No limiar do teleassalariamento: Prolegômenos sobre a algoritmização do agenciamento laboral on-demand na crítica da economia política

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Parra, Adriano
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalho
Texto Completo: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rbest/article/view/17007
Resumo: A fim de aprofundamos as querelas que envolvem a chamada uberização ou plataformização laboral, propomos um deslocamento teórico desses conceitos-chave em direção à categoria teleassalariamento, a qual expõe o vínculo imanente entre: a. o fenômeno da subordinação algorítmica do trabalho vivo aos interesses de lucratividade das startups e empresas tecnodigitais que se valem desse novo modelo de negócios; e b. as formas sociais do modo de produção capitalista contemporâneo que estabelecem a legalidade desse processo. Herdadas da crítica da economia política, essas formas de sociabilidade do capital se apresentam inerentes à própria gênese e ao desenvolvimento de atividades econômicas que vinculam cada vez mais o mundo do trabalho às novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs). Nossa hipótese central passa, portanto, pela compreensão de que, para aprofundar o rico debate existente acerca dessa temática, é necessário explicitar a natureza das relações sociais de produção que se encontram ocultas pelo brilho ofuscante do famigerado compartilhamento em rede. Relações essas constituídas pelo ‘velho’ assalariamento do trabalho em benefício do capital, agora sob modalidades de agenciamento laboral à distância outrora inexequíveis. Apontamos, ainda, que o predomínio do modelo econômico agroextrativista exportador brasileiro e sua dimensão restrita no mercado formal (da força) de trabalho acentuam essas novas modalidades de prestação de serviços on-demand.
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spelling No limiar do teleassalariamento: Prolegômenos sobre a algoritmização do agenciamento laboral on-demand na crítica da economia políticaOn the threshold of the telewage labor: Prolegomena on the algorithmicization of on-demand labor agency in the critique of political economyEn el umbral de la telesalarialización: Prolegómenos sobre la algoritmización de la agencia laboral on-demand en la crítica de la economía políticaAu seuil de la télé-salarialisation: Prolégomènes sur l'algorithmisation de l'agence de travail à la demande dans la critique de l'économie politiqueTrabalho assalariadoPlataformizaçãoUberizaçãoTeleassalariamentoCrítica da economia políticaWage laborPlatformizationUberizationTelewage laborCritique of political economyTrabajo asalariadoPlatformización; UberizaciónTelesalarializaciónCrítica de la economía políticaTravail salariéPlateformisationUberisationTélé-salarialisationCritique de l'économie politiqueA fim de aprofundamos as querelas que envolvem a chamada uberização ou plataformização laboral, propomos um deslocamento teórico desses conceitos-chave em direção à categoria teleassalariamento, a qual expõe o vínculo imanente entre: a. o fenômeno da subordinação algorítmica do trabalho vivo aos interesses de lucratividade das startups e empresas tecnodigitais que se valem desse novo modelo de negócios; e b. as formas sociais do modo de produção capitalista contemporâneo que estabelecem a legalidade desse processo. Herdadas da crítica da economia política, essas formas de sociabilidade do capital se apresentam inerentes à própria gênese e ao desenvolvimento de atividades econômicas que vinculam cada vez mais o mundo do trabalho às novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs). Nossa hipótese central passa, portanto, pela compreensão de que, para aprofundar o rico debate existente acerca dessa temática, é necessário explicitar a natureza das relações sociais de produção que se encontram ocultas pelo brilho ofuscante do famigerado compartilhamento em rede. Relações essas constituídas pelo ‘velho’ assalariamento do trabalho em benefício do capital, agora sob modalidades de agenciamento laboral à distância outrora inexequíveis. Apontamos, ainda, que o predomínio do modelo econômico agroextrativista exportador brasileiro e sua dimensão restrita no mercado formal (da força) de trabalho acentuam essas novas modalidades de prestação de serviços on-demand.In order to deepen the disputes that involve the so-called uberization or labor platforming, we propose a theoretical displacement of these key concepts towards the telewage-labor category, which exposes the immanent link between: a. the phenomenon of algorithmic subordination of living work to the profitability interests of startups and techno-digital companies that make use of this new business model; and b. the social forms of the contemporary capitalist mode of production that establish the legality of this process. Inherited from the critique of political economy, these forms of capital sociability are inherent to the very genesis and development of economic activities that increasingly link the world of work to the new information and communication technologies (NICTs). Our central hypothesis, therefore, involves understanding that, in order to deepen the rich existing debate on this topic, it is necessary to make explicit the nature of the social relations of production that are hidden by the blinding glare of the notorious network sharing. These relationships are constituted by the 'old' salaried work for the benefit of capital, now under modalities of remote labor agency formerly unfeasible. We also point out that the predominance of the Brazilian export agro-extractive economic model and its restricted dimension in the formal (workforce) labor market accentuate these new modalities of on-demand service provision.Afin d'approfondir les conflits qui impliquent la soi-disant ubérisation ou plate-forme de travail, nous proposons un déplacement théorique de ces concepts clés vers la catégorie du télé-salarialisation, qui expose le lien immanent entre: a. le phénomène de subordination algorithmique du travail vivant aux intérêts de rentabilité des startups et entreprises techno-numériques qui font usage de ce nouveau business model; et b. les formes sociales du mode de production capitaliste contemporain qui établissent la légalité de ce processus. Héritées de la critique de l'économie politique, ces formes de sociabilité du capital sont inhérentes à la genèse même et au développement des activités économiques qui lient de plus en plus le monde du travail aux nouvelles technologies de l'information et de la communication (NTICs). Notre hypothèse centrale consiste donc à comprendre que, pour approfondir le riche débat existant sur ce sujet, il est nécessaire d'expliciter la nature des rapports sociaux de production qui sont occultés par l'éclat aveuglant du fameux partage en réseau. Ces relations sont constituées par le ‘vieux’ travail salarié au profit du capital, maintenant sous des modalités d'agence de travail à distance autrefois irréalisable. Nous soulignons également que la prédominance du modèle économique agro-extractif d'exportation brésilien et sa dimension restreinte dans le marché du travail formel (la main d'oeuvre) accentuent ces nouvelles modalités de prestation de services à la demande.Para profundizar en las disputas que envuelven la llamada uberización o platformización laboral, proponemos un desplazamiento teórico de estos conceptos clave hacia la categoría de telesalarialización, que expone el vínculo inmanente entre: a. el fenómeno de la subordinación algorítmica del trabajo vivo a los intereses de rentabilidad de las startups y empresas tecno-digitales que hacen uso de este nuevo modelo de negocio; y b. las formas sociales del modo de producción capitalista contemporáneo que establecen la legalidad de este proceso. Heredados de la crítica de la economía política, estas formas de sociabilidad del capital son inherentes a la propia génesis y desarrollo de las actividades económicas que vinculan cada vez más el mundo del trabajo a las nuevas tecnologías de la información y la comunicación (NTICs). Nuestra hipótesis central, por tanto, pasa por comprender que, para profundizar en el rico debate existente sobre este tema, es necesario explicitar la naturaleza de las relaciones sociales de producción que se ocultan bajo el fulgor cegador de la notoria red compartida. Estas relaciones están constituidas por el 'viejo' trabajo asalariado en beneficio del capital, ahora bajo modalidades de agencia laboral remota antes inviable. También señalamos que el predominio del modelo económico agro extractivista exportador brasileño y su dimensión restringida en el mercado formal de fuerza de trabajo acentúan estas nuevas modalidades de prestación de servicios bajo demanda.Universidade Estadual de Campinas2022-12-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionTextoTextoTexteinfo:eu-repo/semantics/otherapplication/pdfhttps://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rbest/article/view/1700710.20396/rbest.v4i00.17007RBEST Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalho; v. 4 (2022): Dossiê: Proteção social em tempos de austeridade; e022017Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalho; Vol. 4 (2022): Dossier: Protección social en tiempos de austeridad; e022017RBEST: Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalho; Vol. 4 (2022): Dossier: Social protection in times of austerity; e022017RBEST: Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalho; Vol. 4 (2022): Dossier: La protection sociale en période d'austérité; e0220172674-9564reponame:Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalhoinstname:Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)instacron:UNICAMPporhttps://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rbest/article/view/17007/12181Brasil; ContemporâneoBrazil; ContemporaryBrasil; ContemporáneoBrésil; ContemporaineCopyright (c) 2022 Adriano Parrahttps://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessParra, Adriano2022-12-27T13:00:23Zoai:inpec.econtents.bc.unicamp.br:article/17007Revistahttps://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rbest/indexPUBhttps://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rbest/oairbest@unicamp.br || ppec@unicamp.br2674-95642674-9564opendoar:2022-12-27T13:00:23Revista Brasileira de Economia Social e do Trabalho - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)false
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