Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Passos, Daniele Moreno [UNESP]
Data de Publicação: 2003
Outros Autores: Domingues, Renata Pimenta [UNESP], Uesono, Juliana [UNESP], Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP], Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/2__Congresso/Direitos_Humanos/Direit25.htm
http://hdl.handle.net/11449/148406
Resumo: Nesse ano de 2002 fomos chamados a intervir na antiga Casa das Crianças de Assis, que com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, transforma-se de instituição total para atendimento aberto a população de crianças e jovens em situação de risco social ou pessoal. Visa-se, assim, ocupar o tempo livre dos mesmos, oferecendo-lhes aulas de ginástica, dança, reforço escolar, oficinas de artesanato, respeito ao trânsito e de psicologia. A queixa se referia a 30 adolescentes considerados indisciplinados, rebeldes, de baixa auto-estima, que sofriam maus-tratos e eram estigmatizados socialmente. Segundo a coordenação da Casa, seria necessário que as oficinas promovessem a “melhoria” nas relações dos adolescentes com o estabelecimento e com eles próprios, também que trabalhassem com a “angústia, conflitos e autoconhecimento”. Numa perspectiva de clínica ampliada, grupalista e institucionalista, decidimos acatar a demanda feita pelos profissionais da Casa. Acatar essa demanda não significou para nós normatizarmos a conduta alheia. Num primeiro momento, fizemos entrevistas na qual buscávamos conhecê-los com o objetivo de formar grupos heterogêneos, que possibilitasse a eles afetarem-se e produzirem acontecimentos. Nesse processo percebemos que a maioria absoluta estudava e apresentava sonhos de serem advogados, veterinários, policiais, professores de dança, desenhistas e jogadores de futebol. Os sonhos veiculados pelos adolescentes deram visibilidade a esse grupo como coletivo desejante, portanto almejavam não apenas se inscreverem em determinados lugares sociais, mas também refletir sobre como realizar esses sonhos. Nessas discussões as palavras eram de luta, de trabalho, de ação no mundo; dando visibilidade as potencialidades destes como sujeitos de suas próprias histórias. Assim sendo, quando solicitamos através das entrevistas que eles fizessem um relato sobre um dia habitual de suas vidas, o discurso veiculado foi que a melhor hora do dia era quando podiam ser autônomos e gerirem seu próprio tempo. Pensamos então, que o grupo de fato seria um espaço que promoveria estas posições frente a vida. Montamos dois grupos de adolescentes com o procedimento de coordenação compartilhada. Atuamos com os grupos uma vez por semana durante uma hora e trinta minutos. O objetivo deste trabalho com essa população é promover um espaço de escuta, de acolhimento, fazer circular a fala e o poder, proporcionando que os afetos ganhem intensidade, atualizando os desejos de criação e invenção, rompendo, portanto, com as classificações postas a eles a priori, não cabendo, pois, a nós normatizá-los.
id UNSP_5ebc85925d59153a02077f623eddc917
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/148406
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidadeNesse ano de 2002 fomos chamados a intervir na antiga Casa das Crianças de Assis, que com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, transforma-se de instituição total para atendimento aberto a população de crianças e jovens em situação de risco social ou pessoal. Visa-se, assim, ocupar o tempo livre dos mesmos, oferecendo-lhes aulas de ginástica, dança, reforço escolar, oficinas de artesanato, respeito ao trânsito e de psicologia. A queixa se referia a 30 adolescentes considerados indisciplinados, rebeldes, de baixa auto-estima, que sofriam maus-tratos e eram estigmatizados socialmente. Segundo a coordenação da Casa, seria necessário que as oficinas promovessem a “melhoria” nas relações dos adolescentes com o estabelecimento e com eles próprios, também que trabalhassem com a “angústia, conflitos e autoconhecimento”. Numa perspectiva de clínica ampliada, grupalista e institucionalista, decidimos acatar a demanda feita pelos profissionais da Casa. Acatar essa demanda não significou para nós normatizarmos a conduta alheia. Num primeiro momento, fizemos entrevistas na qual buscávamos conhecê-los com o objetivo de formar grupos heterogêneos, que possibilitasse a eles afetarem-se e produzirem acontecimentos. Nesse processo percebemos que a maioria absoluta estudava e apresentava sonhos de serem advogados, veterinários, policiais, professores de dança, desenhistas e jogadores de futebol. Os sonhos veiculados pelos adolescentes deram visibilidade a esse grupo como coletivo desejante, portanto almejavam não apenas se inscreverem em determinados lugares sociais, mas também refletir sobre como realizar esses sonhos. Nessas discussões as palavras eram de luta, de trabalho, de ação no mundo; dando visibilidade as potencialidades destes como sujeitos de suas próprias histórias. Assim sendo, quando solicitamos através das entrevistas que eles fizessem um relato sobre um dia habitual de suas vidas, o discurso veiculado foi que a melhor hora do dia era quando podiam ser autônomos e gerirem seu próprio tempo. Pensamos então, que o grupo de fato seria um espaço que promoveria estas posições frente a vida. Montamos dois grupos de adolescentes com o procedimento de coordenação compartilhada. Atuamos com os grupos uma vez por semana durante uma hora e trinta minutos. O objetivo deste trabalho com essa população é promover um espaço de escuta, de acolhimento, fazer circular a fala e o poder, proporcionando que os afetos ganhem intensidade, atualizando os desejos de criação e invenção, rompendo, portanto, com as classificações postas a eles a priori, não cabendo, pois, a nós normatizá-los.Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras (FCLAS), Departamento de Psicologia Evolutiva Social e Escolar, Assis, SPUniversidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras (FCLAS), Departamento de Psicologia Evolutiva Social e Escolar, Assis, SPUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Passos, Daniele Moreno [UNESP]Domingues, Renata Pimenta [UNESP]Uesono, Juliana [UNESP]Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP]Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]2017-01-18T18:11:37Z2017-01-18T18:11:37Z2003info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/2__Congresso/Direitos_Humanos/Direit25.htmhttp://hdl.handle.net/11449/148406PROEXreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESPporCongresso de Extensão Universitáriainfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-06-14T19:11:05Zoai:repositorio.unesp.br:11449/148406Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T21:39:34.231569Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
title Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
spellingShingle Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
Passos, Daniele Moreno [UNESP]
title_short Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
title_full Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
title_fullStr Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
title_full_unstemmed Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
title_sort Desconstrução dos rótulos que pairam sobre os adolescentes em situação de risco pessoal ou social: um ensaio de fractalidade da multiplicidade
author Passos, Daniele Moreno [UNESP]
author_facet Passos, Daniele Moreno [UNESP]
Domingues, Renata Pimenta [UNESP]
Uesono, Juliana [UNESP]
Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP]
Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]
author_role author
author2 Domingues, Renata Pimenta [UNESP]
Uesono, Juliana [UNESP]
Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP]
Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]
author2_role author
author
author
author
dc.contributor.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Passos, Daniele Moreno [UNESP]
Domingues, Renata Pimenta [UNESP]
Uesono, Juliana [UNESP]
Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP]
Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]
description Nesse ano de 2002 fomos chamados a intervir na antiga Casa das Crianças de Assis, que com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, transforma-se de instituição total para atendimento aberto a população de crianças e jovens em situação de risco social ou pessoal. Visa-se, assim, ocupar o tempo livre dos mesmos, oferecendo-lhes aulas de ginástica, dança, reforço escolar, oficinas de artesanato, respeito ao trânsito e de psicologia. A queixa se referia a 30 adolescentes considerados indisciplinados, rebeldes, de baixa auto-estima, que sofriam maus-tratos e eram estigmatizados socialmente. Segundo a coordenação da Casa, seria necessário que as oficinas promovessem a “melhoria” nas relações dos adolescentes com o estabelecimento e com eles próprios, também que trabalhassem com a “angústia, conflitos e autoconhecimento”. Numa perspectiva de clínica ampliada, grupalista e institucionalista, decidimos acatar a demanda feita pelos profissionais da Casa. Acatar essa demanda não significou para nós normatizarmos a conduta alheia. Num primeiro momento, fizemos entrevistas na qual buscávamos conhecê-los com o objetivo de formar grupos heterogêneos, que possibilitasse a eles afetarem-se e produzirem acontecimentos. Nesse processo percebemos que a maioria absoluta estudava e apresentava sonhos de serem advogados, veterinários, policiais, professores de dança, desenhistas e jogadores de futebol. Os sonhos veiculados pelos adolescentes deram visibilidade a esse grupo como coletivo desejante, portanto almejavam não apenas se inscreverem em determinados lugares sociais, mas também refletir sobre como realizar esses sonhos. Nessas discussões as palavras eram de luta, de trabalho, de ação no mundo; dando visibilidade as potencialidades destes como sujeitos de suas próprias histórias. Assim sendo, quando solicitamos através das entrevistas que eles fizessem um relato sobre um dia habitual de suas vidas, o discurso veiculado foi que a melhor hora do dia era quando podiam ser autônomos e gerirem seu próprio tempo. Pensamos então, que o grupo de fato seria um espaço que promoveria estas posições frente a vida. Montamos dois grupos de adolescentes com o procedimento de coordenação compartilhada. Atuamos com os grupos uma vez por semana durante uma hora e trinta minutos. O objetivo deste trabalho com essa população é promover um espaço de escuta, de acolhimento, fazer circular a fala e o poder, proporcionando que os afetos ganhem intensidade, atualizando os desejos de criação e invenção, rompendo, portanto, com as classificações postas a eles a priori, não cabendo, pois, a nós normatizá-los.
publishDate 2003
dc.date.none.fl_str_mv 2003
2017-01-18T18:11:37Z
2017-01-18T18:11:37Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/2__Congresso/Direitos_Humanos/Direit25.htm
http://hdl.handle.net/11449/148406
url http://proex.reitoria.unesp.br/congressos/Congressos/2__Congresso/Direitos_Humanos/Direit25.htm
http://hdl.handle.net/11449/148406
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Congresso de Extensão Universitária
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv PROEX
reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808129344764116992