A trajetória de gramaticalização dos juntores concessivos "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)" no espanhol peninsular
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/192449 |
Resumo: | Este trabalho objetiva apresentar uma trajetória de gramaticalização para os juntores concessivos "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)", adotando como aparato teórico os estudos em gramaticalização (TRAUGOTT, 1997; BYBEE, 2003, 2006; HOPPER; TRAUGOTT, 2003, entre outros) e o modelo da Gramática Discursivo-Funcional (GDF), de Hengeveld e Mackenzie (2008). Na análise sincrônica realizada por Parra (2016) sob a perspectiva da GDF, a autora observa que o juntor "aunque" pode marcar uma relação concessiva em três camadas distintas no espanhol peninsular atual: na do Conteúdo Proposicional, pertencente ao Nível Representacional, e nas camadas do Ato Discursivo e do Movimento, localizadas no Nível Interpessoal. A partir desse resultado, levantamos a hipótese de que, quando analisados diacronicamente, os usos de "aunque" podem revelar uma trajetória de gramaticalização que parte de um uso semântico para usos pragmáticos, e de que tal trajetória pode corresponder a um processo comum sofrido pelos juntores concessivos dessa língua. Assim, selecionamos para este estudo, além do juntor "aunque", os juntores "a pesar de (que)" e "por mucho (que)", por serem, dentre os juntores apontados por Flamenco García (1999), os que se mostraram mais frequentes nos dados e por advirem de origens distintas, tendo em vista as fontes para o desenvolvimento de juntores concessivos apontadas por König (1994). O universo de investigação desta pesquisa reúne ocorrências dos três juntores na fase antiga, média e moderna do espanhol peninsular, segundo a categorização de Eberenz (1991, 2009), extraídas do Corpus diacrónico del español (CORDE), elaborado e disponibilizado em meio eletrônico pela Real Academia Española. Para realizarmos a análise diacrônica pretendida, adotamos critérios de ordem discursiva, pragmática, semântica e morfossintática, a fim de observar se mudanças interpessoais e representacionais no uso de tais juntores influenciam mudanças morfossintáticas nas estruturas por eles iniciadas. Como resultado de nossa análise, verificamos que, embora apresentem particularidades, os três juntores surgem como marcadores de uma função semântica na camada do Conteúdo Proposicional. Nessa função, primeiramente predominam os contextos não factuais seguidos dos factuais. Apesar de o uso mais comum dos juntores em todos os períodos investigados ser o de marcador de função semântica, ao longo do tempo, "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)" expandem seus usos como marcadores de função retórica, relação estabelecida entre Atos Discursivos, e como marcadores push, na camada do Movimento, no caso específico de "aunque" e "a pesar de (que)". Dessa forma, comprovamos que entre os juntores investigados existe uma trajetória de gramaticalização comum, caracterizada por aumento de escopo, em termos de níveis e camadas, fortalecimento pragmático e generalização dos contextos de uso, que, morfossintaticamente, são expressos por uma maior liberdade sintática das estruturas concessivas. |
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A trajetória de gramaticalização dos juntores concessivos "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)" no espanhol peninsularThe trajectory of grammaticalization of the concessive connectives "aunque", "a pesar de (que)" and "por mucho (que)" in the Peninsular SpanishGramaticalizaçãoJuntores concessivosEspanhol peninsularGramática discursivo-funcionalGrammaticalizationFunctional Discourse GrammarConcessive connectivesPeninsular SpanishEste trabalho objetiva apresentar uma trajetória de gramaticalização para os juntores concessivos "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)", adotando como aparato teórico os estudos em gramaticalização (TRAUGOTT, 1997; BYBEE, 2003, 2006; HOPPER; TRAUGOTT, 2003, entre outros) e o modelo da Gramática Discursivo-Funcional (GDF), de Hengeveld e Mackenzie (2008). Na análise sincrônica realizada por Parra (2016) sob a perspectiva da GDF, a autora observa que o juntor "aunque" pode marcar uma relação concessiva em três camadas distintas no espanhol peninsular atual: na do Conteúdo Proposicional, pertencente ao Nível Representacional, e nas camadas do Ato Discursivo e do Movimento, localizadas no Nível Interpessoal. A partir desse resultado, levantamos a hipótese de que, quando analisados diacronicamente, os usos de "aunque" podem revelar uma trajetória de gramaticalização que parte de um uso semântico para usos pragmáticos, e de que tal trajetória pode corresponder a um processo comum sofrido pelos juntores concessivos dessa língua. Assim, selecionamos para este estudo, além do juntor "aunque", os juntores "a pesar de (que)" e "por mucho (que)", por serem, dentre os juntores apontados por Flamenco García (1999), os que se mostraram mais frequentes nos dados e por advirem de origens distintas, tendo em vista as fontes para o desenvolvimento de juntores concessivos apontadas por König (1994). O universo de investigação desta pesquisa reúne ocorrências dos três juntores na fase antiga, média e moderna do espanhol peninsular, segundo a categorização de Eberenz (1991, 2009), extraídas do Corpus diacrónico del español (CORDE), elaborado e disponibilizado em meio eletrônico pela Real Academia Española. Para realizarmos a análise diacrônica pretendida, adotamos critérios de ordem discursiva, pragmática, semântica e morfossintática, a fim de observar se mudanças interpessoais e representacionais no uso de tais juntores influenciam mudanças morfossintáticas nas estruturas por eles iniciadas. Como resultado de nossa análise, verificamos que, embora apresentem particularidades, os três juntores surgem como marcadores de uma função semântica na camada do Conteúdo Proposicional. Nessa função, primeiramente predominam os contextos não factuais seguidos dos factuais. Apesar de o uso mais comum dos juntores em todos os períodos investigados ser o de marcador de função semântica, ao longo do tempo, "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)" expandem seus usos como marcadores de função retórica, relação estabelecida entre Atos Discursivos, e como marcadores push, na camada do Movimento, no caso específico de "aunque" e "a pesar de (que)". Dessa forma, comprovamos que entre os juntores investigados existe uma trajetória de gramaticalização comum, caracterizada por aumento de escopo, em termos de níveis e camadas, fortalecimento pragmático e generalização dos contextos de uso, que, morfossintaticamente, são expressos por uma maior liberdade sintática das estruturas concessivas.This paper aims to present a path of grammaticalization for the concessive connectives "aunque", "a pesar de (que)" and "por mucho (que)" adopting as a theoretical apparatus the studies on grammaticalization (TRAUGOTT, 1997; BYBEE, 2003, 2006; HOPPER; TRAUGOTT, 2003, among others) and the model of Functional Discourse Grammar (FDG), by Hengeveld and Mackenzie (2008). In the synchronic analysis performed by Parra (2016) from the perspective of the FDG, the author notes that the connective "aunque" can mark a concessive relationship in three distinct layers in the current Peninsular Spanish: that of Propositional Content, belonging to the Representational Level, and the layers of the Move and Discourse Act, located at the Interpersonal Level. From this result, we hypothesize that, when analyzed diachronically, the uses of "aunque" may reveal a grammaticalization trajectory that starts from a semantic use for pragmatic uses, and that such trajectory may correspond to a common process suffered by the concessive connectives of that language. Thus, we selected for this study, in addition to the connective "aunque", the connectives "a pesar de (que)" and "por mucho (que)", since they are among the connectives pointed out by Flamenco García (1999), those who had the highest number of occurrences in a previous research, and because they come from different origins, considering the sources for the development of concessive joints pointed out by König (1994). The universe of this research gathers occurrences of the three connectives in the old, middle and modern phase of Peninsular Spanish, according to the categorization of Eberenz (1991, 2009), extracted from the Corpus diacrónico del español (CORDE), elaborated and made available electronically by Real Academia Española. To perform the intended diachronic analysis, we adopt discursive, pragmatic, semantic and morphosyntactic criteria, in order to observe whether interpersonal and representational changes in the use of such connectives influence morphosyntactic changes in the structures initiated by them. As a result, we find that, while presenting particularities, the three connectives appear as markers of a semantic function in the Propositional Content layer. In this role, first non-factual contexts predominate and, later, factual ones. Although the most common use of joiners in all periods investigated is that of a semantic function marker, over time, "aunque", "a pesar de (que)" and "por mucho (que)" expand their uses as markers of rhetorical function, established between Discourse Acts, and as push markers, in the Move layer, in the case of "aunque" and "a pesar de (que)". Thus, we found that among the investigated connectives there is a common grammaticalization trajectory, characterized by increased scope in terms of levels and layers, pragmatic strengthening and generalization of use contexts, which, morphosyntactically, are expressed by greater syntactic freedom of concessive structures.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Bastos, Sandra Denise Gasparini [UNESP]Gonçalves, Sebastião Carlos Leite [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Parra-Araujo, Beatriz Goaveia Garcia2020-05-04T18:31:43Z2020-05-04T18:31:43Z2020-03-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19244900093033733004153069P562643540214190740000-0001-5968-8450porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-12-04T06:12:45Zoai:repositorio.unesp.br:11449/192449Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T19:27:12.188525Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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Este trabalho objetiva apresentar uma trajetória de gramaticalização para os juntores concessivos "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)", adotando como aparato teórico os estudos em gramaticalização (TRAUGOTT, 1997; BYBEE, 2003, 2006; HOPPER; TRAUGOTT, 2003, entre outros) e o modelo da Gramática Discursivo-Funcional (GDF), de Hengeveld e Mackenzie (2008). Na análise sincrônica realizada por Parra (2016) sob a perspectiva da GDF, a autora observa que o juntor "aunque" pode marcar uma relação concessiva em três camadas distintas no espanhol peninsular atual: na do Conteúdo Proposicional, pertencente ao Nível Representacional, e nas camadas do Ato Discursivo e do Movimento, localizadas no Nível Interpessoal. A partir desse resultado, levantamos a hipótese de que, quando analisados diacronicamente, os usos de "aunque" podem revelar uma trajetória de gramaticalização que parte de um uso semântico para usos pragmáticos, e de que tal trajetória pode corresponder a um processo comum sofrido pelos juntores concessivos dessa língua. Assim, selecionamos para este estudo, além do juntor "aunque", os juntores "a pesar de (que)" e "por mucho (que)", por serem, dentre os juntores apontados por Flamenco García (1999), os que se mostraram mais frequentes nos dados e por advirem de origens distintas, tendo em vista as fontes para o desenvolvimento de juntores concessivos apontadas por König (1994). O universo de investigação desta pesquisa reúne ocorrências dos três juntores na fase antiga, média e moderna do espanhol peninsular, segundo a categorização de Eberenz (1991, 2009), extraídas do Corpus diacrónico del español (CORDE), elaborado e disponibilizado em meio eletrônico pela Real Academia Española. Para realizarmos a análise diacrônica pretendida, adotamos critérios de ordem discursiva, pragmática, semântica e morfossintática, a fim de observar se mudanças interpessoais e representacionais no uso de tais juntores influenciam mudanças morfossintáticas nas estruturas por eles iniciadas. Como resultado de nossa análise, verificamos que, embora apresentem particularidades, os três juntores surgem como marcadores de uma função semântica na camada do Conteúdo Proposicional. Nessa função, primeiramente predominam os contextos não factuais seguidos dos factuais. Apesar de o uso mais comum dos juntores em todos os períodos investigados ser o de marcador de função semântica, ao longo do tempo, "aunque", "a pesar de (que)" e "por mucho (que)" expandem seus usos como marcadores de função retórica, relação estabelecida entre Atos Discursivos, e como marcadores push, na camada do Movimento, no caso específico de "aunque" e "a pesar de (que)". Dessa forma, comprovamos que entre os juntores investigados existe uma trajetória de gramaticalização comum, caracterizada por aumento de escopo, em termos de níveis e camadas, fortalecimento pragmático e generalização dos contextos de uso, que, morfossintaticamente, são expressos por uma maior liberdade sintática das estruturas concessivas. |
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