ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO DETECTADO NA TRIAGEM REALIZADA POR ENFERMEIRO NA PERÍCIA MÉDICA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Carmelita
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online
Texto Completo: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/946
Resumo: INTRODUÇÃO Indubitavelmente, poder-se-i-á dizer que, o Assédio Moral ou a Violência no Trabalho, apesar de não se tratar de um fenômeno novo nas sociedades, ele é tão antigo quanto o próprio Trabalho. Em nossas reflexões enquanto Enfermeiros, observa-se situações na vida profissional que nos deixa até mesmo perplexos. Quando nos vimos frente ao servidor/trabalhador durante à triagem, diante da escuta está se apresenta às vezes com narrativas consideradas até mesmo inenarráveis.Descrever-se nesta proposta do estudo, algumas das narrativas trazidas por trabalhadores que sofrem do fenômeno Assédio Moral e da Violência no Trabalho, nos mostra uma realidade tão cruel que precisamos estar preparados para escutá-los e ao mesmo tempo acolhe-los. Oportuno lembrar que,  a violência é por demais perversa. Observa-se que, na maioria dos casos, o trabalhador, servidor público ou trabalhadores de empresas privadas queixam-se de, humilhações, desrespeito, tratamento desumanizado,  ameaças de morte, chegando mesmo ao suicídio do assediado. Há situações pelas quais o assediado chega num estágio tão desesperador e deplorável que, nós que estamos fazendo à triagem e o acolhimento do precisamos estar compromissados para àquela realidade, ou seja, fazer um atendimento humanizado e tentar minimizar de certa forma o ‘sofrimento psíquico’ de cada um que chega até nós. OBJETIVOSFazer triagem e acolhimento de servidores e trabalhadores que foram vítima do Assédio Moral e Violência no trabalho com vistas à minimização do ‘sofrimento psíquico’.Oferecer escuta de qualidade ao servidor vitimizado ou não pelo Assédio Moral e Violência no local do Trabalho que vem em busca de apoio no serviço de perícia médica durante a triagem do Enfermeiro. Promover o atendimento do Enfermeiro com eficiência a demanda dos servidores assediados ou com outra demanda que chega ao serviço de triagem e perícia médica resguardando a ética a dignidade humana..METODOLOGIAEstudo exploratório e descritivo, segundo Polit e Hungler (2004), investiga a complexidade da sua natureza e os fatores com os quais está relacionada e também tem por finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos ou idéias com vistas a formulação de problemas mais preciosos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Complementando, os pesquisadores, ressaltam que o pesquisador conduz a investigação descritiva; logo, observa, conta, descreve e classifica. Rudio (2003, p. 71) confirma este pensamento ao relatar que a pesquisa descritiva “está interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Ao descobrir a realidade descreve, analisa e interpreta a natureza atual ou processos dos fenômenos”. Amostra: em média 15 servidores públicos; tempo de observação:12 meses; Cargos: desde professores de terceiro graus até o menor nível de escolaridade do servidor; triagens: realizadas sempre pelo mesmo enfermeiro; número de vezes: variou de uma a três; questões dos assediados: os de maior escolaridade reconheciam a demanda do assédio moral, e estavam em busca de ajuda e os de menor escolaridade, mesmo reconhecendo a questão do assédio, preferiam não lutar, se esconder, e tolerar os abusos de seus chefes; Outras fatores: nem sempre o assediado tem consciência de estar sendo assediado moralmente; Escuta e acolhimento do Enfermeiro: é a metodologia mais eficiente, o enfermeiro da triagem precisa, necessita da escuta de qualidade e humanizada para detectar se existe de fato o Assédio Moral e  a Violência no trabalho; O olhar do Enfermeiro e escuta: reconhece com clareza o servidor assediado,ele narra as questões de humilhação e constrangimento, medo que a unidade de trabalho tome conhecimento dos relatos que porventura faça;                 RESULTADOSO enfermeiro enquanto faz uma triagem necessita estar concentrado no papel que está desenvolvendo. Vale lembrar a importância de se fazer um atendimento ao servidor com qualidade e humanização, tendo em vista, que ele chega necessitando receber apoio e escuta significativa a cada caso, pois se sabe que o ser humano é único, individual e possui sua subjetividade, eis a razão está em ‘sofrimento’, seja este físico ou psíquico. Por outro lado, a demanda que o trás, pode ser uma demanda familiar, seu parente está adoecido, às vezes, à beira da morte. Nós ali estamos para tentar minimizar a dor do trabalhador. E então, quando se trata do Assédio Moral que poucos reconhecem? Havendo até a possibilidade de desacreditar da verdade do outro? Aqui na triagem  no nosso caso  particular, descrevemos sobre um servidor que em pleno ‘sofrimento psíquico’. Houve um caso em que um dos membros da equipe, sugeriu ao servidor que o mesmo pedisse exoneração do cargo, que segundo ele, tanto lutou e pleiteou para alcançar. O que dizer de tal situação, como alguém, trabalhando em equipe multidisciplinar consegue verbalizar para um ser vítima do Assédio Moral no Trabalho, ao invés de acolher, jogo a vítima no fundo do poço? Difícil compreender, mas é verdade, aonde está a humanização tão falada por quase todos da área de saúde.Eis aí a questão, quem deveria ajudar acaba jogando ainda mais no abismo àquele que está tão necessitado. As narrativas quase sempre são, “Sofri desde desmoralização, atentados contra a minha vida, ameaças telefônicas etc. O pior é que em alguns dos fatos existem testemunhas, que na verdade por interesses próprios entre outros, se recusam ou negam o que presenciaram”. Hoje, o mesmo servidor assediado está em busca de um profissional da área do direito, quer tentar resolver por essa via sua causa. Continua dizendo,” na minha ignorância e simplicidade, achava que era só comprovar que o ambiente onde eu trabalhava  não era saudável, me deixou doente e etc. que a junta médica daria um parecer favorável para que eu abrisse um processo de remoção, pelo contrário para minha surpresa, acabaram por sugerir que volte ou peça minha exoneração”. Outro servidor que atendi, na primeira vez, vindo de curso fora do país, podendo distribuir o aprendizado trazido, simplesmente, o colocaram no pior local de trabalho, ele iniciou um processo de desmotivação, tristeza, baixa auto-estima, acaba tratando-se com psiquiatra renomado, neste caso encontrava-se  já bastante abalado psiquicamente. Na segunda vez que o atendi, sua fala estava um muito comprometida, não aceitando mais que colocasse que o momento era transitório que passaria, ora, tudo aquilo que eu falava, evidente, sabia que ele, uma pessoa inteligente, sofrendo um Assédio Moral e a Violência no trabalho, dos mais graves que pude observar nas minhas escutas, claro, não iria acreditar, inclusive já havia me dito que não suportava passar sequer pela porta do Trabalho que antes, era sua vida. Na última vez que o vi, ele foi atendido por outro enfermeiro, quando me viu no corredor, chamou-me aos “gritos” dizendo que não estava sendo atendido corretamente, mostrei ao mesmo que estava sim sendo atendido de forma correta, ele não gostou, estava mal vestido, de bermuda. Vejam, uma pessoa que no primeiro atendimento chegou, vestido de terno e gravata, e depois você o vê, chegar daquela forma? Compreende perfeitamente, que ponto chega a pessoa que sofre o Assédio Moral no Trabalho? Fiquei nas minhas reflexões, imaginando,  que ponto o saber, o conhecimento nos leva? Que triste realidade.O que adianta você lutar para pleitear um lugar ao “SOL” e acabar como um “TRAPO HUMANO”?  CONCLUSÕESConclui-se parcialmente o estudo, visto ser o Assédio Moral e a Violência no Trabalho, algo tão grave que seria inviável e inenarrável haver conclusão para situação tão catastrófica na vida dos seres humanos. Os sujeitos trabalhadores mais íntegros, parecem que são àqueles mais atingidos. Geralmente, os servidores que possuem graus de instruções menor, acabam por aceitar o Assédio Moral no Trabalho, não lutam, ficam adoecidos, com depressão, humilhados, depreciados, com sentimentos de culpa, menosprezados, decepcionados, mas sofrem na maioria das vezes calados e com medo, muito medo mesmo. Talvez pensem que podem perder seus empregos, ou serem mais castigados, não sei. Pelo que observo, parece que sua condição intelectual não permite que briguem pelos seus direitos, pensam que somente tem deveres. Acomodam-se. Ou podem também pensar na própria integridade física, jamais na moral. Existe diferença no servidor que busca crescer intelectualmente e/ou naquele que prefere ficar parado somente esperando ser mandado, aceita por medo.Ressalta-se aqui, quepoder-se-i-á fazer muitos outros comentários. É de grande relevância lembrar que o estudo aqui apresentado sobre o Assédio Moral e a Violência no Trabalho não se encerra apenas num serviço de triagem realizada pelo enfermeiro de uma perícia médica, diria que muito tenho a relatar, até porque o assunto não se esgota, além de sua importância para toda a sociedade.  REFERÊNCIAS Conselho Nacional de Saúde – Resolução 196/96 – Brasília: 1996.Decreto 94.406 – Regulamenta a lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Brasília: 1987. DEJOURS, C. – A Loucura do Trabalho, 5a ed. São Paulo: Cortez Editora, 1994 DURKHEIM, E. Ética e Sociologia da Moral. Tradução Paulo Castanheira. São Paulo: Landy, 2003. FREITAS & BARRETO - Assédio Moral no Trabalho.São Paulo:Cengage Learning, 2009LAFER, B. – Depressão no Ciclo da Vida, Porto Alegre: Artmed Editora, 2000. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3 a. ed., São Paulo, 1996. Lei do Exercício Profissional de Enfermagem 7498/86 – Brasília: 1986. Minayo, M. C. De S. – Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade, 21a ed., Petrópolis- Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2002. SILVA FILHO, J. F. & Jardim, S.  – A Danação do Trabalho: organização do trabalho e sofrimento psíquico, Rio de Janeiro: Te Cora Editora, 1997.  
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Observa-se que, na maioria dos casos, o trabalhador, servidor público ou trabalhadores de empresas privadas queixam-se de, humilhações, desrespeito, tratamento desumanizado,  ameaças de morte, chegando mesmo ao suicídio do assediado. Há situações pelas quais o assediado chega num estágio tão desesperador e deplorável que, nós que estamos fazendo à triagem e o acolhimento do precisamos estar compromissados para àquela realidade, ou seja, fazer um atendimento humanizado e tentar minimizar de certa forma o ‘sofrimento psíquico’ de cada um que chega até nós. OBJETIVOSFazer triagem e acolhimento de servidores e trabalhadores que foram vítima do Assédio Moral e Violência no trabalho com vistas à minimização do ‘sofrimento psíquico’.Oferecer escuta de qualidade ao servidor vitimizado ou não pelo Assédio Moral e Violência no local do Trabalho que vem em busca de apoio no serviço de perícia médica durante a triagem do Enfermeiro. 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Amostra: em média 15 servidores públicos; tempo de observação:12 meses; Cargos: desde professores de terceiro graus até o menor nível de escolaridade do servidor; triagens: realizadas sempre pelo mesmo enfermeiro; número de vezes: variou de uma a três; questões dos assediados: os de maior escolaridade reconheciam a demanda do assédio moral, e estavam em busca de ajuda e os de menor escolaridade, mesmo reconhecendo a questão do assédio, preferiam não lutar, se esconder, e tolerar os abusos de seus chefes; Outras fatores: nem sempre o assediado tem consciência de estar sendo assediado moralmente; Escuta e acolhimento do Enfermeiro: é a metodologia mais eficiente, o enfermeiro da triagem precisa, necessita da escuta de qualidade e humanizada para detectar se existe de fato o Assédio Moral e  a Violência no trabalho; O olhar do Enfermeiro e escuta: reconhece com clareza o servidor assediado,ele narra as questões de humilhação e constrangimento, medo que a unidade de trabalho tome conhecimento dos relatos que porventura faça;                 RESULTADOSO enfermeiro enquanto faz uma triagem necessita estar concentrado no papel que está desenvolvendo. Vale lembrar a importância de se fazer um atendimento ao servidor com qualidade e humanização, tendo em vista, que ele chega necessitando receber apoio e escuta significativa a cada caso, pois se sabe que o ser humano é único, individual e possui sua subjetividade, eis a razão está em ‘sofrimento’, seja este físico ou psíquico. Por outro lado, a demanda que o trás, pode ser uma demanda familiar, seu parente está adoecido, às vezes, à beira da morte. Nós ali estamos para tentar minimizar a dor do trabalhador. E então, quando se trata do Assédio Moral que poucos reconhecem? Havendo até a possibilidade de desacreditar da verdade do outro? Aqui na triagem  no nosso caso  particular, descrevemos sobre um servidor que em pleno ‘sofrimento psíquico’. Houve um caso em que um dos membros da equipe, sugeriu ao servidor que o mesmo pedisse exoneração do cargo, que segundo ele, tanto lutou e pleiteou para alcançar. O que dizer de tal situação, como alguém, trabalhando em equipe multidisciplinar consegue verbalizar para um ser vítima do Assédio Moral no Trabalho, ao invés de acolher, jogo a vítima no fundo do poço? Difícil compreender, mas é verdade, aonde está a humanização tão falada por quase todos da área de saúde.Eis aí a questão, quem deveria ajudar acaba jogando ainda mais no abismo àquele que está tão necessitado. As narrativas quase sempre são, “Sofri desde desmoralização, atentados contra a minha vida, ameaças telefônicas etc. O pior é que em alguns dos fatos existem testemunhas, que na verdade por interesses próprios entre outros, se recusam ou negam o que presenciaram”. Hoje, o mesmo servidor assediado está em busca de um profissional da área do direito, quer tentar resolver por essa via sua causa. 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Fiquei nas minhas reflexões, imaginando,  que ponto o saber, o conhecimento nos leva? Que triste realidade.O que adianta você lutar para pleitear um lugar ao “SOL” e acabar como um “TRAPO HUMANO”?  CONCLUSÕESConclui-se parcialmente o estudo, visto ser o Assédio Moral e a Violência no Trabalho, algo tão grave que seria inviável e inenarrável haver conclusão para situação tão catastrófica na vida dos seres humanos. Os sujeitos trabalhadores mais íntegros, parecem que são àqueles mais atingidos. Geralmente, os servidores que possuem graus de instruções menor, acabam por aceitar o Assédio Moral no Trabalho, não lutam, ficam adoecidos, com depressão, humilhados, depreciados, com sentimentos de culpa, menosprezados, decepcionados, mas sofrem na maioria das vezes calados e com medo, muito medo mesmo. Talvez pensem que podem perder seus empregos, ou serem mais castigados, não sei. Pelo que observo, parece que sua condição intelectual não permite que briguem pelos seus direitos, pensam que somente tem deveres. Acomodam-se. Ou podem também pensar na própria integridade física, jamais na moral. Existe diferença no servidor que busca crescer intelectualmente e/ou naquele que prefere ficar parado somente esperando ser mandado, aceita por medo.Ressalta-se aqui, quepoder-se-i-á fazer muitos outros comentários. É de grande relevância lembrar que o estudo aqui apresentado sobre o Assédio Moral e a Violência no Trabalho não se encerra apenas num serviço de triagem realizada pelo enfermeiro de uma perícia médica, diria que muito tenho a relatar, até porque o assunto não se esgota, além de sua importância para toda a sociedade.  REFERÊNCIAS Conselho Nacional de Saúde – Resolução 196/96 – Brasília: 1996.Decreto 94.406 – Regulamenta a lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Brasília: 1987. DEJOURS, C. – A Loucura do Trabalho, 5a ed. São Paulo: Cortez Editora, 1994 DURKHEIM, E. Ética e Sociologia da Moral. Tradução Paulo Castanheira. São Paulo: Landy, 2003. FREITAS & BARRETO - Assédio Moral no Trabalho.São Paulo:Cengage Learning, 2009LAFER, B. – Depressão no Ciclo da Vida, Porto Alegre: Artmed Editora, 2000. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3 a. ed., São Paulo, 1996. Lei do Exercício Profissional de Enfermagem 7498/86 – Brasília: 1986. Minayo, M. C. De S. – Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade, 21a ed., Petrópolis- Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2002. SILVA FILHO, J. F. & Jardim, S.  – A Danação do Trabalho: organização do trabalho e sofrimento psíquico, Rio de Janeiro: Te Cora Editora, 1997.   Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Alfredo Pinto Programa de Pós-Graduação em Enfermagem2010-11-18info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigo avaliado pelos paresQualitativaapplication/pdfhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/94610.9789/2175-5361.2010.v0i0.%pRevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIORevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIORevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIO2175-53611809-6107reponame:Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Onlineinstname:Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)instacron:UNIRIOporhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/946/pdf_158Copyright (c) 2010 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Onlineinfo:eu-repo/semantics/openAccessAlmeida, Carmelita2024-01-12T14:08:13Zoai:ojs.seer.unirio.br:article/946Revistahttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/about/contactPUBhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/oaiprofunirio@gmail.com||rev.fundamental@gmail.com2175-53611809-6107opendoar:2024-01-12T14:08:13Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)false
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Amostra: em média 15 servidores públicos; tempo de observação:12 meses; Cargos: desde professores de terceiro graus até o menor nível de escolaridade do servidor; triagens: realizadas sempre pelo mesmo enfermeiro; número de vezes: variou de uma a três; questões dos assediados: os de maior escolaridade reconheciam a demanda do assédio moral, e estavam em busca de ajuda e os de menor escolaridade, mesmo reconhecendo a questão do assédio, preferiam não lutar, se esconder, e tolerar os abusos de seus chefes; Outras fatores: nem sempre o assediado tem consciência de estar sendo assediado moralmente; Escuta e acolhimento do Enfermeiro: é a metodologia mais eficiente, o enfermeiro da triagem precisa, necessita da escuta de qualidade e humanizada para detectar se existe de fato o Assédio Moral e  a Violência no trabalho; O olhar do Enfermeiro e escuta: reconhece com clareza o servidor assediado,ele narra as questões de humilhação e constrangimento, medo que a unidade de trabalho tome conhecimento dos relatos que porventura faça;                 RESULTADOSO enfermeiro enquanto faz uma triagem necessita estar concentrado no papel que está desenvolvendo. Vale lembrar a importância de se fazer um atendimento ao servidor com qualidade e humanização, tendo em vista, que ele chega necessitando receber apoio e escuta significativa a cada caso, pois se sabe que o ser humano é único, individual e possui sua subjetividade, eis a razão está em ‘sofrimento’, seja este físico ou psíquico. Por outro lado, a demanda que o trás, pode ser uma demanda familiar, seu parente está adoecido, às vezes, à beira da morte. Nós ali estamos para tentar minimizar a dor do trabalhador. E então, quando se trata do Assédio Moral que poucos reconhecem? Havendo até a possibilidade de desacreditar da verdade do outro? Aqui na triagem  no nosso caso  particular, descrevemos sobre um servidor que em pleno ‘sofrimento psíquico’. Houve um caso em que um dos membros da equipe, sugeriu ao servidor que o mesmo pedisse exoneração do cargo, que segundo ele, tanto lutou e pleiteou para alcançar. O que dizer de tal situação, como alguém, trabalhando em equipe multidisciplinar consegue verbalizar para um ser vítima do Assédio Moral no Trabalho, ao invés de acolher, jogo a vítima no fundo do poço? Difícil compreender, mas é verdade, aonde está a humanização tão falada por quase todos da área de saúde.Eis aí a questão, quem deveria ajudar acaba jogando ainda mais no abismo àquele que está tão necessitado. As narrativas quase sempre são, “Sofri desde desmoralização, atentados contra a minha vida, ameaças telefônicas etc. O pior é que em alguns dos fatos existem testemunhas, que na verdade por interesses próprios entre outros, se recusam ou negam o que presenciaram”. Hoje, o mesmo servidor assediado está em busca de um profissional da área do direito, quer tentar resolver por essa via sua causa. 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Fiquei nas minhas reflexões, imaginando,  que ponto o saber, o conhecimento nos leva? Que triste realidade.O que adianta você lutar para pleitear um lugar ao “SOL” e acabar como um “TRAPO HUMANO”?  CONCLUSÕESConclui-se parcialmente o estudo, visto ser o Assédio Moral e a Violência no Trabalho, algo tão grave que seria inviável e inenarrável haver conclusão para situação tão catastrófica na vida dos seres humanos. Os sujeitos trabalhadores mais íntegros, parecem que são àqueles mais atingidos. Geralmente, os servidores que possuem graus de instruções menor, acabam por aceitar o Assédio Moral no Trabalho, não lutam, ficam adoecidos, com depressão, humilhados, depreciados, com sentimentos de culpa, menosprezados, decepcionados, mas sofrem na maioria das vezes calados e com medo, muito medo mesmo. Talvez pensem que podem perder seus empregos, ou serem mais castigados, não sei. Pelo que observo, parece que sua condição intelectual não permite que briguem pelos seus direitos, pensam que somente tem deveres. Acomodam-se. Ou podem também pensar na própria integridade física, jamais na moral. Existe diferença no servidor que busca crescer intelectualmente e/ou naquele que prefere ficar parado somente esperando ser mandado, aceita por medo.Ressalta-se aqui, quepoder-se-i-á fazer muitos outros comentários. É de grande relevância lembrar que o estudo aqui apresentado sobre o Assédio Moral e a Violência no Trabalho não se encerra apenas num serviço de triagem realizada pelo enfermeiro de uma perícia médica, diria que muito tenho a relatar, até porque o assunto não se esgota, além de sua importância para toda a sociedade.  REFERÊNCIAS Conselho Nacional de Saúde – Resolução 196/96 – Brasília: 1996.Decreto 94.406 – Regulamenta a lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Brasília: 1987. DEJOURS, C. – A Loucura do Trabalho, 5a ed. São Paulo: Cortez Editora, 1994 DURKHEIM, E. Ética e Sociologia da Moral. Tradução Paulo Castanheira. São Paulo: Landy, 2003. FREITAS & BARRETO - Assédio Moral no Trabalho.São Paulo:Cengage Learning, 2009LAFER, B. – Depressão no Ciclo da Vida, Porto Alegre: Artmed Editora, 2000. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3 a. ed., São Paulo, 1996. Lei do Exercício Profissional de Enfermagem 7498/86 – Brasília: 1986. Minayo, M. C. De S. – Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade, 21a ed., Petrópolis- Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2002. SILVA FILHO, J. F. & Jardim, S.  – A Danação do Trabalho: organização do trabalho e sofrimento psíquico, Rio de Janeiro: Te Cora Editora, 1997.  
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