Espetacularização da violência no telejornalismo: uma expressão da questão social brasileira

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Autor(a) principal: Jesus, Rosilene Soares de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: LOCUS Repositório Institucional da UFV
Texto Completo: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29070
Resumo: Cotidianamente, a mídia televisiva brasileira divulga notícias sobre a ocorrência de crimes produzindo discursos que culpam os(as) agressores(as), de modo desconectado do sistema estrutural da sociedade. A violência e a criminalidade são divulgadas como acontecimentos naturais, como escolhas individuais e problemas particulares dos envolvidos. Considerando esse contexto, o objetivo desta pesquisa qualitativa, com características exploratórias, descritivas e documentais, é analisar a violência enquanto expressão da questão social brasileira, destacando os discursos culpabilizatórios que recaem sobre os indivíduos que cometeram algum tipo de crime. Os dados foram coletados de notícias apresentadas no telejornal Cidade Alerta, produzido pela Rede Record de Televisão, nos meses de setembro, outubro e novembro de 2018. As notícias selecionadas foram sistematizadas considerando a teoria marxista que compreende a violência não como um acontecimento espontâneo ou natural, mas como uma resposta ao sistema capitalista excludente que produz e reproduz desigualdades. Os dados foram discutidos a partir da Análise de Discurso, conforme a Gramática Sistêmica Funcional. Os resultados revelam que os discursos midiáticos analisados transmitem representações de crianças, adolescentes, mulheres e idosos como vítimas, ou seja, como indivíduos frágeis e suscetíveis à violência. Quanto à representação da mulher agressora, há um posicionamento tradicional quanto ao gênero, uma vez que as que são mostradas nas notícias são, predominantemente, mães e donas de casa, vistas como incapazes de cometer crimes. Os discursos produzidos nas notícias também criminalizam os negros, perfil predominante do agressor, apresentando-os como culpados, por meio de termos pejorativos, enquanto os agressores brancos tinham suas infrações justificadas. Os resultados possibilitam concluir que o telejornal prioriza a violência de forma a espetacularizar a notícia, sendo que a criminalidade é utilizada como instrumento para aumentar a audiência e sensacionalizar as expressões da questão social, apresentadas como culpas e fracassos individuais. Palavras-chave: Questão Social. Mídia televisiva. Violência. Gênero. Raça.
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spelling Jesus, Rosilene Soares dehttp://lattes.cnpq.br/0478480496306898Farias, Rita de Cássia Pereira2022-05-24T18:51:38Z2022-05-24T18:51:38Z2020-07-27JESUS, Rosilene Soares de. Espetacularização da violência no telejornalismo: uma expressão da questão social brasileira. 2020. 189 f. Tese (Doutorado em Economia Doméstica) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2020.https://locus.ufv.br//handle/123456789/29070Cotidianamente, a mídia televisiva brasileira divulga notícias sobre a ocorrência de crimes produzindo discursos que culpam os(as) agressores(as), de modo desconectado do sistema estrutural da sociedade. A violência e a criminalidade são divulgadas como acontecimentos naturais, como escolhas individuais e problemas particulares dos envolvidos. Considerando esse contexto, o objetivo desta pesquisa qualitativa, com características exploratórias, descritivas e documentais, é analisar a violência enquanto expressão da questão social brasileira, destacando os discursos culpabilizatórios que recaem sobre os indivíduos que cometeram algum tipo de crime. Os dados foram coletados de notícias apresentadas no telejornal Cidade Alerta, produzido pela Rede Record de Televisão, nos meses de setembro, outubro e novembro de 2018. As notícias selecionadas foram sistematizadas considerando a teoria marxista que compreende a violência não como um acontecimento espontâneo ou natural, mas como uma resposta ao sistema capitalista excludente que produz e reproduz desigualdades. Os dados foram discutidos a partir da Análise de Discurso, conforme a Gramática Sistêmica Funcional. Os resultados revelam que os discursos midiáticos analisados transmitem representações de crianças, adolescentes, mulheres e idosos como vítimas, ou seja, como indivíduos frágeis e suscetíveis à violência. Quanto à representação da mulher agressora, há um posicionamento tradicional quanto ao gênero, uma vez que as que são mostradas nas notícias são, predominantemente, mães e donas de casa, vistas como incapazes de cometer crimes. Os discursos produzidos nas notícias também criminalizam os negros, perfil predominante do agressor, apresentando-os como culpados, por meio de termos pejorativos, enquanto os agressores brancos tinham suas infrações justificadas. Os resultados possibilitam concluir que o telejornal prioriza a violência de forma a espetacularizar a notícia, sendo que a criminalidade é utilizada como instrumento para aumentar a audiência e sensacionalizar as expressões da questão social, apresentadas como culpas e fracassos individuais. Palavras-chave: Questão Social. Mídia televisiva. Violência. Gênero. Raça.Every day, the Brazilian television media disseminates news about the occurrence of crimes through discourses that blame the aggressors, without considering the structural system of society. Violence and criminality are shown as natural events, as individual choices and particular problems related to those involved. Considering this context, the objective of this qualitative research, which has exploratory, descriptive and documentary characteristics, is to analyze violence as an expression of the Brazilian social issue, highlighting the blaming discourses to describe the individuals who have committed crimes. The data were collected from news broadcasted by the TV news Cidade Alerta, produced by Rede Record de Televisão, in September, October and November of 2018. The selected pieces of news were systematized considering the Marxist theory that perceives violence not as a spontaneous or natural event, but as a response to the excluding capitalist system that produces and reproduces inequalities. The data were discussed following the Discourse Analysis approach, according to the Functional Systemic Grammar. The results show that the media discourses analyzed convey a representation of children, teenagers, women and the elderly as victims, that is, as fragile individuals who are susceptible to violence. Considering the representation of the female aggressor, there is a traditional position regarding gender, since those who are shown in the news are predominantly mothers and housewives, seen as incapable of committing crimes. The speeches also criminalize black people, a predominant profile of the aggressor in the news, presenting them as guilty through the use of pejorative terms, while white aggressors had their infractions justified. The results lead to the conclusion that in the data analyzed, the program prioritizes violence in order to spectacularize the news. In addition to that, criminality is used as an instrument to increase audience and sensationalize the expressions of the social issue, presented as individual faults and failures. Keywords: Social issue. Television media. Violence. Genre. Race.porUniversidade Federal de ViçosaTelevisão - Programas - BrasilTelevisão - Programas - Aspectos sociaisViolênciaEstereotipagem de GêneroRaçasNegrosEconomia DomésticaEspetacularização da violência no telejornalismo: uma expressão da questão social brasileiraViolence spectacularization in television news: an expression of the brazilian social issueinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal de ViçosaDepartamento de Economia DomésticaDoutor em Economia DomésticaViçosa - MG2020-07-27Doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:LOCUS Repositório Institucional da UFVinstname:Universidade Federal de Viçosa (UFV)instacron:UFVORIGINALtexto completo.pdftexto completo.pdftexto completoapplication/pdf1288241https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/29070/1/texto%20completo.pdf6c7be7a261efe14740b1cef964771a95MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/29070/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52123456789/290702022-05-24 15:52:08.707oai:locus.ufv.br:123456789/29070Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.locus.ufv.br/oai/requestfabiojreis@ufv.bropendoar:21452022-05-24T18:52:08LOCUS Repositório Institucional da UFV - Universidade Federal de Viçosa (UFV)false
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