Escola e cotidiano: um estudo das percepções matemáticas da comunidade quilombola Mussuca, em Sergipe
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Eventos Pedagógicos |
Texto Completo: | https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/view/9660 |
Resumo: | Como ensina Ubiratan D’Ambrósio, a disciplina tão valorizada e que, muitas vezes, é colocada no pódio máximo quando se estabelece escalonamento das disciplinas é, em verdade, uma Etnomatemática produzida na Europa mediterrânea com algumas contribuições do povo indiano e da civilização islâmica. A universalização desta Etnomatemática terminou eclipsando as construções matemáticas de outros grupos humanos, inclusive dos quilombolas. Esta postura hegemônica impulsionou o desenvolvimento desta pesquisa no quilombo Mussuca, localizado no município de Laranjeiras (Sergipe – Brasil), no período de maio/2012 a março/2013, objetivando analisar as percepções sobre os saberes matemáticos apresentadas por estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental da comunidade quilombola (Mussuca) e a relação estabelecida por estes/as estudantes, professoras polivalentes e gestores/as da escola municipal com estes mesmos saberes e com a relação deles com as africanidades. As referências teóricas sustentadoras desta pesquisa estão representadas pela compreensão de: a) quilombo, tendo José Maurício Andion Arruti e Eliane Cantarino O’Dwyer como principais interlocutores/as; b) panorama da aprendizagem matemática, a partir das reflexões de Veleida Anahi da Silva, Shirley Conceição Silva da Costa, Ubiratan D’Ambrósio, Dario Fiorentini, Sérgio Lorenzato e Antônio Miguel, dentre outros; c) Etnomatemática, alicerçada, principalmente, nas construções de Ubiratan D’Ambrósio. As africanidades também constituíram diálogos frequentes, tendo em Maria Batista Lima e Azoilda Loretto Trindade seus principais aportes. O caminho delineado para a construção da pesquisa amparou-se em abordagem qualitativa por tratar o objeto de estudo de maneira globalizada, observando todos os elementos que interferem e que com ele dialogam. Como procedimentos metodológicos, recorreu-se a questionários, entrevistas semiestruturadas, observação não-estruturada, diário de campo, grupo focal e diário de bordo. Atribuiu-se à pesquisa recorte etnográfico, vez que, considerou-se os modos como as pessoas constroem e compreendem suas vidas (Robert Bogdan e Sari Biklen). A pesquisa evidenciou que a percepção de Matemática das crianças é bastante pulverizada, sendo que no ambiente externo à escola esta percepção é mais diversificada do que no interior do espaço escolar; mostrou também que professores/as e estudantes não construíram uma relação pessoal e afetiva positiva com a Matemática. Apontou ainda que: a) a proposta pedagógica estabelece um diálogo bastante frágil com a contextura sociocultural do quilombo; b) as legislações e/ou instrumentos que tratam da pluralidade cultural, do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira e da educação para as relações etnicorraciais são desconhecidos pela maioria dos que fazem a escola; c) como consequência, as temáticas supracitadas não aparecem ou aparecem timidamente na ação pedagógica da unidade de ensino e; d) possivelmente como corolário dos apontamentos anteriores, os saberes matemáticos processados pelos/as estudantes no cotidiano externo à escola não estabelecem diálogo com a matemática escolar. Palavras-chave: matemática; etnomatemática; percepções matemáticas; africanidades. |
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