Apresentação do dossiê: Docência - ofício ou vocação?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fortunato, Ivan
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Araújo, Osmar Hélio Alves, Medeiros, Emerson Augusto
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Educação e Filosofia
Texto Completo: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/71077
Resumo: Este dossiê nasce do nosso cotidiano como professores formadores nos cursos de licenciatura e na pós-graduação. Nasce, particularmente, de uma inquietação que nos incomoda, faz tempo, qual seja: seria a docência um ofício ou uma vocação? Explicamos!  Muitas vezes, estamos ocupados e preocupados com nossos estudantes, individualmente, aos quais chamamos pelo nome e vice-versa. Os afetos recobrem os momentos de ensinar e aprender, de orientar e de partilhar a vida. Também nos ocupamos e nos preocupamos com aqueles que estão na escola, aprendendo e ensinando coisas da e para a vida, tentando seu melhor para que haja transformação. Aquela boa e velha transformação que recai sobre as ideações de Paulo Freire de transformar pessoas, pela educação, para que as pessoas mudem o mundo para melhor. Quando temos esses quefazeres voltados às pessoas que nos cercam cotidianamente nas instituições e às pessoas que poderão, de alguma forma, serem alcançadas pelo nosso trabalho de formar professores, parece que o magistério é mesmo uma profissão de dação. Se assim for, vocacionados somos (ou estamos). Em outros momentos, nos ocupamos da insana burocracia de reuniões, atas, relatórios, ofícios e um papelório (que nos parece) sem fim. Permanecemos passivamente em nossas mesas de trabalho, digitando, revisando, deferindo, indeferindo (e justificando), despachando... e sabe-se lá o que mais. Isso sem falar que há planos de trabalho, de aulas, avaliações, diários de sala, calendário a ser cumprido, estudantes a aprovar e reprovar. E no nosso trabalho há textos a serem lidos, recomendados, resenhados, discutidos... tudo isso para produção de outros textos ou seminários. Vamos a congressos e organizamos grupos de estudos e de pesquisas, orientamos nossos estudantes e escrevemos também, além pesquisarmos. Focamos nas teorias que se verteram clássicas e discutimos ideias de grandes pensadores (que não são as nossas). Abordamos os meios mais modernosos de ensinar, as tecnologias digitais, o mundo remoto, a motivação para aprender, etc. etc.             Lembramos que as circunstâncias que demarcam nosso dia a dia na docência são seculares. Se fizeram ao longo do tempo, variando, de algum modo, em maior ou menor grau, em contextos (sociedades, civilizações, nações) e tempos diferentes. Não obstante, sejam, em verdade, circunstâncias relacionadas à docência tanto na educação básica quanto no ensino superior. Também falamos de carreira e das condições (quase sempre) sofridas de trabalho nas escolas, com poucos recursos, baixos salários, salas lotadas e uma falta de vontade de se investir nas escolas como lugares de mudança de nosso status quo imperialista, patriarcal e neoliberal. Nesses momentos outros, estamos trabalhando na docência como ofício, evidenciando que não apenas o magistério requer ampla formação, como tem prescindido do necessário reconhecimento de sua profissionalização. Requer também de saberes e conhecimentos profissionais específicos sobre a educação, de maneira ampla, e da sala de aula, em particular. Esses saberes e conhecimentos são construídos/mobilizados na formação e na prática educativa. Ou seja, se fazem desde o estudo sistematizado na universidade (ou espaços formativos com esse fim) quando nos debruçamos na formação inicial, ou na experiência vivenciada ao longo da trajetória de vida pessoal e profissional nas escolas ou universidades. Como ora esquecemos de tudo que envolve carreira para focar exclusivamente nas pessoas e ora não temos tempo nem de responder uma saudação de algum estudante, percebemos que flutuamos pelo magistério da vocação e o magistério da profissão. Que inquietação! Por isso, recorremos aos colegas e lançamos essa dúvida mote: seria a docência ofício ou vocação? De posse dessa pergunta, ampla, sem muita definição, vários colegas se dispuseram ao desafio de produzir uma escrita que perpassasse o tema. Assim, sem qualquer pretensão de esgotar o tema, apresentamos o dossiê. Aliás, não se esgota. Pelo contrário, coloca foco nessa inquietação que é necessária ser esquadrinhada. Sempre! Desse modo, o presente dossiê temático, “Docência – ofício ou vocação?”, está organizado em oito textos que discutem a docência e elementos que a compõem ou se associam, como a formação dos professores, a prática pedagógica, a política de formação docente, a identidade docente, o currículo, entre outros temas.
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Quando temos esses quefazeres voltados às pessoas que nos cercam cotidianamente nas instituições e às pessoas que poderão, de alguma forma, serem alcançadas pelo nosso trabalho de formar professores, parece que o magistério é mesmo uma profissão de dação. Se assim for, vocacionados somos (ou estamos). Em outros momentos, nos ocupamos da insana burocracia de reuniões, atas, relatórios, ofícios e um papelório (que nos parece) sem fim. Permanecemos passivamente em nossas mesas de trabalho, digitando, revisando, deferindo, indeferindo (e justificando), despachando... e sabe-se lá o que mais. Isso sem falar que há planos de trabalho, de aulas, avaliações, diários de sala, calendário a ser cumprido, estudantes a aprovar e reprovar. E no nosso trabalho há textos a serem lidos, recomendados, resenhados, discutidos... tudo isso para produção de outros textos ou seminários. Vamos a congressos e organizamos grupos de estudos e de pesquisas, orientamos nossos estudantes e escrevemos também, além pesquisarmos. Focamos nas teorias que se verteram clássicas e discutimos ideias de grandes pensadores (que não são as nossas). Abordamos os meios mais modernosos de ensinar, as tecnologias digitais, o mundo remoto, a motivação para aprender, etc. etc.             Lembramos que as circunstâncias que demarcam nosso dia a dia na docência são seculares. Se fizeram ao longo do tempo, variando, de algum modo, em maior ou menor grau, em contextos (sociedades, civilizações, nações) e tempos diferentes. Não obstante, sejam, em verdade, circunstâncias relacionadas à docência tanto na educação básica quanto no ensino superior. Também falamos de carreira e das condições (quase sempre) sofridas de trabalho nas escolas, com poucos recursos, baixos salários, salas lotadas e uma falta de vontade de se investir nas escolas como lugares de mudança de nosso status quo imperialista, patriarcal e neoliberal. Nesses momentos outros, estamos trabalhando na docência como ofício, evidenciando que não apenas o magistério requer ampla formação, como tem prescindido do necessário reconhecimento de sua profissionalização. Requer também de saberes e conhecimentos profissionais específicos sobre a educação, de maneira ampla, e da sala de aula, em particular. Esses saberes e conhecimentos são construídos/mobilizados na formação e na prática educativa. Ou seja, se fazem desde o estudo sistematizado na universidade (ou espaços formativos com esse fim) quando nos debruçamos na formação inicial, ou na experiência vivenciada ao longo da trajetória de vida pessoal e profissional nas escolas ou universidades. Como ora esquecemos de tudo que envolve carreira para focar exclusivamente nas pessoas e ora não temos tempo nem de responder uma saudação de algum estudante, percebemos que flutuamos pelo magistério da vocação e o magistério da profissão. Que inquietação! Por isso, recorremos aos colegas e lançamos essa dúvida mote: seria a docência ofício ou vocação? De posse dessa pergunta, ampla, sem muita definição, vários colegas se dispuseram ao desafio de produzir uma escrita que perpassasse o tema. Assim, sem qualquer pretensão de esgotar o tema, apresentamos o dossiê. Aliás, não se esgota. Pelo contrário, coloca foco nessa inquietação que é necessária ser esquadrinhada. Sempre! Desse modo, o presente dossiê temático, “Docência – ofício ou vocação?”, está organizado em oito textos que discutem a docência e elementos que a compõem ou se associam, como a formação dos professores, a prática pedagógica, a política de formação docente, a identidade docente, o currículo, entre outros temas.EDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlândia2023-12-12info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionTextoapplication/pdfhttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/71077Educação e Filosofia; v. 37 n. 80 (2023); 761-7661982-596X0102-6801reponame:Educação e Filosofiainstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUporhttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/71077/37214Copyright (c) 2023 Ivan Fortunato, Osmar Hélio Alves Araújo, Emerson Augusto Medeiroshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessFortunato, IvanAraújo, Osmar Hélio AlvesMedeiros, Emerson Augusto2023-12-12T17:01:18Zoai:ojs.www.seer.ufu.br:article/71077Revistahttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofiaPUBhttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/oai||revedfil@ufu.br1982-596X0102-6801opendoar:2023-12-12T17:01:18Educação e Filosofia - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)false
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