Práticas sociais e usos da escrita por moradores do hospital-colônia Dr. Francisco Ribeiro Arantes

• Autor(a) principal: Takehara, Débora [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2010
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/11600/67955
• topic: Letramento; Práticas sociais; Eventos de letramento; Língua escrita; Literacy; Social practices; Literacy events; Written language

Esta monografia resulta de pesquisa de Iniciação Científica e tem o objetivo de identificar e compreender as práticas de uso da linguagem escrita no hospital-colônia Dr. Francisco Ribeiro Arantes (Pirapitingui), referência em hanseníase para o Estado de São Paulo, em Itu. Seu foco recai sobre o conjunto de práticas sociais relacionadas ao uso, à função e ao impacto da escrita; ao estudo dos letramentos de moradores desse hospital-colônia (Barton e Hamilton, 2000; Kleiman, 1995; Street, 2004). Tomamos como pressuposto que há diferenças entre as práticas de letramento situadas em contextos urbanos e fortemente influenciados pela burocracia, por meios de comunicação de massa e pela escolarização e aquelas situadas na comunidade, desenvolvidas por pessoas em situação de segregação, com pouca ou nenhuma escolaridade, e que também necessitam atender às demandas sociais de uso da escrita, personificadas nas relações próprias desse contexto (Hamilton e Barton, 2000). No contexto do hospital-colônia, foram examinadas as atividades de letramento sustentadas e aprendidas e, mesmo aquelas, impedidas nas vidas dos moradores e os modos de interação com a escrita. Além de tornar visíveis os letramentos situados nesse contexto, essa investigação procurou mapear e inventariar os textos que circulam e são recebidos nessa comunidade, por meio das práticas sociais situadas nas esferas de vivência cotidiana. Trata-se de pesquisa qualitativa cujos dados e materiais envolvem observação-participante, conversas prévias e entrevistas com quatro sujeitos. Os resultados permitem considerar que a escrita atravessa grande parte das atividades da comunidade, tais como aquelas realizadas na esfera doméstica (compras), da saúde (consultas, tratamentos, curativos), da religião (missa, culto, assistência espírita etc.) e da participação cidadã (reuniões com a gerência social, Caixa Beneficente, recebimento de pensão ou aposentadoria, indenização etc.). Constatamos que os moradores contam, na maior parte dos casos, com mediadores (funcionários da gerência social, do hospital, da caixa beneficente, parentes, amigos) que intervêm no sentido de realizar ações as quais os sujeitos não poderiam ou fariam com autonomia, gerando a criação de redes sociais na comunidade (Barton e Hamilton, 2004). O impacto da pesquisa se refere a uma visão sobre as questões educativas, de relevância social, para que se compreendam os modos como sujeitos em condições de vulnerabilidade social interagem e se apropriam de bens culturais do universo da cultura escrita, sob a ótica dos estudos do letramento.