Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2003 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/2__Congresso/Direitos_Humanos/Direit25.htm http://hdl.handle.net/11449/148406 |
Resumo: | Nesse ano de 2002 fomos chamados a intervir na antiga Casa das Crianças de Assis, que com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, transforma-se de instituição total para atendimento aberto a população de crianças e jovens em situação de risco social ou pessoal. Visa-se, assim, ocupar o tempo livre dos mesmos, oferecendo-lhes aulas de ginástica, dança, reforço escolar, oficinas de artesanato, respeito ao trânsito e de psicologia. A queixa se referia a 30 adolescentes considerados indisciplinados, rebeldes, de baixa auto-estima, que sofriam maus-tratos e eram estigmatizados socialmente. Segundo a coordenação da Casa, seria necessário que as oficinas promovessem a “melhoria” nas relações dos adolescentes com o estabelecimento e com eles próprios, também que trabalhassem com a “angústia, conflitos e autoconhecimento”. Numa perspectiva de clínica ampliada, grupalista e institucionalista, decidimos acatar a demanda feita pelos profissionais da Casa. Acatar essa demanda não significou para nós normatizarmos a conduta alheia. Num primeiro momento, fizemos entrevistas na qual buscávamos conhecê-los com o objetivo de formar grupos heterogêneos, que possibilitasse a eles afetarem-se e produzirem acontecimentos. Nesse processo percebemos que a maioria absoluta estudava e apresentava sonhos de serem advogados, veterinários, policiais, professores de dança, desenhistas e jogadores de futebol. Os sonhos veiculados pelos adolescentes deram visibilidade a esse grupo como coletivo desejante, portanto almejavam não apenas se inscreverem em determinados lugares sociais, mas também refletir sobre como realizar esses sonhos. Nessas discussões as palavras eram de luta, de trabalho, de ação no mundo; dando visibilidade as potencialidades destes como sujeitos de suas próprias histórias. Assim sendo, quando solicitamos através das entrevistas que eles fizessem um relato sobre um dia habitual de suas vidas, o discurso veiculado foi que a melhor hora do dia era quando podiam ser autônomos e gerirem seu próprio tempo. Pensamos então, que o grupo de fato seria um espaço que promoveria estas posições frente a vida. Montamos dois grupos de adolescentes com o procedimento de coordenação compartilhada. Atuamos com os grupos uma vez por semana durante uma hora e trinta minutos. O objetivo deste trabalho com essa população é promover um espaço de escuta, de acolhimento, fazer circular a fala e o poder, proporcionando que os afetos ganhem intensidade, atualizando os desejos de criação e invenção, rompendo, portanto, com as classificações postas a eles a priori, não cabendo, pois, a nós normatizá-los. |
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Nesse ano de 2002 fomos chamados a intervir na antiga Casa das Crianças de Assis, que com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, transforma-se de instituição total para atendimento aberto a população de crianças e jovens em situação de risco social ou pessoal. Visa-se, assim, ocupar o tempo livre dos mesmos, oferecendo-lhes aulas de ginástica, dança, reforço escolar, oficinas de artesanato, respeito ao trânsito e de psicologia. A queixa se referia a 30 adolescentes considerados indisciplinados, rebeldes, de baixa auto-estima, que sofriam maus-tratos e eram estigmatizados socialmente. Segundo a coordenação da Casa, seria necessário que as oficinas promovessem a “melhoria” nas relações dos adolescentes com o estabelecimento e com eles próprios, também que trabalhassem com a “angústia, conflitos e autoconhecimento”. Numa perspectiva de clínica ampliada, grupalista e institucionalista, decidimos acatar a demanda feita pelos profissionais da Casa. Acatar essa demanda não significou para nós normatizarmos a conduta alheia. Num primeiro momento, fizemos entrevistas na qual buscávamos conhecê-los com o objetivo de formar grupos heterogêneos, que possibilitasse a eles afetarem-se e produzirem acontecimentos. Nesse processo percebemos que a maioria absoluta estudava e apresentava sonhos de serem advogados, veterinários, policiais, professores de dança, desenhistas e jogadores de futebol. Os sonhos veiculados pelos adolescentes deram visibilidade a esse grupo como coletivo desejante, portanto almejavam não apenas se inscreverem em determinados lugares sociais, mas também refletir sobre como realizar esses sonhos. Nessas discussões as palavras eram de luta, de trabalho, de ação no mundo; dando visibilidade as potencialidades destes como sujeitos de suas próprias histórias. Assim sendo, quando solicitamos através das entrevistas que eles fizessem um relato sobre um dia habitual de suas vidas, o discurso veiculado foi que a melhor hora do dia era quando podiam ser autônomos e gerirem seu próprio tempo. Pensamos então, que o grupo de fato seria um espaço que promoveria estas posições frente a vida. Montamos dois grupos de adolescentes com o procedimento de coordenação compartilhada. Atuamos com os grupos uma vez por semana durante uma hora e trinta minutos. O objetivo deste trabalho com essa população é promover um espaço de escuta, de acolhimento, fazer circular a fala e o poder, proporcionando que os afetos ganhem intensidade, atualizando os desejos de criação e invenção, rompendo, portanto, com as classificações postas a eles a priori, não cabendo, pois, a nós normatizá-los. |
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