Paulo, e apresenta a hipótese de que o discurso científico sobre o crime que embasava os tratados médicos do início do século XX foi o responsável por construir uma imagem estereotipada de Pereira Lima e que sua personalidade, dita como “perigosa” e “psicopática”, apresentou-se como reveladora das contradições presentes neste discurso, reforçando a sua estigmatização e o prolongamento de sua prisão.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)136 f.porUniversidade Federal de São PauloMedicinaCriminologiaBiodeterminismoAntiga Penitenciária do Estado de São PauloJoão Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESPEscola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH)HistóriaHistóriaNormas, espaços e deslocamentosTEXTDISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.txtDISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.txtExtracted texttext/plain383637${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/6/DISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.txt32d9813f2ffc6d339c4aca7a02021641MD56open accessTHUMBNAILDISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.jpgDISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg3428${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/8/DISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.jpg807d14d7568417dc641c4ccb33bcd562MD58open accessLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-85845${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/2/license.txt4171e62d10df331e55752faa42bd269cMD52open accessORIGINALDISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdfDISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdfDissertação de Mestradoapplication/pdf2022049${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/1/DISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf4e0524b44e5a3e4e8b59600a1c86c555MD51open access11600/687192023-07-21 13:50:16.121open accessoai:repositorio.unifesp.br:11600/68719VEVSTU9TIEUgQ09OREnDh8OVRVMgUEFSQSBPIExJQ0VOQ0lBTUVOVE8gRE8gQVJRVUlWQU1FTlRPLCBSRVBST0RVw4fDg08gRSBESVZVTEdBw4fDg08gUMOaQkxJQ0EgREUgQ09OVEXDmkRPIE5PIFJFUE9TSVTDk1JJTyBJTlNUSVRVQ0lPTkFMIFVOSUZFU1AKCjEuIEV1LCDDiXJpY2EgU2FudG9zICh2aWVpcmEuc2FudG9zQHVuaWZlc3AuYnIpLCByZXNwb25zw6F2ZWwgcGVsbyB0cmFiYWxobyDigJxKb8OjbyBQZXJlaXJhIExpbWE6IGVudHJlIGxhdWRvcyBlIHBlbmFzLCBhIHRyYWpldMOzcmlhIGRlIHVtIHByZXNvIGluY29ycmlnw612ZWwgKDE5NDgtMTk4MCnigJ0gZS9vdSB1c3XDoXJpby1kZXBvc2l0YW50ZSBubyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBVTklGRVNQLGFzc2VndXJvIG5vIHByZXNlbnRlIGF0byBxdWUgc291IHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhdHJpbW9uaWFpcyBlL291IGRpcmVpdG9zIGNvbmV4b3MgcmVmZXJlbnRlcyDDoCB0b3RhbGlkYWRlIGRhIE9icmEgb3JhIGRlcG9zaXRhZGEgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsLCBiZW0gY29tbyBkZSBzZXVzIGNvbXBvbmVudGVzIG1lbm9yZXMsIGVtIHNlIHRyYXRhbmRvIGRlIG9icmEgY29sZXRpdmEsIGNvbmZvcm1lIG8gcHJlY2VpdHVhZG8gcGVsYSBMZWkgOS42MTAvOTggZS9vdSBMZWkgOS42MDkvOTguIE7Do28gc2VuZG8gZXN0ZSBvIGNhc28sIGFzc2VndXJvIHRlciBvYnRpZG8gZGlyZXRhbWVudGUgZG9zIGRldmlkb3MgdGl0dWxhcmVzIGF1dG9yaXphw6fDo28gcHLDqXZpYSBlIGV4cHJlc3NhIHBhcmEgbyBkZXDDs3NpdG8gZSBwYXJhIGEgZGl2dWxnYcOnw6NvIGRhIE9icmEsIGFicmFuZ2VuZG8gdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZSBjb25leG9zIGFmZXRhZG9zIHBlbGEgYXNzaW5hdHVyYSBkbyBwcmVzZW50ZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbmNpYW1lbnRvLCBkZSBtb2RvIGEgZWZldGl2YW1lbnRlIGlzZW50YXIgYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBTw6NvIFBhdWxvIChVTklGRVNQKSBlIHNldXMgZnVuY2lvbsOhcmlvcyBkZSBxdWFscXVlciByZXNwb25zYWJpbGlkYWRlIHBlbG8gdXNvIG7Do28tYXV0b3JpemFkbyBkbyBtYXRlcmlhbCBkZXBvc2l0YWRvLCBzZWphIGVtIHZpbmN1bGHDp8OjbyBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBVTklGRVNQLCBzZWphIGVtIHZpbmN1bGHDp8OjbyBhIHF1YWlzcXVlciBzZXJ2acOnb3MgZGUgYnVzY2EgZSBkZSBkaXN0cmlidWnDp8OjbyBkZSBjb250ZcO6ZG8gcXVlIGZhw6dhbSB1c28gZGFzIGludGVyZmFjZXMgZSBlc3Bhw6dvIGRlIGFybWF6ZW5hbWVudG8gcHJvdmlkZW5jaWFkb3MgcGVsYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBTw6NvIFBhdWxvIChVTklGRVNQKSBwb3IgbWVpbyBkZSBzZXVzIHNpc3RlbWFzIGluZm9ybWF0aXphZG9zLgoKMi4gQSBjb25jb3Jkw6JuY2lhIGNvbSBlc3RhIGxpY2Vuw6dhIHRlbSBjb21vIGNvbnNlcXXDqm5jaWEgYSB0cmFuc2ZlcsOqbmNpYSwgYSB0w610dWxvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGUgbsOjby1vbmVyb3NvLCBpc2VudGEgZG8gcGFnYW1lbnRvIGRlIHJveWFsdGllcyBvdSBxdWFscXVlciBvdXRyYSBjb250cmFwcmVzdGHDp8OjbywgcGVjdW5pw6FyaWEgb3UgbsOjbywgw6AgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgU8OjbyBQYXVsbyAoVU5JRkVTUCkgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGFybWF6ZW5hciBkaWdpdGFsbWVudGUsIGRlIHJlcHJvZHV6aXIgZSBkZSBkaXN0cmlidWlyIG5hY2lvbmFsIGUgaW50ZXJuYWNpb25hbG1lbnRlIGEgT2JyYSwgaW5jbHVpbmRvLXNlIG8gc2V1IHJlc3Vtby9hYnN0cmFjdCwgcG9yIG1laW9zIGVsZXRyw7RuaWNvcyBhbyBww7pibGljbyBlbSBnZXJhbCwgZW0gcmVnaW1lIGRlIGFjZXNzbyBhYmVydG8uCgozLiBBIHByZXNlbnRlIGxpY2Vuw6dhIHRhbWLDqW0gYWJyYW5nZSwgbm9zIG1lc21vcyB0ZXJtb3MgZXN0YWJlbGVjaWRvcyBubyBpdGVtIDIsIHN1cHJhLCBxdWFscXVlciBkaXJlaXRvIGRlIGNvbXVuaWNhw6fDo28gYW8gcMO6YmxpY28gY2Fiw612ZWwgZW0gcmVsYcOnw6NvIMOgIE9icmEgb3JhIGRlcG9zaXRhZGEsIGluY2x1aW5kby1zZSBvcyB1c29zIHJlZmVyZW50ZXMgw6AgcmVwcmVzZW50YcOnw6NvIHDDumJsaWNhIGUvb3UgZXhlY3XDp8OjbyBww7pibGljYSwgYmVtIGNvbW8gcXVhbHF1ZXIgb3V0cmEgbW9kYWxpZGFkZSBkZSBjb211bmljYcOnw6NvIGFvIHDDumJsaWNvIHF1ZSBleGlzdGEgb3UgdmVuaGEgYSBleGlzdGlyLCBub3MgdGVybW9zIGRvIGFydGlnbyA2OCBlIHNlZ3VpbnRlcyBkYSBMZWkgOS42MTAvOTgsIG5hIGV4dGVuc8OjbyBxdWUgZm9yIGFwbGljw6F2ZWwgYW9zIHNlcnZpw6dvcyBwcmVzdGFkb3MgYW8gcMO6YmxpY28gcGVsYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBTw6NvIFBhdWxvIChVTklGRVNQKS4KCjQuIEVzdGEgbGljZW7Dp2EgYWJyYW5nZSwgYWluZGEsIG5vcyBtZXNtb3MgdGVybW9zIGVzdGFiZWxlY2lkb3Mgbm8gaXRlbSAyLCBzdXByYSwgdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgY29uZXhvcyBkZSBhcnRpc3RhcyBpbnTDqXJwcmV0ZXMgb3UgZXhlY3V0YW50ZXMsIHByb2R1dG9yZXMgZm9ub2dyw6FmaWNvcyBvdSBlbXByZXNhcyBkZSByYWRpb2RpZnVzw6NvIHF1ZSBldmVudHVhbG1lbnRlIHNlamFtIGFwbGljw6F2ZWlzIGVtIHJlbGHDp8OjbyDDoCBvYnJhIGRlcG9zaXRhZGEsIGVtIGNvbmZvcm1pZGFkZSBjb20gbyByZWdpbWUgZml4YWRvIG5vIFTDrXR1bG8gViBkYSBMZWkgOS42MTAvOTguCgo1LiBTZSBhIE9icmEgZGVwb3NpdGFkYSBmb2kgb3Ugw6kgb2JqZXRvIGRlIGZpbmFuY2lhbWVudG8gcG9yIGluc3RpdHVpw6fDtWVzIGRlIGZvbWVudG8gw6AgcGVzcXVpc2Egb3UgcXVhbHF1ZXIgb3V0cmEgc2VtZWxoYW50ZSwgdm9jw6ogb3UgbyB0aXR1bGFyIGFzc2VndXJhIHF1ZSBjdW1wcml1IHRvZGFzIGFzIG9icmlnYcOnw7VlcyBxdWUgbGhlIGZvcmFtIGltcG9zdGFzIHBlbGEgaW5zdGl0dWnDp8OjbyBmaW5hbmNpYWRvcmEgZW0gcmF6w6NvIGRvIGZpbmFuY2lhbWVudG8sIGUgcXVlIG7Do28gZXN0w6EgY29udHJhcmlhbmRvIHF1YWxxdWVyIGRpc3Bvc2nDp8OjbyBjb250cmF0dWFsIHJlZmVyZW50ZSDDoCBwdWJsaWNhw6fDo28gZG8gY29udGXDumRvIG9yYSBzdWJtZXRpZG8gYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgVU5JRkVTUC4KIAo2LiBBdXRvcml6YSBhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFPDo28gUGF1bG8gYSBkaXNwb25pYmlsaXphciBhIG9icmEgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgVU5JRkVTUCBkZSBmb3JtYSBncmF0dWl0YSwgZGUgYWNvcmRvIGNvbSBhIGxpY2Vuw6dhIHDDumJsaWNhIENyZWF0aXZlIENvbW1vbnM6IEF0cmlidWnDp8Ojby1TZW0gRGVyaXZhw6fDtWVzLVNlbSBEZXJpdmFkb3MgNC4wIEludGVybmFjaW9uYWwgKENDIEJZLU5DLU5EKSwgcGVybWl0aW5kbyBzZXUgbGl2cmUgYWNlc3NvLCB1c28gZSBjb21wYXJ0aWxoYW1lbnRvLCBkZXNkZSBxdWUgY2l0YWRhIGEgZm9udGUuIEEgb2JyYSBjb250aW51YSBwcm90ZWdpZGEgcG9yIERpcmVpdG9zIEF1dG9yYWlzIGUvb3UgcG9yIG91dHJhcyBsZWlzIGFwbGljw6F2ZWlzLiBRdWFscXVlciB1c28gZGEgb2JyYSwgcXVlIG7Do28gbyBhdXRvcml6YWRvIHNvYiBlc3RhIGxpY2Vuw6dhIG91IHBlbGEgbGVnaXNsYcOnw6NvIGF1dG9yYWwsIMOpIHByb2liaWRvLiAgCgo3LiBBdGVzdGEgcXVlIGEgT2JyYSBzdWJtZXRpZGEgbsOjbyBjb250w6ltIHF1YWxxdWVyIGluZm9ybWHDp8OjbyBjb25maWRlbmNpYWwgc3VhIG91IGRlIHRlcmNlaXJvcy4KCjguIEF0ZXN0YSBxdWUgbyB0cmFiYWxobyBzdWJtZXRpZG8gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBmb2kgZWxhYm9yYWRvIHJlc3BlaXRhbmRvIG9zIHByaW5jw61waW9zIGRhIG1vcmFsIGUgZGEgw6l0aWNhIGUgbsOjbyB2aW9sb3UgcXVhbHF1ZXIgZGlyZWl0byBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBpbnRlbGVjdHVhbCwgc29iIHBlbmEgZGUgcmVzcG9uZGVyIGNpdmlsLCBjcmltaW5hbCwgw6l0aWNhIGUgcHJvZmlzc2lvbmFsbWVudGUgcG9yIG1ldXMgYXRvczsKCjkuIEF0ZXN0YSBxdWUgYSB2ZXJzw6NvIGRvIHRyYWJhbGhvIHByZXNlbnRlIG5vIGFycXVpdm8gc3VibWV0aWRvIMOpIGEgdmVyc8OjbyBkZWZpbml0aXZhIHF1ZSBpbmNsdWkgYXMgYWx0ZXJhw6fDtWVzIGRlY29ycmVudGVzIGRhIGRlZmVzYSwgc29saWNpdGFkYXMgcGVsYSBiYW5jYSwgc2UgaG91dmUgYWxndW1hLCBvdSBzb2xpY2l0YWRhcyBwb3IgcGFydGUgZGUgb3JpZW50YcOnw6NvIGRvY2VudGUgcmVzcG9uc8OhdmVsOwoKMTAuIENvbmNlZGUgw6AgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgU8OjbyBQYXVsbyAoVU5JRkVTUCkgbyBkaXJlaXRvIG7Do28gZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlYWxpemFyIHF1YWlzcXVlciBhbHRlcmHDp8O1ZXMgbmEgbcOtZGlhIG91IG5vIGZvcm1hdG8gZG8gYXJxdWl2byBwYXJhIHByb3DDs3NpdG9zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28gZGlnaXRhbCwgZGUgYWNlc3NpYmlsaWRhZGUgZSBkZSBtZWxob3IgaWRlbnRpZmljYcOnw6NvIGRvIHRyYWJhbGhvIHN1Ym1ldGlkbywgZGVzZGUgcXVlIG7Do28gc2VqYSBhbHRlcmFkbyBzZXUgY29udGXDumRvIGludGVsZWN0dWFsLgoKQW8gY29uY2x1aXIgYXMgZXRhcGFzIGRvIHByb2Nlc3NvIGRlIHN1Ym1pc3PDo28gZGUgYXJxdWl2b3Mgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgVU5JRkVTUCwgYXRlc3RvIHF1ZSBsaSBlIGNvbmNvcmRlaSBpbnRlZ3JhbG1lbnRlIGNvbSBvcyB0ZXJtb3MgYWNpbWEgZGVsaW1pdGFkb3MsIHNlbSBmYXplciBxdWFscXVlciByZXNlcnZhIGUgbm92YW1lbnRlIGNvbmZpcm1hbmRvIHF1ZSBjdW1wcm8gb3MgcmVxdWlzaXRvcyBpbmRpY2Fkb3Mgbm9zIGl0ZW5zIG1lbmNpb25hZG9zIGFudGVyaW9ybWVudGUuCgpIYXZlbmRvIHF1YWxxdWVyIGRpc2NvcmTDom5jaWEgZW0gcmVsYcOnw6NvIGEgcHJlc2VudGUgbGljZW7Dp2Egb3UgbsOjbyBzZSB2ZXJpZmljYW5kbyBvIGV4aWdpZG8gbm9zIGl0ZW5zIGFudGVyaW9yZXMsIHZvY8OqIGRldmUgaW50ZXJyb21wZXIgaW1lZGlhdGFtZW50ZSBvIHByb2Nlc3NvIGRlIHN1Ym1pc3PDo28uIEEgY29udGludWlkYWRlIGRvIHByb2Nlc3NvIGVxdWl2YWxlIMOgIGNvbmNvcmTDom5jaWEgZSDDoCBhc3NpbmF0dXJhIGRlc3RlIGRvY3VtZW50bywgY29tIHRvZGFzIGFzIGNvbnNlcXXDqm5jaWFzIG5lbGUgcHJldmlzdGFzLCBzdWplaXRhbmRvLXNlIG8gc2lnbmF0w6FyaW8gYSBzYW7Dp8O1ZXMgY2l2aXMgZSBjcmltaW5haXMgY2FzbyBuw6NvIHNlamEgdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGF0cmltb25pYWlzIGUvb3UgY29uZXhvcyBhcGxpY8OhdmVpcyDDoCBPYnJhIGRlcG9zaXRhZGEgZHVyYW50ZSBlc3RlIHByb2Nlc3NvLCBvdSBjYXNvIG7Do28gdGVuaGEgb2J0aWRvIHByw6l2aWEgZSBleHByZXNzYSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGRvIHRpdHVsYXIgcGFyYSBvIGRlcMOzc2l0byBlIHRvZG9zIG9zIHVzb3MgZGEgT2JyYSBlbnZvbHZpZG9zLgoKU2UgdGl2ZXIgcXVhbHF1ZXIgZMO6dmlkYSBxdWFudG8gYW9zIHRlcm1vcyBkZSBsaWNlbmNpYW1lbnRvIGUgcXVhbnRvIGFvIHByb2Nlc3NvIGRlIHN1Ym1pc3PDo28sIGVudHJlIGVtIGNvbnRhdG8gY29tIGEgYmlibGlvdGVjYSBkbyBzZXUgY2FtcHVzIChjb25zdWx0ZSBlbTogaHR0cHM6Ly9iaWJsaW90ZWNhcy51bmlmZXNwLmJyL2JpYmxpb3RlY2FzLWRhLXJlZGUpLiAKClPDo28gUGF1bG8sIFdlZCBKdWwgMTkgMjE6MDI6NDAgQlJUIDIwMjMuCg==Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652023-07-21T16:50:16Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
title João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
spellingShingle João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
Santos, Érica Vieira [UNIFESP]
Medicina
Criminologia
Biodeterminismo
Antiga Penitenciária do Estado de São Paulo
title_short João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
title_full João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
title_fullStr João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
title_full_unstemmed João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
title_sort João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980)
author Santos, Érica Vieira [UNIFESP]
author_facet Santos, Érica Vieira [UNIFESP]
author_role author
dc.contributor.authorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/5521213545220014
dc.contributor.advisorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3414564900325538
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, Érica Vieira [UNIFESP]
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Ferla, Luis Antonio Coelho [UNIFESP]
contributor_str_mv Ferla, Luis Antonio Coelho [UNIFESP]
dc.subject.por.fl_str_mv Medicina
Criminologia
Biodeterminismo
Antiga Penitenciária do Estado de São Paulo
topic Medicina
Criminologia
Biodeterminismo
Antiga Penitenciária do Estado de São Paulo
description Ao longo do século XX os estudos sobre a Antropologia Criminal emergiram no Brasil enquanto um saber normalizador, que afirmava ser capaz de desvendar a origem dos comportamentos criminosos a partir da leitura de aspectos biológicos, sociais e morais dos delinquentes. Segundo esta concepção, o criminoso era interpretado como um sujeito anormal, tomado por uma doença que o tornava predisposto ao crime e, sendo assim, necessitava de tratamento médico especializado para a sua cura. Em muitos casos, estes indivíduos eram rotulados como incuráveis ou incorrigíveis e a pena prescrita era a prisão por tempo indeterminado até que fossem considerados incapazes de causar danos à sociedade. O Estado de São Paulo, ao longo do século XX, esteve na vanguarda destas teorias no país, com a inauguração da “moderna e suntuosa” Penitenciária do Estado, cuja construção representava a realização de um projeto de sofisticação da ciência criminal no Brasil. Outro passo ainda maior neste sentido foi a criação do Laboratório de Antropologia Criminal, intitulado posteriormente de Instituto de Biotipologia Criminal, que funcionava no interior da Penitenciária e que tinha a função de produzir os relatórios médicos sobre a personalidade e a periculosidade dos presos para embasar as decisões do Conselho Penitenciário e do Poder Judiciário. João Pereira Lima, personagem central desta pesquisa, passou 37 anos preso na Penitenciária do Estado de São Paulo, no mesmo período em que estas teorias criminológicas conquistavam papel de destaque nas interpretações médicas e jurídicas sobre a criminalidade no país. Ao longo de sua trajetória prisional, foi representado como um “psicopata”, “incorrigível” e “irrecuperável” nos laudos médicos, ganhando fama de “monstro impiedoso” pela imprensa brasileira. Em decorrência destes estigmas foi perseguido e exemplarmente punido pelos vários poderes que buscavam sua submissão. Sua suposta personalidade criminosa foi construída e aperfeiçoada nos inúmeros relatórios médicos produzidos a cada episódio em que ele se rebelava contra as regras disciplinares e repressivas das instituições penitenciárias nas quais foi transferido. A partir destas afirmações, o presente projeto de pesquisa propõe uma reflexão crítica sobre a influência da tradição criminológica positivista na criminologia paulista e na elaboração da classificação criminológica atribuída a João Pereira Lima, enquanto cumpria suas penas na Penitenciária do Estado de São Paulo, e apresenta a hipótese de que o discurso científico sobre o crime que embasava os tratados médicos do início do século XX foi o responsável por construir uma imagem estereotipada de Pereira Lima e que sua personalidade, dita como “perigosa” e “psicopática”, apresentou-se como reveladora das contradições presentes neste discurso, reforçando a sua estigmatização e o prolongamento de sua prisão.
publishDate 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-07-21T16:34:28Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-07-21T16:34:28Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2023-05-24
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv SANTOS, Érica Vieira. João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980) Orientador: Luis Antonio Coelho Ferla - 2023 – 136 f. Dissertação (Mestrado em História) – Guarulhos Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Humanas, 2023.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.unifesp.br/11600/68719
identifier_str_mv SANTOS, Érica Vieira. João Pereira Lima: entre laudos e penas, a trajetória de um preso incorrigível (1948-1980) Orientador: Luis Antonio Coelho Ferla - 2023 – 136 f. Dissertação (Mestrado em História) – Guarulhos Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Humanas, 2023.
url https://repositorio.unifesp.br/11600/68719
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 136 f.
dc.coverage.spatial.pt_BR.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - EFLCH
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNIFESP
instname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
instacron:UNIFESP
instname_str Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
instacron_str UNIFESP
institution UNIFESP
reponame_str Repositório Institucional da UNIFESP
collection Repositório Institucional da UNIFESP
bitstream.url.fl_str_mv ${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/6/DISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.txt
${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/8/DISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf.jpg
${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/2/license.txt
${dspace.ui.url}/bitstream/11600/68719/1/DISSERTACAO_ERICA_VIEIRA_SANTOS.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 32d9813f2ffc6d339c4aca7a02021641
807d14d7568417dc641c4ccb33bcd562
4171e62d10df331e55752faa42bd269c
4e0524b44e5a3e4e8b59600a1c86c555
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1802764270319960064