"Feminismo" e suas adjacências: estudo lexicultural sob a ótica da Análise Dialógica do Discurso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas, Liana de Carvalho
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/252895
Resumo: Um repertório lexical pode ser criado, ressignificado e até mesmo apagado, ao passo que é motivado por evidências de momentos histórico-culturais situados pelo discurso, provocando mudanças em nível cultural, ideológico e comportamental (BAKHTIN, 2014). Uma língua tem o poder de moldar tanto quanto pode ser moldada pela comunidade que a fala. O movimento feminista incentiva a reflexão acerca da importância da língua quando traz à cultura de massa evidências das subjetividades presentes na relação de opressão entre a figura masculina e a feminina na sociedade, como a invisibilização da mulher por códigos linguísticos (BOENAVIDES, 2019). Conforme as feministas acadêmicas identificaram tensões no uso da língua, elas também adquiriram a consciência de que o léxico e a sociedade estão em constante mudança devido a sua relação de interdependência (COELHO; MESQUITA, 2013). A convergência desses dois conhecimentos dentro do movimento feminista permitiu que o coletivo de mulheres desenvolvesse, desde sua organização mais primordial, as ações e debates na luta pela mudança social por meio da nomeação da própria realidade por meio da criação do que Biderman (2001) define como lexia, termo cunhado por Pottier (1972). O objetivo desta pesquisa é traçar um percurso lexicológico que evidencie as relações entre os discursos feministas de diferentes perspectivas científicas por meio do uso das lexias na função de validadores das questões pertinentes à realidade e identidade femininas. Nesse sentido, verifica-se a hipótese de que é possível descrever, pela perspectiva dialógica, as transformações discursivas provocadas pelas mudanças que o domínio e a utilização consciente da criação e ressignificação lexical promovem em nível cultural. O presente estudo interliga Lexicologia e Lexicografia (BIDERMAN, 1998; 2001), Lexicultura (GALISSON, 1987) e o dialogismo bakhtiniano (BAKHTIN, 1986; 2014) na investigação das marcas do discurso presentes nas unidades lexicais coletadas em artigos científicos, tratados com o AntConc - www.laurenceanthony.net, da Revista Estudos Feministas, em dois eventos do movimento feminista no Brasil: o surgimento da teoria queer na década de 90, que coincidem com a criação do projeto responsável pela revista feminista, e a Marcha das Vadias de 2011, retratada por artigos de 2019 e 2020 publicados nesse mesmo periódico. Estão sob análise a lexia “feminismo” e as demais lexias adjacentes e derivadas que a ela podem ser associadas discursivamente e que estejam presentes nos artigos selecionados, como “transfeminismo”, “machismo”, “sexismo” e “patriarcado”. Assim, observou-se o desenvolvimento do aporte léxico do movimento feminista e sua capacidade de refletir a inclusão social das mulheres nos diferentes temas que cercam a realidade feminina. Ainda que constituído de vários discursos, o movimento feminista encontra nos Estudos Linguísticos a área ideal para a validação da existência da figura feminina no espaço social cultural bem como a valorização do compartilhamento de suas vivências.
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spelling "Feminismo" e suas adjacências: estudo lexicultural sob a ótica da Análise Dialógica do Discurso"Feminism" and its adjacencies: lexicultural study from the perspective of the Dialogic Discourse AnalysisLexiculturaFeminismoManifestações discursivas no léxicoFeminismLexicultureDiscursive manifestations in the LexiconUm repertório lexical pode ser criado, ressignificado e até mesmo apagado, ao passo que é motivado por evidências de momentos histórico-culturais situados pelo discurso, provocando mudanças em nível cultural, ideológico e comportamental (BAKHTIN, 2014). Uma língua tem o poder de moldar tanto quanto pode ser moldada pela comunidade que a fala. O movimento feminista incentiva a reflexão acerca da importância da língua quando traz à cultura de massa evidências das subjetividades presentes na relação de opressão entre a figura masculina e a feminina na sociedade, como a invisibilização da mulher por códigos linguísticos (BOENAVIDES, 2019). Conforme as feministas acadêmicas identificaram tensões no uso da língua, elas também adquiriram a consciência de que o léxico e a sociedade estão em constante mudança devido a sua relação de interdependência (COELHO; MESQUITA, 2013). A convergência desses dois conhecimentos dentro do movimento feminista permitiu que o coletivo de mulheres desenvolvesse, desde sua organização mais primordial, as ações e debates na luta pela mudança social por meio da nomeação da própria realidade por meio da criação do que Biderman (2001) define como lexia, termo cunhado por Pottier (1972). O objetivo desta pesquisa é traçar um percurso lexicológico que evidencie as relações entre os discursos feministas de diferentes perspectivas científicas por meio do uso das lexias na função de validadores das questões pertinentes à realidade e identidade femininas. Nesse sentido, verifica-se a hipótese de que é possível descrever, pela perspectiva dialógica, as transformações discursivas provocadas pelas mudanças que o domínio e a utilização consciente da criação e ressignificação lexical promovem em nível cultural. O presente estudo interliga Lexicologia e Lexicografia (BIDERMAN, 1998; 2001), Lexicultura (GALISSON, 1987) e o dialogismo bakhtiniano (BAKHTIN, 1986; 2014) na investigação das marcas do discurso presentes nas unidades lexicais coletadas em artigos científicos, tratados com o AntConc - www.laurenceanthony.net, da Revista Estudos Feministas, em dois eventos do movimento feminista no Brasil: o surgimento da teoria queer na década de 90, que coincidem com a criação do projeto responsável pela revista feminista, e a Marcha das Vadias de 2011, retratada por artigos de 2019 e 2020 publicados nesse mesmo periódico. Estão sob análise a lexia “feminismo” e as demais lexias adjacentes e derivadas que a ela podem ser associadas discursivamente e que estejam presentes nos artigos selecionados, como “transfeminismo”, “machismo”, “sexismo” e “patriarcado”. Assim, observou-se o desenvolvimento do aporte léxico do movimento feminista e sua capacidade de refletir a inclusão social das mulheres nos diferentes temas que cercam a realidade feminina. Ainda que constituído de vários discursos, o movimento feminista encontra nos Estudos Linguísticos a área ideal para a validação da existência da figura feminina no espaço social cultural bem como a valorização do compartilhamento de suas vivências.A lexical repertoire can be created, reframed and even erased while it is motivated by evidence of historical-cultural moments situated by the discourse, causing changes at the cultural, ideological and behavioral level (BAKHTIN, 2014). A language has the power to shape as much as it can be shaped by the community that speaks it. The feminist movement encourages the reflection on the importance of language by bringing to mass culture many evidences of the subjectivities present in the relationship of oppression between the male and female figures in society, such as the invisibilization of women by linguistic codes (BOENAVIDES, 2019). As academic feminists identified tensions in language use, they also became aware that the lexicon and society are constantly changing due to their interdependent relationship (COELHO; MESQUITA, 2013). The convergence of these two knowledges within the feminist movement allowed the women's collective to develop, from its most primordial organization, actions and debates in the struggle for social change through the naming of reality itself through the creation of what Biderman (2001) defines as lexia, a term coined by Pottier (1972). The aim of this research is to trace a lexicological path that highlights the relationships between feminist discourses from different scientific perspectives through the use of lexias in the role of validators of issues pertaining to female reality and identity. In this sense, it is verified the hypothesis that it is possible to describe, from the dialogic perspective, the cultural discursive transformations provoked by the changes that the domain and the conscious use of the creation and lexical redefinition promote at a cultural level. The present study connects Lexicology and Lexicography (BIDERMAN, 1998; 2001), Lexiculture (GALISSON, 1987) and Bakhtinian dialogism (BAKHTIN, 1986; 2014) in the investigation of discourse marks present in the lexical units collected in scientific articles, treated with the AntConc - www.laurenceanthony.net, from the Revista Estudos Feministas journal, in two events of the feminist movement in Brazil: the emergence of queer theory in the 90s, which coincided with the creation of the project responsible for the feminist magazine, and the Marcha das Vadias de 2011, portrayed by articles from 2019 and 2020 published in that same journal. The lexicon “feminism” and other adjacent and derived lexias that can be discursively associated with it and that are present in the selected articles, such as “transfeminism”, “machismo”, “sexism” and “patriarchy”, are under analysis. Thus, the development of the lexical contribution of the feminist movement and its ability to reflect the social inclusion of women in the different themes that surround the female reality was observed. Although made up of several discourses, the feminist movement finds in Linguistic Studies the ideal area for validating the existence of the female figure in the social cultural space, as well as valuing the sharing of their experiences.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)88887.488948/2020-00Universidade Estadual Paulista (Unesp)Silva, Maria Cristina Parreira da [UNESP]Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE)Freitas, Liana de Carvalho2024-01-19T20:03:14Z2024-01-19T20:03:14Z2023-04-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCARVALHO, Liana. "Feminismo" e suas adjacências: estudo lexicultural sob a ótica da Análise Dialógica do Discurso. 2023. 112 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Ibilce), São José do Rio Preto, 2023.https://hdl.handle.net/11449/2528952260323569739230porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-01-20T06:08:50Zoai:repositorio.unesp.br:11449/252895Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:21:29.482044Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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