A prática social de inclusão de aluno(a)s com deficiência intelectual: um olhar para a práxis e para as vozes de docentes, de discentes e de familiares do(a)s estudantes

• Autor(a) principal: Fernandes, Maria José da Silva
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
• Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/31395; http://doi.org/10.14393/ufu.te.2021.6006
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA; Educação Inclusiva; Linguística; Deficiência Intelectual; Representações Discursivas; Análise de Discurso - Crítica; Avaliações Discursivas; Inclusive Education; Intellectual Disability; Critical Discourse Analysis; Discursive representations; Discursive Evaluations

Nesta tese de doutorado, investigamos a prática social de inclusão de aluno(a)s com deficiência intelectual (DI) e as avaliações e representações discursivas construídas no contexto escolar da educação inclusiva, pelo(a)s docentes, discentes e seus familiares. Analisamos essa prática em duas escolas estaduais de Minas Gerais, nas salas de aulas comuns do ensino regular, nos anos finais do ensino fundamental e nas salas de recursos do Atendimento Educacional Especializado, a partir de observações e entrevistas semiestruturadas. O(A)s participantes desta pesquisa são 08 professoras, 10 estudantes e 9 representantes do segmento de pais/responsáveis. Para empreendermos este estudo, adotamos os pressupostos teóricos da Análise de Discurso Crítica (ADC), especialmente a abordagem dialético-relacional de Norman Fairclough (1989, 1999, 2003, 2012), com enfoque nos significados representacional e identificacional. Do significado representacional, utilizamos a categoria interdiscursividade; do significado identificacional, a avaliação. Para análise das avaliações, baseamo-nos no Sistema de Avaliatividade, de Martin e White (2005).Adotamos também como referencial teórico as diretrizes da Educação Inclusiva, principalmente os documentos que a regem no estado mineiro, e as orientações oficiais acerca do ensino de leitura/letramento contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), no Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fazendo, portanto, uma triangulação teórica, metodológica, espacial e de percepção dos diferentes participantes, como orienta Denzim (1970). Os dados nos revelaram que, apesar de todo o empenho das professoras, a inclusão escolar de aluno(a)s com DI, praticada nas escolas coparticipantes da pesquisa, ainda precisa de reajustes e superação de obstáculos e desafios para que se efetive tal como apregoada nos documentos oficiais. É necessária a implementação de ações que viabilizem o desenvolvimento da competência leitora do(a)s aluno(a)s e a interação desse(a)s estudantes durante as aulas, pois alguns(mas) aluno(a)s, apesar de estarem nos anos finais do ensino fundamental, ainda não desenvolveram a habilidade de leitura. Muitas barreiras que ainda impedem a participação efetiva do(a)s estudantes precisam ser eliminadas, tais como a falta do(a) profissional de apoio, de recursos materiais e de formação para o(a)s profissionais. As representações e avaliações construídas por docentes e familiares dos discentes, materializadas, principalmente, nas entrevistas estão, em sua maioria, relacionadas às crenças e valores desses atores sociais, que expressam, predominantemente, avaliações comportamentais, correspondentes à categoria Julgamento, do Subsistema Atitude, quando se referem ao(à)s aluno(a)s. Há poucas avaliações de Afeto, prevalecendo as de insegurança e de insatisfação. As marcas de apreciação identificadas colaboram com as representações construídas acerca da educação inclusiva, da escola, do ensino e do(a)s estudantes. Essas estratégias avaliativas são, em sua maioria, negativas, sendo materializadas por meio de processos, circunstâncias e atributos, principalmente. Por fim, acreditamos que é preciso focar especialmente nas potencialidades de cada um(a) desse(a)s aluno(a)s, para evitar a naturalização de preconceitos e estigmas, muito comum quando se foca nas dificuldades do(a)s estudantes, o que prejudica sobremaneira seu desenvolvimento. Esperamos que este estudo contribua para uma maior compreensão do processo de inclusão de aluno(a)s com DI nas escolas públicas mineiras.