Educação e mundo comum: da liquidez a uma possível solidez

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Matos, Edegar Soares de
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIJUI
Texto Completo: http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/5014
Resumo: Esta tese apresenta uma reflexão sobre a crise da educação atual a partir das obras de Zygmunt Bauman e Hannah Arendt. O encontro reflexivo que liga esses autores é a questão da crise e dos desafios da educação na contemporaneidade. Também a busca de elaboração de uma interpretação do mundo presente em seus pressupostos e horizontes na perspectiva de que possa ser constituído como mundo comum. Assim, diante do diagnóstico do mundo atual como essencialmente líquido, segundo Bauman, a educação, assim como outros setores da sociedade, padece da precariedade de formar uma ideia clara e uma definição sobre seu sentido e seu papel. Se Bauman nos ajuda a compreender os termos dessa situação de liquidez, Arendt, por sua vez, nos fornece uma proposta teórica do que seja a educação, seu sentido e seu papel no todo da constituição do mundo humano. A tese arendtiana sobre a educação desenvolve-se a partir dos conceitos de tradição/conhecimento, da autoridade/diálogo, do amor mundi, do mundo comum e da política. O centro da tese é que a liquidez não pode ser o pressuposto e o horizonte da educação, mas a tradição, a autoridade e o mundo comum, este que é a razão de ser da política. A educação é compreendida como o espaço/tempo de entrada no mundo por parte das novas gerações por meio da interpretação da tradição realizada num diálogo com os professores que se constituem em autoridade por serem os representantes legais e os responsáveis pelas mediações e pelas interlocuções dos saberes escolares. Dessa forma, tomamos a questão do pensamento/reflexão de Arendt como fio condutor para o enfrentamento dos problemas vividos pela educação na contemporaneidade, tomando como conceitos orientadores a tradição, a autoridade e a política. Para Arendt, o pensamento/reflexão tem uma dimensão fundamental não apenas na educação escolar, mas na dimensão política como forma de enfrentar a sua funcionalização. E essa dimensão de reflexão se diferencia de uma racionalidade formal própria das estruturas que se fixam e se burocratizam em qualquer sistema político. Compreendemos que essa dimensão se torna fundamental para a educação atual, como forma de repensar seu sentido diante da sua situação, como descrita por Bauman, de uma liquidez do conhecimento, do mundo e de próprio ser humano. Para Arendt (1997), mesmo com a renovação das novas gerações, o que não deveria mudar na educação: a interpretação da tradição como conteúdo da aprendizagem; a autoridade do professor enquanto mediador do diálogo que acontece na escola, no sentido de uma interlocução entre gerações; e a finalidade da educação, de ser em perspectiva de um mundo público e não dos interesses privados.
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