O ensino da Educação Física na escola: articulação entre a Pedagogia Histórico-Crítica e a Praxiologia Motriz

• Autor(a) principal: Bien, Manaíra Gonçalves
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/243294
• topic: Educação física; Pedagogia histórico-crítica; Praxiologia motriz; Tênis de campo; Physical education; Historical-critical pedagogy; Motor praxiology; Field tennis

O trabalho sequencial, organizado e dirigido por professores, pode significar um importante passo no processo de apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade e uma formação do indivíduo enquanto sujeito histórico, crítico e consciente da realidade social em que vive. Nesse sentido, após levantamento com professores de Educação Física de um município do interior de São Paulo, constatou-se significativa dificuldade de estabelecer relações entre o ensino de Educação Física e a pedagogia histórico-crítica. Por conta disso, o objetivo geral desta pesquisa foi elaborar, desenvolver e analisar uma intervenção pedagógica de ensino do tênis de campo para uma turma do 4º ano do ensino fundamental, com base na pedagogia histórico-crítica e orientada por análises praxiológicas. A realização dessa proposição de ensino se deu por um período de oito semanas, com duas aulas semanais de cinquenta minutos cada, compreendendo um bimestre letivo. A professora de Educação Física da turma era simultaneamente a docente e a pesquisadora do estudo. A investigação se assentou nos pressupostos da pesquisa-intervenção. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: a) questionário aplicado aos estudantes; b) registros em diários de aula pela professora/pesquisadora; c) e rodas de conversa com os estudantes. A análise dos dados e as discussões foram realizadas a partir dos cinco momentos propostos pela pedagogia histórico-crítica: 1) no ponto de partida da prática social, identificou-se que os estudantes possuíam os conhecimentos baseados no senso comum, não apropriação dos conhecimentos elaborados e falta de domínio sobre o entendimento necessário para o desenvolvimento do jogo; 2) a problematização evidenciou os desafios no âmbito da prática social, ou seja, o tênis como um conhecimento restrito a uma classe social e o ensino centrado em técnicas esportivas desvinculadas do jogo; 3) a instrumentalização demonstrou que os estudantes avançaram na compreensão do esporte, caminhando do conhecimento simplista e superficial para um patamar que possibilitou a orientação de suas ações na realidade concreta, superando o nível sincrético ao qual se encontravam no início; 4) na catarse, verificou-se a expressão dos conhecimentos nas formas mais elaboradas e uma compreensão crítica da realidade; 5) a prática social se mostrou agora mais complexa, constituindo-se como um novo ponto de partida para outros saltos qualitativos no processo de constituição do conhecimento acerca do tênis de campo. Tais reflexões permitem afirmar que a pedagogia histórico-crítica e as análises praxiológicas do tênis de campo orientaram e fundamentaram o trabalho pedagógico com a Educação Física no processo de apropriação por parte dos estudantes, dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, articulando conhecimentos teóricos e ações práticas, uma vez que os estudantes avançaram do pensamento sincrético acerca do tema para uma perspectiva mais sintética.