Em perspectiva, a crítica de Roberto Schwarz a uma entrevista dos signatários do Manifesto Música Nova

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: De Bonis, Maurício Funcia [UNESP]
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Capítulo de livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/236556
Resumo: Ainda que não tenham se constituído como um grupo de compositores e intérpretes com uma unidade consistente, tanto no que diz respeito à continuidade da produção quanto a seu alinhamento estético, os signatários do Manifesto Música Nova (publicado em 1963 na Revista Invenção) foram responsáveis pela divulgação no Brasil da música de vanguarda europeia das décadas de 1950 e 1960 e das discussões e questionamentos suscitados em seu entorno. Abriram com essa iniciativa um amplo horizonte de novas influências, materiais e procedimentos composicionais, em oposição às tendências até então hegemônicas. Tanto em suas posições pessoais quanto em seu programa de ação musical, esses compositores e intérpretes reivindicam um alinhamento entre o estado da arte das últimas experiências artísticas e seu significado progressista ou até revolucionário, vendo a composição e a crítica musical um campo de relevo no combate às forças reacionárias na sociedade. Essa prerrogativa, exposta de forma provocativa e bastante irônica em uma entrevista de membros do grupo na grande mídia (Música não-música antimúsica, publicada n’O Estado de S. Paulo em 1967), é questionada no ano seguinte por Roberto Schwarz, em seu texto Nota sobre vanguarda e conformismo. Por um lado, a entrevista ao Estado, realizada por Júlio Medaglia com os compositores Damiano Cozzella, Rogério Duprat, Willy Corrêa de Oliveira e Gilberto Mendes, pode hoje ser avaliada tanto em relação ao Manifesto Música Nova (e ao Plano Piloto para a Poesia Concreta, do qual é diretamente reminiscente) quanto às trajetórias ulteriores, marcadamente contrastantes, de seus protagonistas. Ao mesmo tempo, uma vez colocada em perspectiva a crítica de Schwarz, é possível verificar sua pertinência em relação aos posicionamentos políticos posteriores e à evolução do pensamento musical de cada um desses compositores. Se as contradições no tom geral de seu discurso nessa entrevista são bem apontadas por Schwarz, que inclusive faz uso do mesmo teor irônico daqueles que critica, faz-se necessário precisar uma diferenciação ausente em sua crítica, entre o pensamento, os posicionamentos e as contradições de cada um dos compositores entrevistados, o que é possível de se propor com mais clareza observando sua trajetória em retrospecto.
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