Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vasconcelos, Joana Salém
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Santos , Fábio Luis Barbosa dos, Costa, Jales Dantas da
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/29670
Resumo: Em 1º de janeiro de 2019, a Revolução Cubana completou 60 anos. Foi e continua sendo um dos eventos políticos com maior impacto na história da América Latina contemporânea. Seu enredo extraordinário, a declaração do seu caráter socialista, sua originalidade e capacidade de expressar as contradições estruturais latino-americanas fizeram da revolução cubana um experimento único, que até hoje atrai a atenção do mundo. Em seis décadas, o processo revolucionário admitiu diversas mudanças de rota, endurecimentos e aberturas, além de autocríticas e reinvenções. Nos espaços de convívio, trabalho ou poder, os cubanos exercitam cotidianamente a análise da sua própria história, com sagacidade, humor e ironia. Parecem estar, há 60 anos, decifrando o enigma da sua própria revolução, para assim evitar serem devorados. Os cubanos divergem entre si; mas dificilmente se desunem. Partindo de condições periféricas e subdesenvolvidas, a transição cubana ao socialismo ainda está em curso e segue enfrentando obstáculos: do bloqueio econômico ao canto da sereia da modernização capitalista. Ao mesmo tempo, Cuba construiu sistemas gratuitos de saúde e educação mundialmente reconhecidos, eliminou o analfabetismo, desenvolveu excelência em pesquisas médicas, venceu doenças epidêmicas e transformou a solidariedade na essência da sua política externa. Não se pode negar que Cuba é uma sociedade igualitária encravada no continente mais desigual do mundo, presença que perturba as elites do entorno. Mas a realidade é tensa e contraditória: a ilha seguiu assombrada pelos espectros do autoritarismo, do machismo, do racismo e da LGBTfobia. Apesar dos seus limites e fissuras, a revolução cubana entrou em idade avançada com uma coesão surpreendente. Muitos imaginaram sua derrocada final com a queda da União Soviética, há 30 anos. Por que isso não ocorreu? Explicar a longevidade da revolução cubana em um mundo tão diferente daquele que a gestou segue um quebra-cabeça para pesquisadores. Dois fatores auxiliaram a revolução a permanecer ativa no século XXI, superando a crise do Período Especial em Tempos de Paz (1990-1998). O primeiro, interno, veio da capacidade das lideranças em preservar as conquistas sociais originárias, alimentando uma confiança política duradoura, baseada na valorização da soberania nacional. O segundo, externo, foi o advento da chamada onda progressista da América Latina. Os governos progressistas, destacadamente a Venezuela, comprometeram investimentos com Cuba, lhe dando alento e lhe ampliando o excedente. A alavancagem da China, claro, também teve seu papel. Contudo, com a crise do progressismo e o recrudescimento do imperialismo estadunidense, liderado por Donald Trump, reabriu-se o questionamento sobre os rumos da revolução e sua vulnerabilidade em um cenário hostil.             Quando convidamos pesquisadores a participar da composição desse dossiê, em rememoração dos 60 anos da revolução cubana, o cenário era de incertezas e novos debates. Propusemos que escrevessem sobre temas variados: o bloqueio econômico e a relação com Estados Unidos; os lineamientos de 2011 e as mudanças da organização socioeconômica da ilha; o crescimento da desigualdade social e o novo setor privado; o papel do capital estrangeiro; o problema da supercentralização política, do dogmatismo e da “velha mentalidade”; os embates da nova Constituição de 2019; as formas de propriedade estatal, privada e cooperativa; a homofobia, o machismo e o racismo; as relações Cuba/China e Cuba/América Latina; os meios de comunicação, a internet e a censura; os desafios da educação e a diversidade da cultura popular; a história do pensamento político cubano. Entre os trabalhos recebidos, selecionamos pesquisas que nos permitem acessar os dilemas, feitos e contradições atuais da revolução cubana, na celebração do aniversário que lhe tornou “idosa”. Pretendemos, assim, oferecer análises referenciadas e documentadas, clássicas e inovadoras, que permitam expandir o conhecimento sobre a ilha no Brasil.
id UNB-11_1c810bbb34fb6dec7e91c8094ebac22c
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/29670
network_acronym_str UNB-11
network_name_str Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas
repository_id_str
spelling Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmasPresentación - Los 60 años de la Revolucio´n Cubana y la América Latina: logros, desafíos y dilemasApresentação - Os 60 anos da Revolução Cubana e a América Latina: logros, desafios e dilemasEm 1º de janeiro de 2019, a Revolução Cubana completou 60 anos. Foi e continua sendo um dos eventos políticos com maior impacto na história da América Latina contemporânea. Seu enredo extraordinário, a declaração do seu caráter socialista, sua originalidade e capacidade de expressar as contradições estruturais latino-americanas fizeram da revolução cubana um experimento único, que até hoje atrai a atenção do mundo. Em seis décadas, o processo revolucionário admitiu diversas mudanças de rota, endurecimentos e aberturas, além de autocríticas e reinvenções. Nos espaços de convívio, trabalho ou poder, os cubanos exercitam cotidianamente a análise da sua própria história, com sagacidade, humor e ironia. Parecem estar, há 60 anos, decifrando o enigma da sua própria revolução, para assim evitar serem devorados. Os cubanos divergem entre si; mas dificilmente se desunem. Partindo de condições periféricas e subdesenvolvidas, a transição cubana ao socialismo ainda está em curso e segue enfrentando obstáculos: do bloqueio econômico ao canto da sereia da modernização capitalista. Ao mesmo tempo, Cuba construiu sistemas gratuitos de saúde e educação mundialmente reconhecidos, eliminou o analfabetismo, desenvolveu excelência em pesquisas médicas, venceu doenças epidêmicas e transformou a solidariedade na essência da sua política externa. Não se pode negar que Cuba é uma sociedade igualitária encravada no continente mais desigual do mundo, presença que perturba as elites do entorno. Mas a realidade é tensa e contraditória: a ilha seguiu assombrada pelos espectros do autoritarismo, do machismo, do racismo e da LGBTfobia. Apesar dos seus limites e fissuras, a revolução cubana entrou em idade avançada com uma coesão surpreendente. Muitos imaginaram sua derrocada final com a queda da União Soviética, há 30 anos. Por que isso não ocorreu? Explicar a longevidade da revolução cubana em um mundo tão diferente daquele que a gestou segue um quebra-cabeça para pesquisadores. Dois fatores auxiliaram a revolução a permanecer ativa no século XXI, superando a crise do Período Especial em Tempos de Paz (1990-1998). O primeiro, interno, veio da capacidade das lideranças em preservar as conquistas sociais originárias, alimentando uma confiança política duradoura, baseada na valorização da soberania nacional. O segundo, externo, foi o advento da chamada onda progressista da América Latina. Os governos progressistas, destacadamente a Venezuela, comprometeram investimentos com Cuba, lhe dando alento e lhe ampliando o excedente. A alavancagem da China, claro, também teve seu papel. Contudo, com a crise do progressismo e o recrudescimento do imperialismo estadunidense, liderado por Donald Trump, reabriu-se o questionamento sobre os rumos da revolução e sua vulnerabilidade em um cenário hostil.             Quando convidamos pesquisadores a participar da composição desse dossiê, em rememoração dos 60 anos da revolução cubana, o cenário era de incertezas e novos debates. Propusemos que escrevessem sobre temas variados: o bloqueio econômico e a relação com Estados Unidos; os lineamientos de 2011 e as mudanças da organização socioeconômica da ilha; o crescimento da desigualdade social e o novo setor privado; o papel do capital estrangeiro; o problema da supercentralização política, do dogmatismo e da “velha mentalidade”; os embates da nova Constituição de 2019; as formas de propriedade estatal, privada e cooperativa; a homofobia, o machismo e o racismo; as relações Cuba/China e Cuba/América Latina; os meios de comunicação, a internet e a censura; os desafios da educação e a diversidade da cultura popular; a história do pensamento político cubano. Entre os trabalhos recebidos, selecionamos pesquisas que nos permitem acessar os dilemas, feitos e contradições atuais da revolução cubana, na celebração do aniversário que lhe tornou “idosa”. Pretendemos, assim, oferecer análises referenciadas e documentadas, clássicas e inovadoras, que permitam expandir o conhecimento sobre a ilha no Brasil.Departamento de Estudos Latino-Americanos - ELA2019-06-12info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/2967010.21057/10.21057/repamv13n3.2019.29670Journal of Study and Research on the Americas; Vol. 13 No. 3 (2019); 67-72Revista de Estudios y Investigaciones sobre las Américas; Vol. 13 Núm. 3 (2019); 67-72Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas; v. 13 n. 3 (2019); 67-721984-163910.21057/10.21057/repamv13n3.2019reponame:Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américasinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNBporhttps://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/29670/25247Copyright (c) 2020 Joana Salém Vasconcelos, Fábio Luis Barbosa dos Santos , Jales Dantas da Costainfo:eu-repo/semantics/openAccessVasconcelos, Joana SalémSantos , Fábio Luis Barbosa dos Costa, Jales Dantas da 2023-09-19T18:47:35Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/29670Revistahttps://periodicos.unb.br/index.php/repamPUBhttps://periodicos.unb.br/index.php/repam/oairepam-ela@unb.br||revistaceppac@gmail.com1984-16391984-1639opendoar:2023-09-19T18:47:35Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.none.fl_str_mv Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
Presentación - Los 60 años de la Revolucio´n Cubana y la América Latina: logros, desafíos y dilemas
Apresentação - Os 60 anos da Revolução Cubana e a América Latina: logros, desafios e dilemas
title Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
spellingShingle Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
Vasconcelos, Joana Salém
title_short Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
title_full Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
title_fullStr Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
title_full_unstemmed Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
title_sort Presentation - The 60th anniversary of the Cuban Revolution and Latin America: achievements, challenges and dilemmas
author Vasconcelos, Joana Salém
author_facet Vasconcelos, Joana Salém
Santos , Fábio Luis Barbosa dos
Costa, Jales Dantas da
author_role author
author2 Santos , Fábio Luis Barbosa dos
Costa, Jales Dantas da
author2_role author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Vasconcelos, Joana Salém
Santos , Fábio Luis Barbosa dos
Costa, Jales Dantas da
description Em 1º de janeiro de 2019, a Revolução Cubana completou 60 anos. Foi e continua sendo um dos eventos políticos com maior impacto na história da América Latina contemporânea. Seu enredo extraordinário, a declaração do seu caráter socialista, sua originalidade e capacidade de expressar as contradições estruturais latino-americanas fizeram da revolução cubana um experimento único, que até hoje atrai a atenção do mundo. Em seis décadas, o processo revolucionário admitiu diversas mudanças de rota, endurecimentos e aberturas, além de autocríticas e reinvenções. Nos espaços de convívio, trabalho ou poder, os cubanos exercitam cotidianamente a análise da sua própria história, com sagacidade, humor e ironia. Parecem estar, há 60 anos, decifrando o enigma da sua própria revolução, para assim evitar serem devorados. Os cubanos divergem entre si; mas dificilmente se desunem. Partindo de condições periféricas e subdesenvolvidas, a transição cubana ao socialismo ainda está em curso e segue enfrentando obstáculos: do bloqueio econômico ao canto da sereia da modernização capitalista. Ao mesmo tempo, Cuba construiu sistemas gratuitos de saúde e educação mundialmente reconhecidos, eliminou o analfabetismo, desenvolveu excelência em pesquisas médicas, venceu doenças epidêmicas e transformou a solidariedade na essência da sua política externa. Não se pode negar que Cuba é uma sociedade igualitária encravada no continente mais desigual do mundo, presença que perturba as elites do entorno. Mas a realidade é tensa e contraditória: a ilha seguiu assombrada pelos espectros do autoritarismo, do machismo, do racismo e da LGBTfobia. Apesar dos seus limites e fissuras, a revolução cubana entrou em idade avançada com uma coesão surpreendente. Muitos imaginaram sua derrocada final com a queda da União Soviética, há 30 anos. Por que isso não ocorreu? Explicar a longevidade da revolução cubana em um mundo tão diferente daquele que a gestou segue um quebra-cabeça para pesquisadores. Dois fatores auxiliaram a revolução a permanecer ativa no século XXI, superando a crise do Período Especial em Tempos de Paz (1990-1998). O primeiro, interno, veio da capacidade das lideranças em preservar as conquistas sociais originárias, alimentando uma confiança política duradoura, baseada na valorização da soberania nacional. O segundo, externo, foi o advento da chamada onda progressista da América Latina. Os governos progressistas, destacadamente a Venezuela, comprometeram investimentos com Cuba, lhe dando alento e lhe ampliando o excedente. A alavancagem da China, claro, também teve seu papel. Contudo, com a crise do progressismo e o recrudescimento do imperialismo estadunidense, liderado por Donald Trump, reabriu-se o questionamento sobre os rumos da revolução e sua vulnerabilidade em um cenário hostil.             Quando convidamos pesquisadores a participar da composição desse dossiê, em rememoração dos 60 anos da revolução cubana, o cenário era de incertezas e novos debates. Propusemos que escrevessem sobre temas variados: o bloqueio econômico e a relação com Estados Unidos; os lineamientos de 2011 e as mudanças da organização socioeconômica da ilha; o crescimento da desigualdade social e o novo setor privado; o papel do capital estrangeiro; o problema da supercentralização política, do dogmatismo e da “velha mentalidade”; os embates da nova Constituição de 2019; as formas de propriedade estatal, privada e cooperativa; a homofobia, o machismo e o racismo; as relações Cuba/China e Cuba/América Latina; os meios de comunicação, a internet e a censura; os desafios da educação e a diversidade da cultura popular; a história do pensamento político cubano. Entre os trabalhos recebidos, selecionamos pesquisas que nos permitem acessar os dilemas, feitos e contradições atuais da revolução cubana, na celebração do aniversário que lhe tornou “idosa”. Pretendemos, assim, oferecer análises referenciadas e documentadas, clássicas e inovadoras, que permitam expandir o conhecimento sobre a ilha no Brasil.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-06-12
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/29670
10.21057/10.21057/repamv13n3.2019.29670
url https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/29670
identifier_str_mv 10.21057/10.21057/repamv13n3.2019.29670
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/29670/25247
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2020 Joana Salém Vasconcelos, Fábio Luis Barbosa dos Santos , Jales Dantas da Costa
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2020 Joana Salém Vasconcelos, Fábio Luis Barbosa dos Santos , Jales Dantas da Costa
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Departamento de Estudos Latino-Americanos - ELA
publisher.none.fl_str_mv Departamento de Estudos Latino-Americanos - ELA
dc.source.none.fl_str_mv Journal of Study and Research on the Americas; Vol. 13 No. 3 (2019); 67-72
Revista de Estudios y Investigaciones sobre las Américas; Vol. 13 Núm. 3 (2019); 67-72
Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas; v. 13 n. 3 (2019); 67-72
1984-1639
10.21057/10.21057/repamv13n3.2019
reponame:Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas
collection Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas
repository.name.fl_str_mv Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv repam-ela@unb.br||revistaceppac@gmail.com
_version_ 1809284139382210560