Prospecção de plantas aromáticas e condimentares no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tomchinsky, Bernardo [UNESP]
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/150786
Resumo: O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo, o que não se reflete na dieta da população, que obedece um regime monótono baseado em poucas espécies alimentícias. Os condimentos seguem a mesma lógica, sendo que os mais consumidos no país são espécies exóticas, muitas vezes cultivadas em outros países e importadas. A exploração sustentável dos recursos vegetais, inclusive espécies condimentares, pode representar a valorização e resgate cultural, preservação do meio ambiente com a exploração de recursos florestais não madeireiros, geração de renda para toda a cadeia produtiva, desenvolvimento de novos produtos e pode trazer benefícios na saúde coletiva com a diversificação da alimentação e uso de substâncias bioativas. Ao longo do trabalho são abordados diferentes aspectos referente a prospecção de plantas condimentares no Brasil. Partindo de questões relativas a legislação e normatização ao longo da revisão, no primeiro capítulo é abordado o uso histórico de plantas condimentares e alimentícias no Brasil colonial; na sequência é analisado o mercado de plantas condimentares, especificamente de insumo (sementes) e os produtos disponíveis nos mercados e por último é realizada uma análise sobre as plantas condimentares disponíveis no Brasil. No capítulo 1, através de análises de trabalhos de 18 autores que estiveram no Brasil entre os séculos XVI e XVII são levantadas 729 citações de plantas alimentícias, das quais foi possível identificar 124 espécies. Destas, 60% eram nativas. Em um curto período foram introduzidas diversas espécies exóticas no país. Entre as plantas condimentares, as pimentas do gênero Capscicum eram as mais importantes e entre as alimentícias a mandioca, abacaxi, batata-doce e milho foram as mais citadas. É possível dizer que neste período ocorreu uma rápida e intensa troca de plantas com outras regiões do mundo. A presença de espécies exóticas e naturalizadas, nativas da Américas, evidenciam a intensa troca entre populações indígenas. Muitas espécies nativas caíram em esquecimento e desuso e seu resgate poderia contribuir com a preservação destas espécies e de seu ambiente de ocorrência. No capítulo 2, o objetivo foi compreender aspectos sobre o mercado de plantas condimentares no Brasil, com foco nos insumos disponíveis para os produtores e produtos disponíveis ao mercado consumidor. Para a análise do mercado de insumos de plantas condimentares foram analisados os catálogos de 12 empresas que trabalham neste segmento. E para o estudo dos condimentos disponíveis no mercado brasileiro foram analisados os catálogos de 62 empresas que trabalham neste setor no Brasil. Entre as empresas de sementes que atuam no Brasil são comercializadas 55 espécies consideradas condimentares, com maior destaque para as hortaliças-condimento e as pimentas do gênero Capsicum. Sobre os produtos disponíveis no mercado para consumidores, foram encontradas 107 tipos de condimento simples (não misturado) e 145 temperos mistos, entretanto nas duas categorias poucas espécies ou misturas são brasileiras. Com estes dados é possível ponderar que a produção de diferentes espécies cultivadas fica limitada ao acesso às sementes e mudas disponíveis no mercado e que o mercado de plantas condimentares no Brasil é bem estabelecido, mas dominado por espécies exóticas e produzidas, em grande parte, fora do país, enquanto espécies nativas do Brasil são negligenciadas e poderiam ocupar um espaço maior no mercado nacional. No capítulo 3, foi estudada a ocorrência e o uso de plantas condimentares no Brasil, a partir de ampla revisão de literatura. Das 923 espécies com uso condimentar disponível no Brasil, 499 são nativas do país, entretanto, ainda muitas são subutilizadas. As plantas levantadas foram divididas em 22 categorias de uso. A distribuição das plantas pelo Brasil por estados e biomas reflete de certa forma a biodiversidade de cada região, assim como o número de estudos e coletas realizadas por região. Existem diversas oportunidades interessantes para a exploração econômica destas plantas, faltando entretanto estudos sobre sua composição química e segurança, além de trabalhos sobre seu manejo sustentável e nível de conservação. Neste processo questões referentes a conservação de cada espécie, porte e hábito de crescimento devem ser levadas em conta. Com todos os resultados obtidos, é possível concluir que apesar de bem estabelecida, a cadeia produtiva de plantas condimentares ainda possui algumas limitações, sobretudo no cultivo comercial no Brasil e a exploração de espécies nativas do Brasil. A produção delas ainda é restrita assim como a sua disponibilidade em apenas alguns setores do mercado. Ainda há um enorme potencial para o uso de plantas nativas do Brasil na alimentação humana. Mas seriam necessários estudos referentes a composição, segurança, manejo e produção de cada uma destas espécies, para viabilizar sua exploração sustentável. Este estudo não esgotou o assunto sobre o tema, visto que outras espécies podem ser adicionadas ou retiradas destas listas, de acordo com novos trabalhos que surgirem.
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Ao longo do trabalho são abordados diferentes aspectos referente a prospecção de plantas condimentares no Brasil. Partindo de questões relativas a legislação e normatização ao longo da revisão, no primeiro capítulo é abordado o uso histórico de plantas condimentares e alimentícias no Brasil colonial; na sequência é analisado o mercado de plantas condimentares, especificamente de insumo (sementes) e os produtos disponíveis nos mercados e por último é realizada uma análise sobre as plantas condimentares disponíveis no Brasil. No capítulo 1, através de análises de trabalhos de 18 autores que estiveram no Brasil entre os séculos XVI e XVII são levantadas 729 citações de plantas alimentícias, das quais foi possível identificar 124 espécies. Destas, 60% eram nativas. Em um curto período foram introduzidas diversas espécies exóticas no país. Entre as plantas condimentares, as pimentas do gênero Capscicum eram as mais importantes e entre as alimentícias a mandioca, abacaxi, batata-doce e milho foram as mais citadas. É possível dizer que neste período ocorreu uma rápida e intensa troca de plantas com outras regiões do mundo. A presença de espécies exóticas e naturalizadas, nativas da Américas, evidenciam a intensa troca entre populações indígenas. Muitas espécies nativas caíram em esquecimento e desuso e seu resgate poderia contribuir com a preservação destas espécies e de seu ambiente de ocorrência. No capítulo 2, o objetivo foi compreender aspectos sobre o mercado de plantas condimentares no Brasil, com foco nos insumos disponíveis para os produtores e produtos disponíveis ao mercado consumidor. Para a análise do mercado de insumos de plantas condimentares foram analisados os catálogos de 12 empresas que trabalham neste segmento. E para o estudo dos condimentos disponíveis no mercado brasileiro foram analisados os catálogos de 62 empresas que trabalham neste setor no Brasil. Entre as empresas de sementes que atuam no Brasil são comercializadas 55 espécies consideradas condimentares, com maior destaque para as hortaliças-condimento e as pimentas do gênero Capsicum. Sobre os produtos disponíveis no mercado para consumidores, foram encontradas 107 tipos de condimento simples (não misturado) e 145 temperos mistos, entretanto nas duas categorias poucas espécies ou misturas são brasileiras. Com estes dados é possível ponderar que a produção de diferentes espécies cultivadas fica limitada ao acesso às sementes e mudas disponíveis no mercado e que o mercado de plantas condimentares no Brasil é bem estabelecido, mas dominado por espécies exóticas e produzidas, em grande parte, fora do país, enquanto espécies nativas do Brasil são negligenciadas e poderiam ocupar um espaço maior no mercado nacional. No capítulo 3, foi estudada a ocorrência e o uso de plantas condimentares no Brasil, a partir de ampla revisão de literatura. Das 923 espécies com uso condimentar disponível no Brasil, 499 são nativas do país, entretanto, ainda muitas são subutilizadas. As plantas levantadas foram divididas em 22 categorias de uso. A distribuição das plantas pelo Brasil por estados e biomas reflete de certa forma a biodiversidade de cada região, assim como o número de estudos e coletas realizadas por região. Existem diversas oportunidades interessantes para a exploração econômica destas plantas, faltando entretanto estudos sobre sua composição química e segurança, além de trabalhos sobre seu manejo sustentável e nível de conservação. Neste processo questões referentes a conservação de cada espécie, porte e hábito de crescimento devem ser levadas em conta. Com todos os resultados obtidos, é possível concluir que apesar de bem estabelecida, a cadeia produtiva de plantas condimentares ainda possui algumas limitações, sobretudo no cultivo comercial no Brasil e a exploração de espécies nativas do Brasil. A produção delas ainda é restrita assim como a sua disponibilidade em apenas alguns setores do mercado. Ainda há um enorme potencial para o uso de plantas nativas do Brasil na alimentação humana. Mas seriam necessários estudos referentes a composição, segurança, manejo e produção de cada uma destas espécies, para viabilizar sua exploração sustentável. Este estudo não esgotou o assunto sobre o tema, visto que outras espécies podem ser adicionadas ou retiradas destas listas, de acordo com novos trabalhos que surgirem.Brazil is the country with the biggest biodiversity in the world, which is not reflected in the diet of the population, which obeys a monotonous regime based on few edible plants. Condiments follow the same logic, and the most used in the country are exotic species and imported from other countries. Sustainable exploitation of plant resources, including spice species, can represent cultural recovery, preservation of the environment through the exploitation of non-timber resources, generation of income for the entire production chain, development of new products and can bring health benefits and food and nutrition safety. Throughout this work are discussed different aspects regarding the prospecting of condiment plants in Brazil. Based on issues related to legislation and regulations and definitions presented in the revision, the first chapter addressed the historical use of condiment and food plants in colonial Brazil; In the sequence the market of condiment plants, specifically of input (seeds) and the products available in the markets, were analyzed. In the last chapter an analysis was performed on the condiment plants available in Brazil. In chapter 1, through the analysis of works of 18 authors that were in Brazil between the XVI and XVII centuries, 729 citations of food plants were raised, of which it was possible to identify 124 species. Of these, 60% are native from Brazil. In a short period, several exotic species were introduced in the country. Among the spice plants, Capscicum peppers were the most important for the local people and cassava, pineapple, maize and sweet potatoes were the most cited crops. It is possible to say that during this period there was a rapid and intense exchange of plants with other regions of the world. The presence of exotic and naturalized species native to the Americas evidences the exchange among indigenous populations. Many native species have fallen into disuse and their rescue could contribute to the preservation of these species and their environment of occurrence. In Chapter 2, the objective was to understand aspects of the market of condiment plants in Brazil, focusing on the inputs available to producers and products available to the consumer market. For the analysis of the market of spice plant inputs, the catalogs of 12 seed companies working in this segment were analyzed. And for the study of condiments available in the Brazilian market, the catalogs of 62 companies working in this sector in Brazil were analyzed. Among the seed companies operating in Brazil, 55 species commercialized are considered condiment, with emphasis on the vegetables-condiment and the peppers of the genus Capsicum. About the products available on the market for consumers, 107 types of simple condiment (unmixed) and 145 mixed condiments were found, although in the two categories few species or mixtures are Brazilian. With these data it is possible to consider that the production of different cultivated species is limited to the access to the seeds available in the market and that the market of condiment plants in Brazil is well established, but dominated by exotic species and produced, to a large extent, abroad of the country, while native species of Brazil are little explored, and could occupy a larger space in the national market. In chapter 3, the availability and use of condiment plants in Brazil was studied, from literature review. Of the 923 species with condiment use available in Brazil, 499 are native to Brazil, however many are still underutilized. The raised plants were divided into 22 categories of use. The distribution of plants by Brazil states and biomes reflects the biodiversity of each region, as well as the number of studies and collections carried out by region. There are several interesting opportunities for the economical exploitation of these plants, but there are a lack studies on their chemical composition and safety, as well as works on their sustainable management and conservation level. In this process questions regarding the conservation of each species, size and habit of growth and part used should be taken into account. With all the results obtained, it is possible to conclude that, although well established, the productive chain of condiment plants has some limitations, mainly in the commercial cultivation in Brazil and the exploration of native species of Brazil. Their production is still restricted and their availability are only in few sectors of the market. There is still enormous potential for the use of native plants in Brazil for human consumption. But studies on the composition, safety, management and production of each of these species would be necessary to enable their sustainable exploitation. This study has not exhausted the the subject, since other species can be added or removed from these lists, according to new researches.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Ming, Lin Chau [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Tomchinsky, Bernardo [UNESP]2017-05-31T17:59:51Z2024-03-26T18:55:47Z2017-05-31T17:59:51Z2024-03-26T18:55:47Z2017-05-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://hdl.handle.net/11449/15078600088683733004064014P04390073683610512porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-05-02T20:44:38Zoai:repositorio.unesp.br:11449/150786Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T16:34:28.827611Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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É possível dizer que neste período ocorreu uma rápida e intensa troca de plantas com outras regiões do mundo. A presença de espécies exóticas e naturalizadas, nativas da Américas, evidenciam a intensa troca entre populações indígenas. Muitas espécies nativas caíram em esquecimento e desuso e seu resgate poderia contribuir com a preservação destas espécies e de seu ambiente de ocorrência. No capítulo 2, o objetivo foi compreender aspectos sobre o mercado de plantas condimentares no Brasil, com foco nos insumos disponíveis para os produtores e produtos disponíveis ao mercado consumidor. Para a análise do mercado de insumos de plantas condimentares foram analisados os catálogos de 12 empresas que trabalham neste segmento. E para o estudo dos condimentos disponíveis no mercado brasileiro foram analisados os catálogos de 62 empresas que trabalham neste setor no Brasil. 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Das 923 espécies com uso condimentar disponível no Brasil, 499 são nativas do país, entretanto, ainda muitas são subutilizadas. As plantas levantadas foram divididas em 22 categorias de uso. A distribuição das plantas pelo Brasil por estados e biomas reflete de certa forma a biodiversidade de cada região, assim como o número de estudos e coletas realizadas por região. Existem diversas oportunidades interessantes para a exploração econômica destas plantas, faltando entretanto estudos sobre sua composição química e segurança, além de trabalhos sobre seu manejo sustentável e nível de conservação. Neste processo questões referentes a conservação de cada espécie, porte e hábito de crescimento devem ser levadas em conta. Com todos os resultados obtidos, é possível concluir que apesar de bem estabelecida, a cadeia produtiva de plantas condimentares ainda possui algumas limitações, sobretudo no cultivo comercial no Brasil e a exploração de espécies nativas do Brasil. A produção delas ainda é restrita assim como a sua disponibilidade em apenas alguns setores do mercado. Ainda há um enorme potencial para o uso de plantas nativas do Brasil na alimentação humana. Mas seriam necessários estudos referentes a composição, segurança, manejo e produção de cada uma destas espécies, para viabilizar sua exploração sustentável. Este estudo não esgotou o assunto sobre o tema, visto que outras espécies podem ser adicionadas ou retiradas destas listas, de acordo com novos trabalhos que surgirem.
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