“O Burrinho Pedrês” e “Conversa de Bois”: a construção do ator animal em textos de Sagarana

• Autor(a) principal: Andrade, Leide Cândido de
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Cruzeiro do Sul
• Texto Completo: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/776
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA; Guimarães Rosa; Animal; Ator; Enunciação; Antropomorfismo

A nossa pesquisa de Mestrado utiliza-se do referencial teórico da Semiótica francesa para analisar “O burrinho pedrês” e “Conversa de bois”, contos de Guimarães Rosa. O objetivo deste trabalho é analisar a construção do ator animal nos dois contos; para isso, observamos as artimanhas do enunciador para criar um contrato fiduciário com o enunciatário, as relações dos atores humanos com os atores animais e a forma como se constrói o efeito de sentido de verdade no discurso rosiano. Procuramos demonstrar como a depreensão das figuras e suas reiterações, as isotopias figurativas, conduzem aos temas. Estudamos de que forma os atores animais e o percurso narrativo constituem um simulacro do mundo natural, descrevemos o seu percurso e revelamos como se transformam de sujeitos de estado em sujeitos de fazer. Metodologicamente, após a detecção dos conteúdos teóricos explorados, o trabalho foi dividido em quatro capítulos. No primeiro, há a apresentação da teoria semiótica greimasiana a ser aplicada aos textos. O segundo capítulo trata da bibliografia crítica sobre o autor Guimarães Rosa no qual destacamos características de sua obra que são importantes para a análise de nosso córpus. O terceiro capítulo analisa o conto “O burrinho pedrês” e o quarto “Conversa de bois”, os dois contos rosianos integrantes da obra Sagarana com o objetivo de observar a similitude entre eles. Alguns resultados a que chegamos: por meio dos procedimentos de debreagem e embreagem, por meio da figurativização e da tematização, percebemos que o enunciador rosiano aproxima o universo natural do humano sedimentando a crença no enunciatário de que suas histórias, em analogia com as fábulas, criam o efeito de sentido de verdade humana. Por sua vez, o tom de oralidade das várias micronarrativas que permeiam a viagem dos cavaleiros em “O burrinho pedrês” corrobora os efeitos de sentido inscritos na narrativa principal. O enunciatário, ao perceber a proximidade textual com o mundo natural, estabelece um contrato com o enunciador pela crença, pela veridicção constituída. Guimarães Rosa sedimenta suas estórias no sertão mineiro, onde a natureza não se limita a ser mero cenário das histórias, pois, nesse universo, por meio do antropomorfismo, animais, homem e bicho formam uma unidade em que a racionalidade é relativizada, não é inerente ao homem, mas àquele que mais compreende o fluxo da natureza.