Plataformização das domésticas: o que muda nas condições do trabalho doméstico remunerado?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Farias, Aline Nery [UNIFESP]
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66911
Resumo: Historicamente, o trabalho doméstico remunerado foi pautado pela informalidade, com a maioria das empregadas domésticas trabalhando sem carteira assinada, mesmo após a aprovação da PEC 66/2012 (PEC das domésticas). Essa atividade é predominantemente feminina, exercida, sobretudo, por mulheres periféricas e negras, as quais são submetidas à desvalorização e precarização de seus trabalhos. Recentemente, essa profissão, assim como outras, vem passando por um processo de plataformização digital, permitindo que as domésticas sejam contratadas e ofertem os seus serviços virtualmente, por meio de plataformas digitais. Devido a esse processo, elegemos como objeto de pesquisa o trabalho doméstico remunerado realizado em plataformas digitais. Para investigar este objeto, partimos do seguinte problema de pesquisa: quais são as características centrais do trabalho doméstico remunerado realizado em plataformas digitais? Assim, a presente pesquisa objetiva analisar e compreender quais são as características centrais, as condições e peculiaridades do trabalho doméstico remunerado por plataformas digitais. Para investigar este tema, realizamos uma pesquisa teórico-empírica, na qual realizamos 7 entrevistas, com roteiro semiestruturado, com diaristas que realizam trabalho na empresa Parafuzo. Tais entrevistas foram feitas através de ligações e/ou chamadas de vídeo por Whatsapp ou Messenger. Com base nesta pesquisa, podemos afirmar que a Parafuzo exerce um controle sobre as diaristas que se vinculam à sua plataforma. Este controle é exercido através de um gerenciamento algorítmico, de um sistema avaliativo e da constante ameaça velada de bloqueio. Dessa forma, diferentemente do discurso propagado pelas empresas, as domésticas continuam dentro de uma relação patrão e empregada, que é mascarada. Ademais, o trabalho doméstico controlado por plataformas digitais se mostra como uma oportunidade para as diaristas terem acesso a um maior número de clientes. Não obstante, elas não possuem auxílios, garantia de remuneração e/ou benefícios nessa atividade, tendo que lidar com todos os custos e responsabilidades do seu trabalho e ainda prover o sustento da sua família.
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